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O Calvário das Viúvas da Ocupação – A Estupidez Humana


Sempre gosto de afirmar que durante a Segunda Guerra Mundial, ou qualquer outro conflito, não há bandidos ou mocinhos, isso é uma caricatura simplista e equivocada que não faz parte da análise dos conflitos humanos.

A prova disso é que a estupidez humana sempre está presente. Pode ficar adormecida enquanto houver  imposição para isso, mas quando libertada o homem e a sociedade como um todo, gosta de se vingar, destruir e causar dor sem qualquer tipo de remoço.

Segue abaixo o texto do excelente blog http://www.mdig.com.br/. Também há um grande acervo fotográfico que exibe os motivos de ainda estarmos longe de uma mundo melhor para as futuras gerações.

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Após a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países europeus, milhares de mulheres que tinham relacionamentos com soldados alemães foram expostas a execuções humilhantes e brutais nas mãos de seus próprios concidadãos. Era a “Épuration Légale” (“purga legal“), a onda de julgamentos oficiais que se seguiu à liberação da França e da queda do Regime de Vichy. Estes julgamentos foram realizados em grande parte entre 1944 e 1949, com ações legais que perduraram por décadas depois.

Ao contrário dos Julgamentos de Nuremberg, a “Épuration Légale” foi conduzida como um assunto interno francês. Aproximadamente 300.000 casos foram investigados, alcançando os mais altos níveis do governo colaboracionista de Vichy. Mais da metade foram encerrados sem acusação. De 1944 a 1951, os tribunais oficiais na França condenaram 6.763 pessoas à morte por traição e outros crimes. Apenas 791 execuções foram efetivamente realizadas. No entanto, 49.723 pessoas foram condenadas a “degradação nacional”, que consistia na perda total de direitos civis.

A campanha para identificar e massacrar os colaboracionistas do regime alemão puniu cerca de 30.000 mulheres com humilhação pública, por suspeita de que tiveram ligações ou porque eram prostitutas e se relacionaram com os alemães. Muitas vezes, a coisa toda não passava de briga de vizinhas -uma denunciando a outra como acerto de contas pessoais- ou então uma denúncia vazia de participantes mais ativos que dessa forma tentavam salvar sua pele desviando a atenção de sua cooperação com as autoridades da ocupação.

O caso é que mesmo as pobres que tiveram algum tipo de relacionamento com os soldados e oficiais alemães não tinham culpa, o que elas iriam fazer? Elas eram reféns de um estado ocupado. Mas a ira e a necessidade de encontrar bruxas para caçar não permitia o razoamento, se houvesse um indício qualquer, a coitada tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos sues rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa.

Estas mulheres foram reconhecidas como “nacionalmente indignas” e sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.

Nisso tudo há ainda um aspecto que permaneceu vergonhosamente nas sombras por décadas: as crianças nascidas de soldados alemães. De acordo com várias estimativas, nasceram ao menos 200 mil dos chamados “filhos da ocupação“, mas estes sofreram menos que as mães, quando o governo limitou-se a proibir nomes alemães e o estudo da língua alemã. Entretanto não foram poucos os casos de “filhos da ocupação” que sofreram algum tipo de ataque e segregação.

A perseguição não se limitou a França, quase todos os países do bloco europeu de aliados fizeram o mesmo. Na Noruega, cinco mil moças que deram à luz filhos de alemães, foram condenadas a um ano e meio de trabalho forçado. Quase todas as crianças foram declararas pelo governo como deficientes mentais e enviadas para uma casa para retardados, onde foram mantidas até os anos 60.

Infelizmente não é tudo, a União Norueguesa para as Crianças da Guerra depois declarou que a “desova nazista“, como chamavam estas crianças, foi usada indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de euros. Este valor pode aumentar se a vítima fornecer provas documentais de que tenha sofrido algum tipo de discriminação racial diante do ódio, medo e desconfiança por causa de sua origem.

  1. M moriarty
    01/06/2013 às 9:14 PM

    Eu já ouvira menção dessas barbáries antes, mas como é assunto embaraçoso para aqueles que na história oficial insistem em assumir a pecha de mocinhos, vitimas do que chamam de atrocidades por parte de soldados Alemães, o material é sempre escasso e o assunto não comentado.

    Em nossa cultura sempre cultivamos a ideia que o pior tipo de violência que se pode cometer e dirigida contra as mulheres, não apenas por não terem força ou resistência para reagir, como também pela consciência de que todas são: Esposas, irmãs, filhas e mães, de cada um de nós algo que para os mais civilizados, é intocável, eu diria sagrado mesmo, inconcebível sob quaisquer aspectos, nada o justifica é as nossas vistas crime hediondo imperdoável.

    Mas parece que o conceito de atrocidade dos aliados nesse caso é muito flexível, é mais útil quando serve a propósitos de propaganda mostrando campos de concentração em documentários a fim de justificar as próprias atrocidades e intransigências cometidas, como o bombardeio indiscriminado do território Alemão, visando não a objetivos militares, mas civis, não bombardeios estratégicos como a propaganda aliada alardeava, mas sim terrorismo aéreo em larga escala contra a população civil indefesa.

    O horror passado por essas mulheres é apenas a ponta do iceberg de um assunto muito mais amplo, que os vencedores não querem ver investigado, insistindo que tudo o que deveria ser dito a respeito da II Guerra já foi suficientemente explorado, posição que defendem convenientemente.

    Esse é mais um exemplo da frase que comentamos aqui “Quem controla o passado controla o presente”, mas espero que a incerteza do futuro prevaleça sobre o controle da mentira e a verdade venha à tona em alguma época qualquer mais justa que a nossa.

  2. Alex
    20/07/2013 às 6:39 PM

    Isso sem contar o que o exercito vermelho fez em terras ocupadas pelo alemães, crimes bárbaros que nunca foram julgados ou condenados pelo tribunal de haia! estupros em massa, homicídios, saques ou seja o terror contra a população civil que nada pode fazer ou se defender!!! A verdade virá a tona, pois cedo ou tarde, ela vai aparecer para que todos possam tirar suas próprias conclusões sem serem influenciados pelos chamados de mocinhos!!! Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética!!!

  3. Paulo Afonso Paiva
    12/10/2013 às 3:31 PM

    Caro Chico
    Em escala muito menor, é claro, os petralhas estão tentando fazer a mesma coisa no Brasil. Agora, todo pilantra “lutou contra os tanques na ditadura”. A nação já pagou mais de quatro bilhões de reais para pseudos perseguidos políticos. Cada um recebeu cerca de um milhão de reais, a título de “reparação” e recebem aposentadorias especiais de cerca de vinte mil reais (isentas de imposto de renda). É um crime isso. Há exemplos iníquos: por ex. Norma Bengell (recentemente falecida) foi embora para a Itália, acompanhando o namorado. Pois bem, disse que foi exilada e ganhou atrasados e “Bolsa Ditadura”. “O Pasquim” de Ziraldo e Jaguar fechou porque “todo mundo metia a mão no dinheiro do caixa” (entrevista do próprio Ziraldo na compilação do “Pasquim”. Jaguar disse que “deixou o Banco do Brasil porque no jornal ganhava trinta vezes mais”. Pois estes senhores recebem “Bolsa Ditadura”. Rui Falcão, Lula, Dilma e centenas de outros recebem a bolsa do governo.
    A História é escrita pelos vencedores. Os petralhas querem mudar o currículo das Academias Militares para colocarem o currículo bolivarista deles. Também querem acabar com os Colégios Militares – nichos de excelência escolar – por não aceitarem a ideologia esquerdista.
    Em suma Chico, o que aconteceu na Europa logo após a guerra está querendo, aos poucos, aparecer aqui, sobre a chancela desse governo corrupto.
    Um abraço
    Paulo

  4. marcos kniess
    08/12/2016 às 10:19 AM

    Excelente. A estupidez humana é ilimitada.

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