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A Revolução de 1964: Ponderações Historiográficas!

 Artigo enviado pelo Professor Historiador Alessandro Santos.

No dia 31 de Marco transcorreu-se a comemoração da Revolução de 1964. Nos dias que antecederam e também alguns dias após, recebi uma variedade enorme de textos, onde havia protestos, um embate desenfreado, de um lado, à esquerda atacando e por outro os militares aposentados ou ativos e simpatizantes procurando defender-se de acusações.

A História, não procura certo ou errado, não acusa fatos, não trabalha em cima de relatos infundados, “achismos”. A história realiza analises de vários pontos, se vale de documentos oficiais, utiliza-se de documentários orais e através de uma visão crítica, lógica e o mais próximo possível da verdade, não sofrendo interferências de interesses externos, traz a tona os acontecimentos. Cabe ao historiador mostrar os momentos históricos analisados e deixar ao leitor dentro de seu entendimento e compreensão, tirar suas conclusões.

É fato sabido, para aqueles que não são leigos no assunto, de que esse momento histórico ocorrido em 31 de Março, não foi um fato isolado. As Forças Armadas não tinham em seu planejamento a tomada do poder constituído. Foi sim, uma mobilização articulada pela sociedade, igreja católica e parte dos políticos. Houve também uma forte articulação por parte do governo norte-americano, pois pelo mundo surgiam movimentos contrários ao regime da democracia, que sejam movimentos como o comunismo e socialismo.

Em um período não muito distante o mundo havia vivenciado momentos de miséria, crueldade, destruição, verdadeiras catástrofes, representadas pela Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra mundial, período entre guerras, pós-guerra, esses prenúncios que começavam a surgir, de novos movimentos políticos deixavam as claras os perigos que passavam a rondar a estabilidade mundial. Excetuando algumas regiões e países no mundo, como por exemplo, a União Soviética, China, Coreia do Norte, Cuba, dentre outras, havia uma sintonia, entre os países que haviam optado pela democracia.

Porem as articulações que passaram a ser realizadas, no Brasil, colocaram a ordem em risco. Não que a ditadura fosse a melhor forma de imposição da ordem publica, ou ainda, fosse a melhor forma de se governar, mas devido aos desfechos que estavam ocorrendo seria ainda a melhor solução encontrada para trazer novamente a estabilidade social. Em todas as regiões do país estavam sendo articulados movimentos de esquerda, trazendo como carro chefe o comunismo. Não que esse seria o pior dos regimes a ser adotado, porem já havia sido implantado em varias outras partes do mundo e não havia dado certo, por que no cenário mundial daquele momento e na atualidade é inconcebível pensar todos vivendo dentro de uma igualdade, sem haver diferenças de classes sociais, pois vivemos em um mundo regido pelo capitalismo.

Mesmo nos países que ainda adotam o comunismo, socialismo ou qualquer outro regime que não uma democracia capitalista, acabam vivendo internamente seu regime de governo e externamente o capitalismo. Voltando a revolução de 1964, com os prelúdios da desestabilização social e a organização de um regime de esquerda, a sociedade e demais entidades apoiam a tomada do poder pelas Forças Armadas.

Logicamente que por se tratar de uma nação ainda prematura, pela falta de experiências políticas, pelos interesses contraditórios da esquerda, haveria embates. Para se organizar e trazer a estabilidade social, deveriam ser desarticulados grupos contrários, caso isso não ocorresse, ficava impossibilitado atingir tal objetivo.

Alguns excessos com certeza acabaram ocorrendo, pois o momento exigia o trato com energia, com rispidez, o que acabou canalizando para alguns erros. Porem, se realizarmos analises entre erros e acertos, os pontos positivos são muito maiores, basta realizar entrevistas com a sociedade que viveu esses momentos da nossa história. Reitero aqui minha nulidade de opinião, mas a própria sociedade tem uma visão muito positiva, pois é a grande massa social que sente as mudanças ocorridas dentro de um Estado.

Porem, nos textos que recebi em sua grande maioria, foi de provocação, de repudio, aos acontecimentos de 31 de marco de 1964, acusando os militares de torturadores, agredindo pessoas idosas que tanto contribuíram pela estabilização e progresso do país. Como já citei acima, excessos ocorreram, por parte das Forças Armadas, fato esse admitido por militares que vivenciaram aqueles momentos.

Mas cabe aqui uma profunda reflexão, se os regimes como comunismo fossem tão vantajosos, não teriam eles resistido?, Regimes como Nazismo, Fascismo e tantos outros “ismos” se fossem articulados pensando no bem social, não estariam eles regendo as sociedades pelo mundo todo na atualidade?. O movimento comunista que estava sendo articulado aqui no país, agiu de forma tão transparente que invadiam quartéis, matavam pessoas inocentes, provocavam atos de vandalismo e tantos outros aspectos que poderiam ser citados.

O que preocupa não são as manifestações, mas sim que as faz e como são feitas. Pois as criticas foram somente canalizadas como se os erros fossem cometidos apenas de um lado da história. Existe uma comissão, chamada comissão da verdade, onde esta sendo reivindicada a abertura documental desse período, no que se refere aos militares, o que seria muito interessante. Porém seria mais interessante ainda uma abertura documental e simpósios sobre as formas de atuação da esquerda comunista daquele momento.

Ou seja, uma revisão historiográfica, onde fossem debatidas as atuações de ambos os lados. Somente dessa forma teríamos protestos fundamentados, não como foram vistos em data recente, onde jovens sem conhecimento de causa, facilmente manipulados, pobres ignorantes, mentes canalizadas e dominadas, domesticados para praticar atos vergonhosos como aqueles presenciados no dia 29 de março na Cinelândia na cidade do Rio de Janeiro.

Incrivelmente lamentável é ver uma camada da nossa juventude que insulta verdadeiros heróis que foram os militares participantes da Segunda Guerra Mundial, outros que lutaram e deram suas vidas para reestabelecer e manter a ordem social e ordenar um desenvolvimento econômico nacional. Esses mesmos, donos dessas atitudes, são aqueles que juntamente com Pedro Bial denominam e intitulam os participantes de um programa de tão baixo padrão, como o Big Brother, de “heróis”.

Não quero me colocar como conservador, de direita ou esquerda, mas com esse tipo de inversão de valores fica claramente evidenciada uma involução, onde compromete-se toda uma sociedade. Pois em pouco tempo, são esses que estarão em salas de aula, conduzindo ensinamentos errôneos, descomprometidos, estarão representando a sociedade em funções políticas, na área jurídica, enfim, estarão infestando a sociedade com suas manifestações infundadas, sem mesmo saber o porque do suas reivindicações.

“Uma nação sem cultura se torna escrava da sua própria ignorância”.

Polícia do Exército em 1964

 

Bibliografia

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