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A Último de 2015 – Magda Goebbels Morreu em Foz de Iguaçu!


Berlim, abril de 1945. Enquanto as últimas forças da Wehrmacht lutavam desesperadamente para manter o último reduto da Alemanha Nazista, um pequeno avião deixava Berlim para trás. Era o início da fuga da esposa do Ministro da Propaganda do III Reich, Magda Goebbels, rumo a América Latina, mais precisamente para o Paraguai. Magda, deixando de lado os cinco filhos e o marido, decide se salvar da morte certa, apenas com uma das filhas, Holdine Kathrim, por ser sido o fruto de um caso com o próprio Adolf Hitler.

As duas sobreviventes chegam ao Paraguai e Magda Goebbels toma o lugar de uma fazendeira do Paraguai e passa a ser conhecida como condessa Nora Berthé Auguste Maria Friz e Nora Daisy Auguste Emilie Carlotte Friz Kirschner Von Kirschberg, mãe e filha respectivamente.

Logo surge alguns problemas com a identidade das alemãs. Um austríaco, contratado pela DOPS para verificar a nazificação da população de Foz de Iguaçu. Nesse período, Marta era apoiada pelo cônsul do Uruguai, que era ligado ao Partido Nazista. Que na época nem existia mais. Por influência política, inclusive do então deputado Plínio Salgado (como assim, depois da guerra?), o agente austríaco tem seu relatório recusado e ele é expulso do Brasil. Inconformado, o insistente austríaco, algum tempo depois volta, assume a identidade de Gerald Byne a passa a perseguir Berthé e Dayse, por achar que se tratava de Eva Braun e sua filha, fruto do casamento secreto de Hitler. Virou uma drama mexicano.

Só no início deste milênio, a Condessa Nora Dayse, agora uma pobre senhora residente em Foz do Iguaçu, depois de várias consultas com a médica da família Christiane Lopes Pereira para tratar de problemas da saúde, resolve contar sua história. Doutora Christiane, acompanhada de outro médico, Luiz Monteiro Franco, resolvem trazer a luz a incrível história (incrível mesmo) que muda o curso dos acontecimentos na Berlim de 1945. Jesus amado!

Acreditem essa história virou livro, pior ainda, segundo os autores, trata-se de fatos históricos. Eu não culpo os médicos “historiadores”, mas o mercado editorial por dar crédito a uma historieta que beira o ridículo e é facilmente refutada por qualquer pesquisador medíocre. Quais os motivos que levam uma editora a publicar volumes de uma obra baseada em uma história oral não confirmada, como se fosse uma descoberta histórica? Qual o motivo de uma editora investir em uma obra que nitidamente não refuta versão oficial com provas e/ou evidências inquestionáveis, pelo contrário, utilizam apenas jargões e contradições para produzir mais de mil páginas de baboseiras que saíram de uma mente desequilibrada? Os motivos? Simplesmente esse tipo de título vende! E vende muito mais do que qualquer obra séria. É mais lucrativo investir em aventureiros com título mirabolante do que financiar publicações históricas que contribuam com o esclarecimento do passado. Mas, vamos ao que interessa.

Quero analisar alguns trechos da entrevista com o Dr. Luiz Monteiro Franco e já determinar contradições em sua vertigem mirabolante:

  1. O doutor começa com a seguinte história:

Paciente a partir de 2005, Nora Dayse! Chegou dizendo que era condessa alemã. Ela contava uma história longa que os pais dela vieram da Alemanha para o Paraguai. A mãe dela teve um caso com Hitler em 1936, nas Olimpíadas de Berlim. Em 1938, ela teve que voltar com a mãe para a Alemanha para abertura do testamento da avó e não puderam regressar para o Paraguai, pois segundo o médico, a Alemanha estava “sitiada” por causa da guerra. Retornam para o Paraguai em 1946.

                Apenas uma pessoa que não conhece nada da Segunda Guerra Mundial poderia declarar algo assim. Primeiro que não há “sitio” sobre Berlim, pior ainda, não há nem guerra, que viria a ser declarada apenas em 1 de setembro 1939. Mesmo assim, todas as rotas comerciais aéreas e navais estavam abertas. Qualquer pessoa com visto, poderia deixar Berlim em qualquer momento, inclusive os serviços de transportes alemães funcionaram normalmente até abril de 1945, pouco antes da capitulação.

                Com relação ao caso com Hitler. Tudo bem! Não apresentam nenhuma prova histórica ou evidências do fato. Por isso a História Oral baseado em mero testemunho não pode ser o único instrumento do pesquisador para determinar um fato histórico. O testemunho oral deve ser ratificado por outras fontes indubitáveis para confirmar tais testemunhos.

                Se essa senhora diz ser filha de Magda Goebbels, essa história não pode ser verdadeira! Magda estava cercada pela mídia o tempo inteiro nesse período, trata-se da família perfeita do regime, Magda e Joseph Goebbels.

  1. Misturou com Eva Braun e o “Começamos a perceber…”:

Pesquisaram e descobriram que as duas chegaram a Foz do Iguaçu em 1972, vindas de uma viagem pelo América do Sul durante 17 anos, diziam que era uma viagem cultural.

Junto com eles chegou um americano chamado Gerald Pyne. Este americano, que na verdade era austríaco, diz que essas senhoras eram na verdade Eva Braun com a filha.

Então o Doutor fala o seguinte:

“Nós começamos a perceber que as características da mulher que ela falava, e as virtudes, a cultura, tudo aquilo, pertencia a outra nazista, Magda Goebbels”

Como assim? Perceberam! A mulher diz que é uma pessoa, o agente austríaco/americano diz que eram outra, e eles, após “perceber as características, virtudes e cultura” passaram a identificar a mãe dela como sendo Marta? Seria possível considerar essa análise como uma descoberta histórica irrefutável?

Plano Mirabolante: Marta Goebbels toma o lugar de uma pacata fazendeira do Paraguai!

Quando retornaram para o Paraguai, Magda Goebbels assume a identidade dessa senhora que tinha uma fazenda e tinha ido para a Alemanha em 1938, por causa do testamento da mãe e não puderam regressar naquele ano. Era a oportunidade perfeita para que Marta e sua filha tomassem o lugar da paraguaia e vivesse como ela.

Ele afirma: “[…] as características e virtudes totalmente diferente da original. A original era uma fazendeira, voltada para a família, bem simples e religiosa, e a que voltou [da Alemanha] era arrogante, muito culta, muito politizada, pegou o marido da outra enfiou numa casa e nunca mais ninguém viu o sujeito […] e se juntou com o Chefe do Partido Nazista e o Cônsul que era nazista[…]”

Ele disse que o americano apostava que elas eram Eva Braun, mas que depois que eles verificam as “fotos”, as “características” da mulher, nós “fechamos” em Magda Goebbels.

Então, ele passa a mostrar algumas fotos…

Impressionante! Tem que ter muita imaginação para tratar isso com seriedade.

Mas vamos as considerações:

O doutor, inicialmente considera o perfil de uma pessoa rica e com influência, quando ele afirmar que Marta retorna como fazendeira, protegida por diplomatas e outras figuras importantes. O doutor se confunde com datas, ora levando-nos para 1946 e 47, com o Partido Nazista atuando no Paraguai (não entendi que Cônsul ele se refere); ora trazendo um cenário do final da década de 1960, ainda classificando o Plínio Salgado como Integralista, fato que nesse período Plínio, já no final da carreira política, esse movimento não existia há décadas. Não uma versão racional ou sistemática na história.

E no final diz que a filha de Marta viveu até o fim da vida na miséria e podridão. Jô pergunta se há alguém vivo que comprove essa história, a resposta é: “Só pessoas que conheceram a história, hoje na casa dos 70 anos”

Jô Soares fala:

“[…] Essa mulher era uma desequilibrada, seja ela quem for[…] Porque é tão documentada [a morte de Magda Goebbels e sua família] e vasculhada…”

O doutor explica ainda que Hitler realizou um plano de fugir com Magda e que Eva descobriu e, por isso, foi morta no Bunker! E Hitler fugiu no avião para o Paraguai!

Daí por diante a baboseira se torna insustentável! Me recuso a continuar…

Mas Jô, um dos grandes escritores desses país, reconhecendo o tema, desfere um golpe mortal:

“[…] realmente para mim, seria um livro que eu leria como ficção, realmente é um trabalho extensivo[…]”

Isso, apenas extensivo…

Doutores, voltem a clinicar! Em nome da Ciência História!

  1. Martinho Marques Oliveira
    28/06/2016 às 3:49 AM

    Conhecem alguém que serviu na Primeira Companhia da PE de Brasilia em 1969?

  2. 10/09/2017 às 3:41 PM

    Pergunta: o autor deste texto leu os 4 volumes publicados ou apenas assistiu a entrevista no Jô Soares?

    • 10/09/2017 às 5:17 PM

      É preciso ler o livro para refutar uma historieta nesse nível? O próprio autor afirma que sua obra foi realizada através de entrevista oral, então qual o conclusão que posso tirar? É preciso comprar o livro para verificar mais de mil página desse conto? Sim, pois como estudioso do tempo, qual o fato novo que possamos atribuir que sustenta a argumentação do livro, além da narrativa oral? Fotografias?

      Vou escrever sobre Lampião combatendo na Segunda Guerra Mundial, escrever mil páginas sobre isso, se quiser dizer o contrário, tem que comprar a obra! Fica fácil vender livro com base e narrativas mirabolantes.

      Nenhum historiador sério se daria ao trabalho, exceto como Jô colocou, apenas por interesse em contos… Nada mais que isso.

  3. HCIRLU
    21/06/2018 às 8:24 AM

    passaram-se dezesete anos, foi em 2001, quando conheci o casal de médicos fazendo pesquisas na nossa região. como sou leigo neste assunto, acompanhei até hoje o desenvolver deste relato. o que me chamou atenção naquele tempo foi a forma de fazer uma pesquisa. quando faltavam pessoas para relatar um acontecimento, foi pedido o seguinte: vamos fazer um acordo…..

  4. Erian Cabildo
    03/07/2018 às 9:16 PM

    sr. Chico Miranda, leia a saga antes de escrever sobre o que o sr. ignora!!!

    • 04/07/2018 às 11:07 AM

      Novamente, preciso ler mil páginas de uma teoria esdrúxula? Contra todas as teorias de pesquisadores e historiadores consagrados e com a temática sendo revisada e revisitada? Não vou gastar meu dinheiro (creio que seja esse o interesse) com contos sem fundamentação histórica baseada em uma historia oral desapegada da realidade dos fatos.

      Definitivamente, isso é ridículo.

  5. 12/01/2019 às 10:20 PM

    Ilustre picareta ! em nenhum momento no livro está escrito algo nem parecido com o título do seu infundado comentário sobre o livro KBK – você não leu o livro – não conheceu a pesquisa publicada e divulga que Magda Morreu em Foz do Iguaçu – ehehehe vc é um fracasso cara – a historia é fundamentada em relatos e DOCUMENTOS além de entrevistas gravadas, cartas e até mesmo mapas. Não sei qual o seu interesse em denegrir nosso trabalho ou quem está bancando sua página. Magda não morreu em Foz – quem morreu em Foz foi a sua reputação por publicar comentários sobre algo que nem chegou a ler. Ora, é necessário ser culto e ter conhecimento da historia para ser profissional – você é um perigoso líder de apedeutas como é o Lula. Vá estudar e mude de profissão. O livro KBK é para estudiosos e historiadores sérios. A comunidade internacional está apegada a essa pesquisa que ainda não terminou. Jô Soares é um grande comediante e conhecedor da arte dramática mas é radical e politicamente incorreto. Além disso, não leu a historia por que isso não interessa a ele. Jô perdeu uma enorme oportunidade de demonstrar cultura e conhecimento. Uma lástima. Toma jeito cara e vá fazer o que você conhece.

    • 14/01/2019 às 10:43 AM

      Lastimável…

      Me ofendes gratuitamente e queres vender um livro de ficção como se fosse uma verdade histórica sem apresentar qualquer tipo de prova? Eu sou o picareta? Esse BLOG é livre e exerce o direito constitucional de livre expressão. Picareta? Eu? Sei, mas quem ganha vendendo fábulas como História? A História é fundamentada em DOCUMENTOS, exatamente. Não vi vocês apresentarem nada disso no Programa do Jô, a quem acusam, ingratamente, de ser “politicamente incorreto”. Vocês deveriam estudar um pouco mais a História, isso mesmo, com “H”, e parar de ver vídeo no Youtube.

      E não adianta falar para eu comprar o livro de vocês, que não vou comprar. A entrevista já deixou claro o conteúdo e o tipo de “historiadores” que vocês são.

      Forte Abraço

  6. Alexandre Magno de Almeida Santos
    25/02/2019 às 5:59 PM

    Boa Tarde.
    Desculpe, mas você parece bem exaltado.

    Tudo que acerca os mandatários do III REICH, se tornaram mistérios para todas as gerações.

    O casal de médicos, em momento algum atestam como científicos essas pesquisas.

    Entretanto, o bom senso continua valendo e muito. Há juízes renomados que nos revelam que o bom senso vale mais que conhecimento jurídico.

    É sabido de forma clara, notória e popular, que a cidade de Bariloche por exemplo, moraram e ainda moram chefões do III REICH e/ou familiares destes.

    Assim; nos aponte tal absurdo encontrado por vós??

    Outra questão:
    Se realmente este casal de médicos estiverem com intençoes inferiores, isso é um problema consciencial deles e não seu ou de “leitores”.

    Que quantidade é essa de livros que eles venderam e se enriqueceram…??

    Quanta punição moral sem embasamentos e nula positividade.

    Senhor!
    Tenhamos misericórdia.

  7. Diane
    20/01/2020 às 9:19 PM

    Pois eu acredito nessa historia. Gostaria de ler todos os volumes para chegar a uma conclusao. Creio que para muita gente, se Hitler fugiu da Alemanha, interessa encobrir a historia. No documentario “procurando Hitler”, os indicios e provas sao acachapantes, liberadas as informacoes pelo governo americano. Entre homens podres, tudo e’ possivel. Ate esconder a verdade.

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