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Archive for 06/03/2012

Luger – Uma das Armas Mais Famosas da História

A pistola semiautomática alemã Luger P-08 (também conhecida como Parabellum) é um daqueles objetos que acabam por habitar o subconsciente coletivo. Assim como o Cadillac 1959 “rabo-de-peixe”, a Mona Lisa de Da Vinci ou, ainda, a logomarca da Coca-Cola, a silhueta dessa arma tornou-a não apenas inconfundível mas também um ícone que consegue invocar inúmeras imagens que vão do arrogante oficial prussiano com seu capacete de espigão da I Guerra Mundial, passando pelos cruéis oficiais nazistas do segundo conflito chegando até os vilões de filmes de espionagem de James Bond.

Seu desenho peculiar, caracterizado por linhas agressivas sua empunhadura de ergonomia jamais igualada e seu mecanismo ímpar (a ação de “joelho”), contribuíram muito para criar a aura lendária que a cerca, e serviram para consa grar a Luger tanto entre os Colecionadores quanto entre os leigos. Essa impressão duradoura sempre a acompan-hou praticamente desde o seu surgimento, em 1899, tor-nando-a um dos grandes sucessos comerciais da história: foi fabricada continuamente até 1945, totalizando mais de 4 milhões de exemplares em cerca de 170 versões diferen tes por cinco fabricantes (DWM, Erfurt, Simson, Mauser e Krieghoff), apenas na Alemanha, que a utilizou extensa-mente nas duas guerras mundiais.

No primeiro terço deste século foi a pistola mais bem sucedida comercialmente, sendo adotada como arma regulamentar de vários países (Suíça, Brasil, Portugal, Bulgária, Rússia, Holanda, Tailândia, Estônia, etc.), bem como comercializada no mercado civil com sucesso nos cinco continentes.

É justamente em razão do respeito devido à sua história, que a pistola Luger será estudada nessa seção com o devido cuidado e atenção, buscando fornecer aos iniciados e iniciantes um panorama de seu uso pelas forças armadas germânicas, principalmente pela Luftwaffe na II Guerra Mundial.

A Luger foi projetada pelo engenheiro austríaco Georg Luger (1849-1923) entre 1898-1899, enquanto trabalhava como projetista da DWM (Deutsche Waffen und Munitionfabriken – Fábrica Alemã de Armas e Munições). Tomando como ponto de partida um produto anterior da mesma empresa, a pistola Bochardt C-93 – tida pelos estudiosos como a primeira pistola semiautomática do mundo – Luger aperfeiçoaria seu projeto, tornando-a muito mais portátil e prática de se manusear.

Lançada oficialmente em 1899, e chamada simplesmente “Pistole 1900, estava disponível inicialmente apenas no calibre 7,65mm Luger (ou 7,65mm Parabellum), uma munição de alta velocidade e grande precisão, mas de poder de parada apenas moderado.

Outras características eram o cano de 120mm (4.75 po-legadas), as manoplas de acionamento do ferrolho em for mato côncavo (conhecidas do Brasil como “orelha cortada”) e uma tecla de segurança na empunhadura, que impedia o disparo se a arma não estivesse corretamente empunhada. Seu sucesso foi quase imediato, sendo adotada ainda em 1900 pelo exigente Exército da Suíça, o que serviu de excelente propaganda.

Nos anos seguintes vários aperfeiçoamentos foram feitos à medida que a arma foi se popularizando. O primeiro e mais importante seria a introdução de um calibre mais potente e que estaria destinado a se tornar o mais difundido calibre militar da história: o 9mm Luger (ou 9mm Parabellum) – que conjugava perfeitamente precisão velocidade e poder de parada. Junto do já mencionado 7,65mm Luger, estes seriam os dois únicos calibres empregados pela Luger ao longo de sua história.

Outras alterações ocorreram nas manoplas de acionamento do ferrolho (agora integrais e completamente zigrinadas) mola de recuperação, extrator, gatilho e guarda-mato, chegando-se a uma versão definitiva em 1906 – pelo que este modelo seria designado Modelo 1906 e que seria adotado, como visto, por inúmeros países, entre eles o Brasil, que adquiriu 5.000 pistolas em calibre 7,65mm e outras 500 em calibre 9mm e que permaneceram em uso no Exército até 1937.

Curioso mencionar que o nome da pistola nunca foi, oficialmente, “Luger”. O fato é que foram os americanos – cujo mercado consumidor absorveria grandes quantidades desta arma até a década de 1930 – que passaram a chamá-la assim e o nome ficou. Outra denominação comum é a palavra latina “Parabellum” (para a guerra), que era o endereço telegráfico da DWM – daí a origem do nome pelo qual ficaria conhecida no Brasil: “pa rabelo” ou “parabéu”, muito comum nos sertões e interior do nosso País.

O acabamento das Lugers, tanto para o mercado civil quanto para as forças militares era primoroso. Utilizando uma oxidação chamada “à boneca” ou “à frio”, estas pistolas adquiriam uma tonalidade escura mas de fundo azul, com as partes pequenas (gatilho, alavanca de desmontagem e trava de segurança) recebendo tratamento diferenciado, e ganhando um tom amarelado ou “champanhe”. A madeira empregada nas talas de empunha dura (completamente zigrinadas) e base do carregador eram confeccionadas em ótima nogueira.

Fonte: http://www.luftwaffe39-45.historia.nom.br