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A União Soviética Invade a Polônia e Ninguém Diz Nada!


A Segunda Guerra Mundial sempre será objeto de estudo de professores, estudantes, pesquisadores e entusiastas em vários aspectos, o motivo principal é que o período fascina pela complexidade.  Um repositório de fatos que se não for tratado com a devida clareza, dará margens para dúbias e constrangedoras inverdades históricas. De certo que nem sempre será possível atingir esta clareza, pelo contrário, as especulações e interpretações são ferramentas de estimulo ao estudo do período, mas é necessário critério e, principalmente, sensatez ao especular fatos, já que a ideologia contamina e torna tendenciosa a análise dos fatos relacionados a este conflito que permeia a mente humana há mais de 70 anos.

Não por acaso, a eclosão da guerra em setembro de 1939 foi apenas o estouro de uma bomba relógio ativada assim que o Tratado de Versalhes foi assinado. Falando sobre isso, Hans von Seeckt, um dos mais proeminentes militar da Alemanha e o idealizador da utilização de Blindados, declara: “aceitamos uma paz de 20 anos” (LIDDELL HART, 1980), e exatamente 20 depois, a guerra volta a assombrar o Velho Continente. Não poderia haver profecia mais segura.

01 de setembro de 1939 a Alemanha inicia a invasão da Polônia. Aviões alemães atacam a cidade polonesa de Wielun, matando cerca de 1.200 pessoas. São as primeiras vitimas de milhões que estariam por vir. A principal característica dessa invasão era a certeza de que a Alemanha estaria com as fronteiras da própria Polônia, a leste, assegurada por um esdrúxulo tratado de não-agressão com a União Soviética, portanto militarmente, já se estabelecia o cenário a ser imposto por Stálin e Hitler para a Polônia. O tratado colocava no mesmo lado inimigos naturais aquela altura. A União Soviética, poucos meses antes, tentaram um acordo com as potências ocidentais contra a própria Alemanha, mas que não foi estabelecidas graças as chamadas “zonas de influência” (frase muito utilizada durante o pós-guerra), e a liberdade da União Soviética de entrar com tropas em território polaco e nos Estados Bálticos, caso se sentisse ameaçada.

Em 23 de agosto de 1939 o Pacto Molotov-Ribbentrop é assinado e o mundo não entende como dois sistemas de governo antagônicos e de ódio mútuo poderiam agora selarem a paz. Mas a profundidade das negociações eram muito mais acentuadas do que a composição ideológica dos regimes. O tratado foi negociado já levando em consideração as áreas de influência (os aliados não aceitaram, mas o regime de Stálin e Hitler souberam negociar essas áreas), dividindo os países Bálticos, România e a própria Polônia a partir das intervenções militares que estariam por vir. E aconteceu!

 Quando a invasão teve início todos aguardavam uma resposta contundente da Inglaterra e França. A própria Alemanha mobilizou Divisões da Wehrmacht para a linha Siegfrield esperando uma ofensiva francesa que nunca chegou. No dia 03 de setembro, após o ultimado, a França e a Inglaterra declaram guerra a Alemanha. A batalha na Polônia prossegue e o Exército polonês tenta desesperadamente manter a defesa do país. O governo polaca clama pela intervenção dos aliados. A Inglaterra prepara um Força Expedicionária, enquanto a França não se entende quanto o emprego do seu Exército e resolve estacionar nas suas próprias fronteiras protegidos pela Linha Maginot.

O que realmente intriga e é objeto de questionamento por parte dos adeptos pró-Alemanha no estudo da Segunda Guerra, ocorre quando a União Soviética invade a Polônia dia 17 setembro, ou seja, 14 dias após a Declaração de Guerra contra a Alemanha, mas nem mesmo cessam as relações diplomáticas entre os aliados e os soviéticos.

Vamos argumentar alguns perspectivas para fornecer o cenário dessa situação inicial da guerra.

Primeiro a União Soviética sustenta que invadiria a Polônia para proteger os bielorrussos e ucranianos estabelecidos na fronteira russo-polonesa. Esse embasamento foi divulgado através de telegramas as embaixadas da Alemanha, Inglaterra e França1 em 10 de setembro, em seguida,  no dia 17, o governo da Polônia também é informado2. O que podemos observar é que, apesar de encobertar as suas verdadeiras intenções, o governo soviético tenta justificar a ação.

Enquanto a reação dos aliados frente a atitude soviética?

Politicamente o governo francês passava por um quase ridículo momento, e o presidente Albert Lebrun não conseguia um acordo nem mesmo para mobilizar seu exército. Uma declaração de guerra a União Soviética era injustificável politicamente e o governo francês não tinha condições internas para fazê-lo. Enquanto a Inglaterra mobilizou e enviou suas tropas para o continente, mas não poderia declarar guerra contra a União Soviética, tendo em vista que aquela altura não poderia contar com apoio francês. As justificativa soviética e as dificuldades de lutar contra dois grandes países por um Estado que, aquele momento, já não subsistia, era considerado como impensado. Tudo isso somado ao receio de Chamberlain de eclodir o mesmo cenário da Grande Guerra.

Do ponto de vista militar e político em nada acrescentaria a declaração de guerra, pelo contrário, o cenário diplomático ainda tentava atuar para evitar que o conflito se estendesse. Com isso, podemos concluir que, dado as condições da política interna da França e o perfil hesitante do Primeiro-ministro Chamberlain, é claro que a declaração de guerra contra os soviéticos foi cogitada mas nunca levado à cabo. Todos temiam que o guerra se estendesse, mas em 17 de setembro de 1939 aquilo já era inevitável.

1. The Avalon Project, Yale Law School. Supostamente de 14 de Novembro de 2006.

2. (Nota do governo soviético para o Governo polaco em 17 de Setembro de 1939, recusada pelo Embaixador polaco Wacław Grzybowski). obtido q 15 de Novembro de 2006; Degras, pp. 37–45.

  1. Richard
    08/09/2013 às 4:15 PM

    Concordo contigo que em relação a este acontecimento, pouco se fala, mas e a invasão da China pelo Japão antes do inicio da Segunda Guerra mundial.
    Não estão no mesmo patamar?

  2. Gei
    29/05/2014 às 9:47 PM

    Sua biba.

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