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O bombardeio das cidades alemãs pelos Aliados pode ser considerado um crime de guerra?


Lutando contra os nazistas, os países aliados devastaram cidades alemãs com ataques aéreos indiscriminados. Foi o que aconteceu em fevereiro de 1945, na cidade de Dresden, quando um bombardeio matou pelo menos 35 mil civis. Existem especulações que chegam a triplicar esse número e classificam o episódio como a mais sangrenta ação bélica contra uma população civil de toda a história. Afinal, até que ponto o massacre era justificável? Historiadores contemporâneos dividem divergem opiniões.

SIM

Jörg Friedrich – Historiador Alemão e autor do livro “Der Brand” (o incêndio. Ed. Record). Sobre a destruição das cidades alemãs pelos Aliados.

Cerca de meio milhão de civis alemães foram mortos durante a segunda guerra mundial. A maioria deles, entre setembro de 1944 e março de 1945, em ataques táticos (que têm como objetivo real atingir tropas e os equipamentos militares) e estratégicos (que podem focar alvos puramente civis para, com isso, baixar a moral do inimigo e minar sua vontade de resistir).

 Para os alemães, porém, era impossível saber se enfrentavam um bombardeio tático ou estratégico. Na prática, ambos eram realizados da mesma forma: por meio de ataques aéreos que, inicialmente, despejavam explosivos de alta potência e, em seguida, bombas incendiárias. As primeiras explosões destruíam telhas e janelas  e, facilitaram a ação de artefatos incediários. As crateras que surgiam nas ruas eram tão grandes que impediam a chegada dos caminhões dos bombeiros. Em poucos minutos, a população se via presa em um oceano de fogo.

 O objetivo dos bombardeios nunca era de destruir alvos individuais, mas criar ao máximo possível zonas de devastação no centro da cidade-alvo. Geralmente, os bombardeios eram caracterizados por suas ações: ataques táticos contra transportes e ataques progressivos à moral pelo uso de bombas incendiárias e de alto teor explosivo. Ou seja, se as estações ferroviárias eram o alvo, por exemplo, as cidades em redor também queimavam. Essa explicação para a desconcertante estimativa de que, nos primeiros meses de 1945, mais de mil alemães eram mortos por dia pelos Aliados.

 Não cabe aos historiadores fazer julgamentos. Os britânicos que defenderam os bombardeios utilizando a necessidade militar como legitimação fazem um julgamento que contradiz, diretamente, os veredictos do Tribunal de Nuremberg . Os generais nazistas utilizaram a necessidade militar como justificativa para seus atos, mas a Corte decidiu que isso não era desculpa. As salvas das metralhadoras alemães contra judeus, poloneses ou russos eram um crime de guerra porque os civis não são um alvo militar. As mortes de civis causadas pelos pelo bombardeio aéreo são diferentes porque a munição que os matou viajava na vertical, e não na horizontal?

 A supressão da Alemanha nazista e, consequentemente, dos horrores do Terceiro Reich, deve muito mais às campanhas em terra do que às cidades bombardeadas. O que o ataque aéreo fez foi suprimir a proteção aos civis, um princípio que data de séculos. Não podemos encará-lo como uma simples estratégia bélica. Winston Churchill deus três objetivos aos bombardeios: “devastar, aniquilar e massacrar”. Foi exatamente o que aconteceu

NÃO

Robin Neillands  – Historiador britânico autor de diversos livros sobre a Segunda Guerra, entre eles The Bomber War (A guerra dos bombardeios)

A ofensiva aérea Aliada não pode ser considerada um crime, mas um ato de guerra legítimo num conflito deflagrado pela Alemanha. A morte de civis era inevitável – e obviamente lamentável – mas não criminosa. Qualquer alegação em contrário é uma tentativa de minimizar a culpa alemã e de introduzir a noção da equivalência. Tal argumento fracassará. O bombardeio aéreo e Auschwitz não são a mesma coisa.

 Em 1934, a Alemanha retirou-se da Conferência de Desarmamento de Genebra, após negar o apoio à proposta britânica de banir o bombardeio aéreo. Hitler acreditava que na guerra vindoura , como nas quatro guerras anteriores iniciadas pela Prússia ou pela Alemanha desde 1860, a destruição afligiria somente outras nações, enquanto o solo germânico permaneceria intacto. A escala que levou ao bombardeio de cidades inclui a destruição da Guernica por aviões alemães, em 1936, e o bombardeio alemão de Varsóvia e Roterdã, em 1939 e 1940. Quem sustenta que essses ataque tinham objetivos táticos de apoiar as forças em terra, pode perguntar o que os alemães estavam fazendo na Espanha, Polônia e Holanda senão travando uma guerra agressiva contra nações mais fracas e civis indefesos. Os alemães acreditavam que poderiam bombardear cidades européias, matando milhares de civis, sem retribuição?

 Se a morte de civis por meio de bombardeios aéreo é um crime de guerra, quantos precisam morrer antes do ultraje moral? 60 mil? 600 mil? Um? Citar números é um jogo perigoso. E que tal comparar o assassinato desses civis alemães ao total de 6 milhões de judeus mortos nas mãos dos nazistas? Lamuriar o bombardeio não silenciará os gritos vindos das câmaras de gás.

 A criminalidade também requer intenção. A ofensiva aérea nunca teve civis como alvos; o objetivo era atingir o moral nazista, por meio da destruição de casas e fábricas. A moral do inimigo é, sem dúvida, um alvo legítimo e a maioria dos mortos eram operários de guerra. Por que é legítimo matar alguém usando uma arma e é um crime matar quem fabrica essas armas?

 Por fim, não se deve esquecer que se tratava de uma guerra. Em 1939, a Alemanha deu início a uma guerra racista e genocida para escravizar a Europa e eliminar quem os nazistas julgavam indesejáveis. O sofrimento do povo alemão é responsabilidade do regime por ele apoiado, não dos que lutaram para dar cabo a essa tirania. A Europa, especialmente moderna, e a Alemanha democrática têm um débito com Winston Churchuill, Arthur Harris e os galantes homens do Comando de Bombardeio da Real Força Aérea Britânica.

Fonte BBC

  1. RUDOLF HIMM
    04/06/2011 às 3:40 PM

    Evidente que o vencedor sempre encontra argumentos para a morte de civis e todos aplaudem ! No caso do perdedor ele era um genocida. Quanta palhaçada !

  2. emer jkl
    29/12/2012 às 3:35 PM

    A alemanha deveria experimentar a bomba H de 100 megatons, varias delas, acharam que ia ficar de graça? É a lei de Talião!

  3. Marcelo Amman
    03/02/2014 às 9:30 AM

    RUDOLF HIMM :
    Evidente que o vencedor sempre encontra argumentos para a morte de civis e todos aplaudem ! No caso do perdedor ele era um genocida. Quanta palhaçada !

    Concordo em gênero, número e grau com você Rudolf Himm. O que os “Aliados” e Judeus fizeram com os alemães e japoneses na IIGM não há explicações. A guerra é contada pelos vencederes… nunca pelos perdedores. Deutschland fur immer!!!

  4. Nicolau
    11/12/2014 às 8:19 AM

    Os assassinos democratas anglo-americanos assassinaram milhões de alemães e arrasaram as cidades alemãs! Esses bandidos democratas-humanistas até hoje dão moral para o mundo, quando na verdade eles deveriam, ser enforcados em praça pública!

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