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Archive for 19/03/2012

Submarinos da Segunda Guerra Vistos Por um Ângulo Diferente

Submarinos Aliados e da Alemanha vistos de uma forma diferente. Segundo a perspectiva de quem estava dentro dele.

O Guardião de Pistóia

 Belissíma crônica escrita pelo exímio Paulo Afonso Paiva. Minhas recomendações e meus agradecimentos a História do nosso País. Se nosso Brasil tivesse mais consciência histórica talvez a honra e o respeito de nossa gente fosse diferente.

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    O  GUARDIÃO

       Paulo Afonso Paiva

              No dia 3 de maio de 1945 os sinos na Itália tocaram a manhã toda: a guerra acabou, a guerra acabou… Enquanto aguardavam transporte para o Brasil, os soldados ficaram encarregados da segurança em Turim e outras cidades próximas. Um pracinha foi chamado ao Comando:

              – Sargento, você vai ficar tomando conta do nosso Cemitério em Pistóia. Em breve, será substituído.

     Assim, todas as manhãs ele içava a bandeira do Brasil às oito da manhã e a arriava ao pôr-do-sol, dia após dia. Após dobrar a bandeira com todo cuidado, segurava-a na mão esquerda, colocava a boina na cabeça e ficava ereto. Bradava em voz alta:

    – Cerimonial sentido! Em continência, um !

           Após três segundos, outra ordem:

           – Dois!

          Fazia uma meia-volta e dirigia outro brado, desta vez para o vazio:

         – Boa noite!

  Passou-se o tempo e veio a notícia: seu serviço fora ampliado por mais cinco anos. Que agüentasse: alguém teria que tomar conta do Campo Santo. Ele ficou, mas nunca veio a substituição e a saudade de casa aumentava. Após quinze anos resolveram trasladar os restos mortais dos pracinhas para o Rio de Janeiro. Ele vibrou: iria retornar! Terminado a transferência informaram-lhe que fora designado para encarregado do Monumento Votivo em que se tornara o antigo cemitério.

         Nesse ínterim ele conheceu uma moça, e constituiu família, mas jamais esqueceu sua terra. Durante quase sessenta anos nunca deixou de hastear a bandeira no horário previsto, nem mesmo quando a neve quase que o impedia de abrir a porta do Monumento, no inverno.

         Um dia após o término da singela cerimônia, em vez de guardar a bandeira numa gaveta, como sempre fazia, levou-a para casa. Estava cansado, muito cansado. Naquela noite ao se recolher para dormir, colocou-a ao seu lado, com a boina por cima. Em algum momento acordou, ou pensou que havia acordado. Apanhou a bandeira e a boina e saiu de casa. Entretanto, alguma coisa acontecera. Não reconheceu os arredores. Estava num local com muito verde e pássaros, mesmo sendo inverno. De onde veio aquilo, perguntou a si mesmo. Depois de algum tempo notou que havia um vulto a sua frente. Soube o que tinha de fazer e o fez:

          – Sargento Miguel Pereira, da Força Expedicionária Brasileira, se apresentando. Cerimonial encerrado, boa noite!

         O vulto lhe falou de forma gentil, enquanto recebia a bandeira que lhe era oferecida:

        – Seja bem-vindo, Guardião.

        Então o homem sorriu e sentiu que finalmente voltara para casa.

Os Navios Brasileiros Torpedeados – Terceira Parte

           O Navio “Cabedelo” consta nos anais ter sido torpedeado pelo submarino italiano Leonardo Da Vinci, entretanto o Almirante Saldanha, pesquisando junto ao Almirantado italiano, não obteve esta confirmação. Originalmente, esta embarcação se chamava “Préssia” e foi comprado na Alemanha, pertencendo ao Lóide Brasileiro e tinha 3.557 toneladas, e seu comandante era o Capitão Pedro Veloso da Silveira, e sua tripulação era composta por 13 oficiais, 3 suboficiais e 37 marinheiros, totalizando 54 homens.

             Ele partiu da Filadélfia, nos Estados Unidos com destino ao porto brasileiro que lhe deu o nome, mas não completou a viagem. Desaparecido a mais de um mês, fez com que o Itamaraty entrasse em contato com a embaixada em Washington, e esta com o Departamento de Marinha Mercante em busca de informações sobre o paradeiro da embarcação.

             Nada foi informado e, consta que viajando ao largo das Antilhas, transportando uma carga de carvão, na posição 16ºN e 49ºW no dia 25 de Fevereiro, cruzou com o submarino italiano sob comando do Capitão Longanesi-Catani, que o atacou não deixando sobreviventes.

Navio Olinda

              O torpedeamento do Navio “Olinda” provocou muitos protestos do governo brasileiro. Ele viajava com a nossa bandeira pintada no casco e fartamente iluminado e, no dia 18 de Fevereiro de 1942 e recebeu tiros de canhão provenientes do submarino alemão U-432 que, por ordem do seu comandante Heinz Otto Schultz,  havia submergido.

             Todos os tripulantes foram recolhidos ás baleeiras, e o comandante do submarino o fez atracar o mesmo à baleeira de seu comandante Jacob Banemond, o intimando a ir a bordo da nave agressora em companhia do radio telegrafista e, em inglês foram submetidos a interrogatório sobre a carga e os papéis do navio. Após o término, foram fotografados e levados de volta à baleeira.

             Os náufragos chegaram às parais americanas e, quando perguntados, afirmaram com toda a certeza tratar-se de um submarino alemão, pintado de cor escura, cujo tamanho se comparava aos três submarinos comprados na Itália pelo Brasil.

             Este ataque levou o Chanceler Oswaldo Aranha, a formular veementes protestos através de Portugal, país encarregado de tratar os assuntos brasileiros junto ao III Reich. Em 11 de Março de 1942, foi assinado o decreto Lei nº 4.166, que dispunha “sobr indenizações devidas por atos de agressão contra bens do Estado Brasileiro e contra a vida e bens de brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil”.

             De nada valeram essas e outras sanções, pois os torpedeamentos se sucederam em ritmo acelerado, cortando as nossa comunicações marítimas e aumentando dia a dia o números de vítimas indefesas.

Navio Olinda

                                                                    

              O Navio “Arabutã(Arabutan)”, partiu do Porto de Norfolk e, ao passar a cerca de 80 milhas só babo Hatteras, na Carolina do Norte, com uma carga de carvão destinada à Central do Brasil, recebeu o impacto de torpedo disparado pelo submarino alemão U-155, sob comando do Capitão Adolf Cornellios Piening.

             A tripulação brasileira, sob o comando do Capitão Aníbal Prado, era composta de 51 homens, dos quais um faleceu, o enfermeiro de bordo Manoel Florêncio Coimbra, atingido pela explosão do torpedo.

             Após o navio ser atingido, o submarino submergiu para assistir ao macabro espetáculo da tentativa de salvamento da tripulação e, depois de dar a volta inteira ao redor dos barcos de salvamento em marcha lenta retirou-se. O Navio “Arabutã” afundou em vinte minutos.

Navio Arabutã