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Eu Comandei o Ataque a Pearl Harbor

“Desejamos que o senhor comande a nossa força aérea, na hipótese de atacarmos Pearl Harbor”.

Fiquei quase sem fôlego. Eram fins de setembro de 1941 e, se a situação internacional continuasse a agravar-se, o plano de ataque teria de ser executado em dezembro. Não havia tempo a perder para essa importantíssima missão.

Em meados de novembro, após o mais rigoroso treinamento, foram levados os aviões para bordo dos respectivos porta-aviões que, a seguir, aproaram para as ilhas Curilas, viajando isolados e seguindo rotas diferentes para não despertar atenção. Depois, às seis horas da manhã, uma manhã escura e nublada, em 26 de novembro, nossa força-tarefa de 28 navios, incluindo seis porta-aviões, deixou as Curilas.

O Vice-Almirante Nagumo comandava a Força de Ataque a Pearl Harbor. As instruções por ele recebidas, diziam: “No caso de as negociações com os Estados Unidos chegarem a conclusão satisfatória, a força-tarefa retornará imediatamente à pátria”. Desconhecendo o fato, entretanto, as tripulações, lançando o que talvez fosse seu último olhar ao Japão, gritavam: “Banzai!”. Podia-se perceber seu ardente entusiasmo e espírito combativo. Malgrado isso, eu não podia deixar de alimentar dúvidas quanto à confiança com que o Japão se lançava à guerra.

Nossa rota devia passar entre as ilhas Aleutas e a Ilha de Midway, de maneira a ficar fora do alcance de patrulhas aéreas americanas, que, em alguns casos, segundo se supunha, abrangiam uma extensão de 1.000 quilômetros. Enviamos à frente três submarinos para informar da presença de quaisquer navios mercantes, a fim de podermos alterar a rota e evitá-los. Mantínhamos um alerta permanente contra submarinos americanos.

Nossos rádios permaneciam em absoluto silêncio, mas ouvíamos as transmissões de Tóquio e Honolulu procurando alguma palavra sobre o início da guerra. Em Tóquio, uma conferência de coordenação do governo e do Alto Comando esteve em sessão, diariamente, de 27 a 30 de novembro, para discutir a proposta feita pelos EUA no dia 26. Chegou-se à conclusão de que a proposta era um ultimato destinado a subjugar o Japão e a tornar a guerra inevitável, mas que se deveria insistir nos esforços pela paz até o último momento.

A decisão a favor da guerra foi tomada na Conferência Imperial, realizada a 1º de dezembro. No dia seguinte, o Estado-Maior Geral deu a ordem: “O dia do ataque será 8 de dezembro (7 de dezembro no Havaí e nos Estados Unidos)”. A sorte estava lançada: rumamos diretamente para Pearl Harbor.

Por que foi escolhido aquele domingo para o ataque? Porque estávamos informados de que a Esquadra Americana regressava a Pearl Harbor nos fins de semana, após um período de instrução no mar. E também porque o ataque deveria ser coordenado com nossas operações em Malaca, onde estavam previstos ataques e desembarques aéreos para a madrugada naquele dia.

De Tóquio foram-nos retransmitidos relatórios do Serviço de Informações sobre atividades da Esquadra Norte-Americana.

7 de dezembro (6 de dezembro, hora do Havaí): “Não há balões nem redes antitorpedos em torno dos encouraçados fundeados em Pearl Harbor. Todos os encouraçados estão na baía. Não há indicações, na atividade do rádio inimigo, de que estejam sendo feitos vôos de patrulha oceânica na região do Havaí. O Lexington deixou o porto ontem. Supõe-se que o Enterprise também esteja operando”.

Nessa ocasião é que recebemos a mensagem do Almirante Yamamoto: “O apogeu ou declínio do Império depende desta batalha; todos devem dar o máximo de seu esforço no cumprimento do dever”.

Estávamos a 230 milhas do norte de Oahu, onde está situada Pearl Harbor, pouco antes do alvorecer do dia 7 de dezembro (hora do Havaí), quando os porta-aviões manobraram na direção do vento norte. A bandeira de combate tremulava no topo de cada mastro. O mar estava muito agitado, o que nos fez hesitar quanto à decolagem no escuro. Achei que era viável. Os conveses de vôo vibraram com o ronco dos motores dos aviões acabando de aquecer.

Uma lâmpada verde foi agitada em círculos. “Decolar!”. O rugido do motor do primeiro caça foi crescendo até que ele se elevou no ar, são e salvo. Havia grande aclamação cada vez que um avião decolava.

Dentro de 15 minutos, 183 caças, bombardeiros e torpedeiros tinham decolado dos seus porta-aviões e estavam entrando em formação no céu ainda escuro, guiados apenas pelas luzes de sinalizações dos aviões-guia. Após circularmos por cima da esquadra, tomamos a rota sul, para Pearl Harbor. Eram 6:15 h.

Sob meu comando imediato, havia 49 aviões de bombardeiro horizontal. À minha direita, e um pouco abaixo, estavam 40 aviões torpedeiros, à minha esquerda, cerca de 200 metros acima, 51 bombardeiros de mergulho; protegendo a formação, havia 43 caças.

Às 7:00 h calculei que deveríamos chegar à Oahu em menos de uma hora. Mas, voando por cima das espessas nuvens, não víamos a superfície do mar e, portanto, não podíamos controlar nossa deriva. Liguei o radiogoniômetro para a estação de Honolulu e não tardei a ouvir música. Girando a antena, encontrei a direção exata de onde vinha a transmissão, e corrigi nossa rota. Tivéramos uma deriva de cinco graus.

Ouvi então um boletim metereológico de Honolulu: “Nublado em parte, principalmente sobre as montanhas. Boa visibilidade. Vento norte, dez nós”.

Que sorte a nossa! Não se poderia ter imaginado situação mais favorável. Devia haver brechas nas nuvens, sobre a ilha.

Cerca de 7:30 h as nuvens se abriram de repente e apareceu uma longa linha branca de litoral. Estávamos sobre a extremidade norte de Oahu. Era a hora de desdobrarmos a nossa formação.

Chegou um relatório de um dos dois aviões de reconhecimento que tinha ido à frente, dando a localização de dez encouraçados, um cruzador pesado e dez cruzadores leves. O céu ia ficando mais limpo à proporção que avançávamos para o alvo, e comecei a estudar nossos objetivos com auxílio do binóculo. Os navios estavam lá. “Dê ordem de ataque a todos os aviões”, ordenei ao meu rádio-operador. Eram 7:49h.

As primeiras bombas caíram no aeródromo de Hickam, onde havia fileiras de bombardeiros pesados. Os pontos atingidos a seguir foram as ilhas Ford e o aeródromo de Wheeler. Em pouco tempo, imensos rolos de fumaça subiam dessas bases.

Meu grupo de bombardeiro horizontal manteve-se a leste de Oahu, para lá da extremidade sul da ilha. No ar só havia aviões japoneses. Os navios, na baía, pareciam ainda adormecidos. A estação de rádio de Honolulu continuava normalmente sua transmissão. Conseguíramos a surpresa!

Sabendo que o Estado-Maior Geral devia estar ansioso, ordenei que fosse enviada à esquadra a seguinte mensagem: “Conseguimos realizar ataque de surpresa. Peço retransmitir esta informação para Tóquio”.

Começaram a aparecer esguichos de água em torno dos encouraçados. Eram os nossos aviões torpedeiros em ação. Era tempo de desencadearmos nossos bombardeios horizontais. Ordenei ao meu piloto que inclinasse o avião abruptamente. Era o sinal de ataque para o nosso grupo. Os meus dez esquadrões formaram em coluna por um, com intervalos de 200 metros – uma bela formação.

Enquanto meu grupo fazia a corrida para o bombardeio, a artilharia antiaérea americana, tanto de bordo dos navios, como as baterias terrestres, entrou subitamente em ação. Aqui e ali viam-se explosões de cor cinza-escura, até que o céu se encheu de abalos de tiros quase certeiros que faziam nossos aviões estremecer. Fiquei surpreendido com a rapidez do contra-ataque, que veio menos de cinco minutos depois de lançada a primeira bomba. A reação japonesa não teria sido tão pronta – o caráter japonês é apropriado à ofensiva, mas não se ajusta facilmente à defensiva.

Meu esquadrão dirigia-se para o Nevada, que estava fundeado na extremidade norte do cais dos encouraçados, na parte leste da ilha Ford. Estava quase no momento de soltar as bombas quando penetramos numa formação de nuvens. Nosso bombardeador-guia abanou as mãos para trás e para frente para indicar que teríamos que passar em branco, e demos uma volta sobre Honolulu para aguardar outra oportunidade. Nesse ínterim, outros esquadrões fizeram suas corridas, tendo alguns realizados três tentativas antes de lograrem êxito.

Repentinamente, colossal explosão verificou-se no cais dos encouraçados. Uma imensa coluna de fumaça se elevou a uns 300 metros, e uma violenta onda de choque atingiu o nosso avião. Devia ter explodido um paiol de pólvora. O ataque estava no auge; a fumaça dos incêndios e explosões enchia quase todo o céu de Pearl Harbor.

Observando com o binóculo o cais dos encouraçados, vi que a grande explosão havia sido no Arizona. Este continuava ardendo furiosamente, e como a fumaça cobria o Nevada, alvo do meu grupo, procurei algum outro navio para atacar. O Tennessee já estava pegando fogo, mas junto dele encontrava-se o Maryland. Dei ordem para mudar, tomando o Maryland como alvo, e voamos em direção ao fogo antiaéreo.

Quando o bombardeador do nosso avião-guia largou sua bomba, os pilotos observadores e radioperadores dos demais aviões gritaram: “Lançar!” e lá se foram as nossas bombas. Imediatamente me deitei de bruços no chão para observar através de uma fresta. Quatro bombas, formando um desenho perfeitamente simétrico, caíam a prumo como demônios da destruição. Foram diminuindo de tamanho até se transformarem em pontinhos, e finalmente desapareceram, dando lugar a quatro minúsculos clarões no navio e perto dele.

De grande altitude, os tiros perdidos são mais perceptíveis que os impactos diretos, pois produzem ondas circulares na água, fáceis de ver. Percebendo duas dessas ondas e mais dois pequenos clarões, bradei: “Dois certeiros!”. Tive a convicção de que havíamos produzido danos consideráveis. Dei ordens aos bombardeiros que haviam completado suas missões que retornassem aos porta-aviões. O meu, porém, permaneceu sobre Pearl Harbor para observar e dirigir as operações ainda em curso.

Pearl Harbor e arredores estavam convertidos num caos. O Utah havia emborcado. O West Virginia e o Oklahoma, com os cascos quase arrancados pelos torpedos, adernavam perigosamente em meio a uma inundação de óleo grosso. O Arizona estava muito adernado e ardia furiosamente. Os encouraçados Maryland e Tennessee ardiam também. O Pennsylvannia, que estava no dique, ficara intacto – evidentemente o único encouraçado que não fora atacado.

Durante o ataque, muitos dos nossos notaram os valentes esforços dos pilotos americanos para decolar com seus aviões. Apesar da grande inferioridade numérica, voaram diretamente sobre nossos aparelhos para travar combate. Os resultados foram ínfimos, mas sua coragem impôs admiração e respeito.

Os aviões de nosso primeiro ataque levaram uma hora para concluir sua missão. Quando iniciaram o regresso aos porta-aviões, após terem perdido três caças, um bombardeiro de mergulho e cinco aviões torpedeiros, entrou em cena a nossa segunda vaga de 171 aviões.

O céu agora estava tão coberto de nuvens e de fumaça que era difícil localizar os alvos. Para dificultar ainda mais a missão, o fogo da artilharia antiaérea, naval e terrestre tornara-se intensíssimo.

O segundo ataque conseguiu excelente dispersão, atingindo os encouraçados menos danificados, bem como cruzadores, e contratorpedeiros não atingidos anteriormente. Durou também cerca de uma hora, mas, em virtude da intensificação do fogo da defesa, houve novas baixas, seis caças e 14 bombardeiros de mergulho.

Depois que a segunda onda iniciou a viagem de retorno aos porta-aviões, dei novamente uma volta sobre Pearl Harbor para observar e fotografar os resultados. Contei quatro encouraçados positivamente afundados, três seriamente avariados. Outro encouraçado parecia consideravelmente desmantelado, e haviam sido destruídos numerosos navios de outros tipos. A base de hidraviões da ilha Ford estava presa das chamas, bem como os aeródromos, especialmente o de Wheeler.

Densa cortina de fumaça tornava impossível determinar os estragos sofridos pelos aeródromos. Era evidente, todavia, que boa percentagem do poderio aéreo da ilha fora destruído: nas três horas em que meu avião permaneceu naquela região, não encontramos um único avião inimigo. No entanto, vários hangares estavam ilesos, e era possível que alguns deles contivessem aviões utilizáveis.

Meu avião foi talvez o último a voltar para a esquadra, onde outros aparelhos, reabastecidos e rearmados, estavam-se alinhando, preparando-se para outro ataque. Fui chamado sem demora à ponte de comando. O Estado-Maior do Almirante Nagumo, enquanto aguardava meu relatório, estivera entretido em uma discussão intensa sobre a conveniência de lançar novo ataque.

– Quatro encouraçados positivamente afundados – informei. – Alcançamos elevado grau de destruição nas bases aéreas e nos aeródromos. Há, contudo, muitos alvos por atingir.

Insisti por novo ataque. O Almirante Nagumo, porém – numa decisão que desde então tem sido alvo de muita crítica por parte de peritos navais – preferiu voltar à base. Imediatamente foram alçadas as bandeirolas de sinais e nossos navios aproaram para o norte a grande velocidade.

Fonte deste artigo: História Secreta da Última Guerra – M. Fuchida – Seleções

Londres: A Voraz Resistência!

Não adianta negar ou diminuir a abnegação dos ingleses na fase mais difícil da guerra. Quando a França caiu e a Alemanha era senhora de quase toda a Europa Continental as ilhas de sua majestade se preparavam para uma invasão certa. Civis eram treinados para resistirem e fortificações eram consolidadas na costa para o primeiro ato de desespero. Contudo, nada era tão massacrante para os londrinos quanto o bombardeios que a Luftwaffen realizava quase que religiosamente. Os londrinos passavam a se abrigar e a vivia nos subsolos da cidade. Famílias inteiras habitavam os esconderijos, metros e qualquer buraco onde pudessem resistir as bombas despejadas quase toda noite.

E assim a Inglaterra resistiu a fase mais negra para Londres. Dizem as más línguas, que Churchil vibrou com os ataques a Pearl Harbor, que serviu “Tábua da Salvação” para uma Inglaterra cambaleante.

Série: Melhores Fotos da Segunda Guerra!

Um excelente acervo fotográfico enviado por JOB AZEVEDO, que é um dos membros mais atuantes desse espaço.

Agradecemos a colaboração.

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 USS Philippine

USS Philippine

Ataque de um P-47

Ataque de um P-47

Tentativa de salvamento do piloto

Tentativa de salvamento do piloto

desembarque de fuzileiros no pacífico

desembarque de fuzileiros no pacífico

Teatro do Pacífico

Teatro do Pacífico

Guam

Guam

Saída de Bastogne

Saída de Bastogne

Canhão de 280mm

Canhão de 280mm

Explosão de Navio de Abastecimento

Explosão de Navio de Abastecimento

V1

V1

Desvio no ar de um míssel V1

Desvio no ar de um míssel V1

Panzerkampfwagen VI "E Tiger"

Panzerkampfwagen VI “E Tiger”

JU88

HE-115

Alemão" KARL " Morterios para Sebastopol

Alemão” KARL ” Morterios para Sebastopol

Carregando uma KARL

Carregando uma KARL

O Tiro!

O Tiro!

Macchi 202v

Macchi 202v

Bombardeiros italianos 303  sobre a África

Bombardeiros italianos 303 sobre a África

Ataques a Pearl Harbor

Ataques a Pearl Harbor

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Hoje: 71 Anos dos Ataques a Pearl Harbor

Hoje lembramos os 71 anos dos ataques a base naval de Pearl Harbor, que acelerou o processo de entrada dos americanos na Segunda Guerra Mundial. Os ataques, são considerados como um ato de covardia, pois até horas antes da declaração de guerra, os japoneses negociavam a paz, mesmo sabendo que seus aviões estavam se dirigindo para o arquipélago. No final das contas serviu para unir os Estados Unidos contra as nações do Eixo, fazendo com que todo o argumento anti-guerra fosse esvaziado e o patriotismo americano fosse expressado nas filas de alistamento e no aumento considerável da capacidade da industria bélica.

Todos os efeitos e os desdobramentos da Segunda Guerra tem seu ponto de partida naquela manhã de 07 de dezembro de 1941. Os gritos de socorro dos marinheiros presos nas embarcações ecoaram nas ondas dos rádios americanas e no coração dos soldados por toda a guerra.

Segue abaixo todos os links relacionados sobre o tema que o BLOG publicou ano passado, quando no aniversário de 70 anos dos ataques:

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – Estoura a Guerra

http://wp.me/pSMXF-2dX

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – Nas Vésperas do Ataque

http://wp.me/pSMXF-2dD

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – Tojo assume o poder

http://wp.me/pSMXF-2dc

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – Os Informes “Magia”

http://wp.me/pSMXF-2cJ

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – O caminho para Pearl Harbor

http://wp.me/pSMXF-2ch

Especial Pearl Harbor – 71 Anos – Documentos Anexos – Final

http://wp.me/pSMXF-2eG

De Comandante do Ataque a Pearl Harbor a Cidadão Americano

http://wp.me/pSMXF-VA

O Ataque de Doolittle – A Resposta de Pearl Harbor.

http://wp.me/pSMXF-2iL

 

PEARL HARBOR 1941

O Ataque de Doolittle – A Resposta de Pearl Harbor.

Depois do rápido ataque as forças navais americanas em Pearl Harbor, em 07 de dezembro de 1941, os americanos entraram na Segunda Guerra Mundial. E para a resposta americana o, então Major da reserva Doolittle foi chamado de volta a ativa e promovido a Tenente-Coronel em 02 de janeiro de 1942, com a missão de realizar um ataque em território japonês como forma de retaliação por Pearl Harbor. Doolittle foi voluntário para o plano ultrassecreto de utilizar bombardeiros médios B-25, a partir do Porta-Aviões USS Hornet, sendo seus principais alvos Tóquio, Kobe, Yokohama, Osaka e Nagoya. Em 18 de abril decolaram com sucesso do USS Hornet com destino ao Japão. Todos atingiram seus alvos, contudo era uma passagem só de ida. Muitos dos tripulantes foram capturados na China, enquanto outros foram salvos por Guerrilheiros chineses locais.

 O ataque de Doolittle  não teve grande efeitos com relação aos danos, mas foi devastador no moral japonês e americano, pois a ideia de que o Japão o povo japonês estaria imune aos efeitos da guerra desabou nesse ataque, enquanto que os EUA sentiram-se mais confiantes pelo sucesso do Tenente-Coronel Doolittle .

Especial Pearl Harbor – 70 Anos – Estoura a Guerra

No dia 28 de novembro Roosevelt manteve uma reunião com seu gabinete, na qual ficou resolvido que o Presidente enviaria uma mensagem final de advertência ao Imperador Hiroíto.

No entanto, os acontecimentos se precipitavam. No dia 3 de dezembro os serviços de inteligência da Marinha interceptaram uma mensagem de Tóquio ordenando à embaixada japonesa em Washington que destruísse seus códigos secretos. Dois dias depois Nomura informava que havia cumprido a ordem. A guerra já era inevitável. Nessas circunstâncias Roosevelt decidiu que se enviasse a nota a Hiroíto. O documento não fazia mais que enumerar as proposições americanas que os japoneses já haviam recusado.

Era o dia 6 de dezembro de 1941. O embaixador britânico fez chegar ao governo americano informações do Almirantado que duas grandes frotas japonesas tinham sido avistadas ao sul da península da Indochina. De acordo com seu rumo e velocidade chegariam no dia seguinte à Malásia. Ao cair da noite, uma nova mensagem japonesa foi interceptada. Era a nota final cuja entrega daria automaticamente início às hostilidades. Pouco depois das 21 horas, os serviços “Magia” tinham decifrado 13 dos 14 artigos do documento, e foram levados imediatamente à Casa Branca. O Presidente Roosevelt, ao terminar a leitura, exclamou com voz emocionada: – Isto significa a guerra!

O drama chegou assim ao seu fim. Nas primeiras horas da manhã de 7 de dezembro, Roosevelt recebeu a cópia decifrada do último artigo da nota japonesa. o governo de Tóquio anunciava simplesmente que todas as possibilidades de acordo tinham terminado. Pouco depois os serviços “Magia”  interceptaram uma nova mensagem, na qual dava ordens ao Embaixador Nomura para apresentar o documento decisivo ao Secretário de Estado Hull às 13 horas de Washington (essa hora correspondia às 7:30 da manhã no Havaí, momento fixado para o ataque a Pearl Harbor).

Tomando conhecimento desta última comunicação, o General Marshall resolveu enviar sem demora um sinal de alerta ao General Short, chefe das forças do Exército em Pearl Harbor e às guarnições americanas no extremo Oriente e no Caribe. Dizia: “Os japoneses apresentam às 13 horas de hoje o que constitui um ultimato. Receberam igualmente ordens de destruir imediatamente suas máquinas de cifrar. Não sabemos que significado preciso pode ter a hora fixada, mas esteja de alerta. Participe esta comunicação às autoridades navais – Marshall”.

Este telegrama foi cifrado às 11h58 de Washington e enviado a São Francisco, de onde foi retransmitido ao Havaí. No entanto, quando chegou finalmente nas mãos do General Short já era muito tarde. Seis horas antes, os aviões japoneses haviam levado a cabo seu surpreendente e devastador ataque contra a frota ancorada em Pearl Harbor.

A última entrevista

Pouco depois da uma da tarde do dia 7 de dezembro de 1941, uma urgente mensagem por rádio foi recebida no Departamento da Marinha, em Washington. A comunicação retransmitida pela base naval de São Francisco provinha de Pearl Harbor e era a dramática notícia de que os japoneses acabavam de atacar Pearl Harbor. A mensagem, emitida sem o emprego de código algum, dizia: “Ataque aéreo, Pearl Harbor. Não foi uma simulação”. Quando recebeu a comunicação, o Secretário da Marinha, Knox, telefonou imediatamente para a Casa Branca e comunicou a Roosevelt a terrível notícia. O Presidente mandou chamar o Secretário de Estado Hull. Este chegou à Casa Branca às 14h05. O Presidente, após colocá-lo a par das novidades, ordenou que sustasse a entrevista que havia solicitado aos enviados japoneses Nomura e Kurusu, mas sem fazê-los saber o que havia ocorrido. Devia, simplesmente, mostrar-se frio e receber de suas mãos o ultimato japonês que havia sido interceptado e decifrado pelos serviços de inteligência americanos horas antes. Hull foi imediatamente para o Departamento de Estado e às 14h20 recebeu em seu gabinete o Embaixador Nomura e o enviado especial Saburu Kurusu. Estes haviam chegado, contrariando as instruções recebidas do seu governo, uma hora depois do previsto. Havia-se perdido um tempo precioso. Uma hora antes da chegada dos emissários japoneses, as primeiras bombas haviam caído sobre Pearl Harbor. Ao encontra-se com Hull, o Almirante Nomura entregou-lhe a nota dizendo-lhe: “Deram-me instruções de entregar-lhe esta resposta às 13 horas”. Hull, grave, respondeu: “Por que devia-me entregar às 13 horas?” “Não sei porque!” O Secretário de Estado, bruscamente, tomou a nota e disse, amargamente: “Nunca, nestes últimos nove meses pronunciei uma palavra que não fosse certa. Jamais vi um documento tão cheio de falsidades e distorções”. Assim terminou a entrevista. Minutos depois, ao chegar à sua embaixada, Nomura recebeu a notícia: Aviões japoneses sobre Pearl Harbor! A guerra começava…

Fonte: http://adluna.sites.uol.com.br/

Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

Especial Pearl Harbor – 70 Anos – Nas Vésperas do Ataque

No dia 25 de novembro, Roosevelt manteve uma reunião na Casa Branca com os mais destacados dirigentes políticos e militares americanos. Estavam presentes: o Secretário de Guerra Stimson, o Secretário da Marinha Konx, o Secretário de Estado Hull, o General Marshall e o Almirante Stark. Nessa conferência o presidente e seus ministros discutiram a possibilidade de um ataque japonês de surpresa.

Stimson narrou posteriormente os pormenores da discussão. Reproduzimos seu relato: “O Presidente, logo de início, referiu-se às relações com o Japão. Mr. Hull disse que os japoneses estavam inclinados para o ataque e que poderiam atacar a qualquer momento. O Presidente disse que os japoneses eram conhecidos por realizar um ataque sem prevenir e manifestou que poderíamos ser atacados, digamos, por exemplo, na próxima segunda-feira… Um problema nos inquietava profundamente. Se alguém sabe que seu inimigo está por atacar, não é inteligente esperar até que ele dê o salto sobre a gente, tomando a iniciativa. Apesar do risco que implicava deixar que os japoneses efetuassem o primeiro disparo, nos dávamos conta que a fim de termos o pleno apoio do povo americano era desejável ter certeza que os japoneses foram os que fizeram isso de tal forma que não ficasse dúvida em mente alguma sobre quem eram os agressores… A questão era como devíamos manobrá-los (aos japoneses) para levá-los à situação de disparar o primeiro tiro sem que o perigo para nós fosse muito grande. Era um assunto difícil”.

Ao concluir a reunião na Casa Branca Stimson dirigiu-se ao seu gabinete na Secretaria de Guerra e ali recebeu de seus assessores uma notícia urgente. Os japoneses estavam embarcando grandes contingentes de tropas no porto de Xangai, e as unidades avançadas dessa frota de invasão já se encontravam navegando junto à costa chinesa ao sul da ilha de Formosa. Assim, o ataque contra a Malásia e as Índias Orientais já estava praticamente em marcha. Stimson telefonou imediatamente ao Presidente Roosevelt, e lhe informou a dramática nova.

A possibilidade de acertar a trégua proposta por Hull ficou assim completamente eliminada. Além disso, em novas consultas, Hull comprovou que as potências aliadas e principalmente a China opunham-se a um acordo com o Japão.

Na noite de 25 de novembro chegou a resposta de Churchill e seu conteúdo decidiu finalmente Hull a abandonar todas as intenções de conciliação com os japoneses. O primeiro-ministro britânico assinalava que a projetada trégua era prejudicial a Chiang Kai-shek e poderia contribuir para o desmoronamento da resistência chinesa. Hull comunicou então sua decisão a Roosevelt, o qual lhe deu plena aprovação.

A nova proposta redigida por Hull era uma exposição clara e terminante das exigências americanas. Oferecia aos japoneses suspender as sanções econômicas e propunha a assinatura de um tratado de comércio e um pacto mútuo de não agressão, sob a condição de que os Japão retirasse todas as suas forças da China e da Indochina e reconhecesse como único governo chinês o regime de Chiang Kai-shek. Esta oferta, com certeza, não seria aceita pelo governo de Tojo, pois equivalia à renúncia de todas as conquistas realizadas pelos japoneses no continente asiático. Assim entendeu Hull que, em 27 de novembro, disse ao Secretário de Guerra Stimson: – Lavei minhas mãos a respeito desse assunto e agora está em suas mãos e nas de Knox, do Exército e da Marinha. O jogo da diplomacia estava encerrados.

Em Tóquio, o documento americano causou uma imediata reação. O gabinete resolveu iniciar a guerra no momento em que as forças de ataque estivessem prontas para entrar em ação. O Ministro das Relações Exteriores enviou sem demora um telegrama ao Embaixador Nomura – decifrado pelo serviço de inteligência da marinha americana – no qual lhe comunicava a decisão do governo de dar por terminadas todas as negociações. Como último trâmite, Nomura deveria apresentar um relatório com os pontos de vista japoneses que lhe seria enviado com urgência. A entrega desse documento significaria a ruptura diplomática das relações entre ambos os países. Este telegrama que também fôra interceptado e decifrado pelo serviço de inteligência da marinha americana, permitiu que o governo de Washington tomasse conhecimento antecipado de que a nova nota japonesa equivaleria, de fato, ao início da guerra.

Diante da crítica situação, os secretários da Guerra e da Marinha viram-se com o problema de escolher a atitude que as forças armadas americanas adotariam. O General Marshall e o Almirante Stark aconselharam novamente não iniciar as hostilidades até que os japoneses tivessem atacado ou ameaçassem diretamente as possessões americanas, britânicas ou holandesas no Pacífico. Esta proposta foi aceita e foi transmitida uma mensagem de alerta de guerra às guarnições americanas localizadas naquele oceano.

O Almirante Kimmel, chefe da frota ancorada em Pearl Harbor, foi avisado de que as negociações com o Japão estavam rompidas, devendo ele esperar um ataque para os próximos dias. Assinalaram no entanto que tal ataque, de acordo com as informações recolhidas, teria por objetivo as Filipinas, Tailândia, Malásia ou Bornéu. A mensagem não continha qualquer indicação de que a agressão poderia ser dirigida contra Pearl Harbor, apesar de terem sido interceptadas numerosas comunicações de Tóquio ao cônsul japonês no Havaí, solicitando detalhadas informações sobre o número e tipo de navios estacionados em Pearl Harbor, e o lugar exato de seus ancoradouros.

Às 2 horas da tarde de 1o de dezembro o gabinete japonês reuniu-se na presença do Imperador Hiroíto. Tojo anunciou que já não podia esperar nada das vias diplomáticas e que era necessário iniciar imediatamente a guerra. Os chefes da Marinha e do Exército anunciaram que estavam prontos e ansiosos por entrar em ação. Diante dessas entusiásticas manifestações o Imperador Hiroíto permaneceu em absoluto silêncio. A decisão de iniciar a guerra foi tomada, no entanto, com sua tácita aprovação. No dia seguinte o Almirante Yamamoto enviou ao Almirante Nagumo, cuja frota já se encontrava navegando para Pearl Harbor, a mensagem em código que confirmava a ordem de ataque: Escale o monte Nitaka.

Fonte: http://adluna.sites.uol.com.br/

Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

Especial Pearl Harbor – 70 Anos – Tojo assume o poder

A crise provocada pela suspensão das remessas  de petróleo deu lugar a uma série de agitadas reuniões entre os dirigentes políticos e militares japoneses. O Primeiro-Ministro Konoye, apoiado pelo Almirante Nagano, chefe do Estado-Maior da Marinha, decidiu realizar uma última tentativa para induzir os EUA a que depusessem sua oposição às ambições japonesas. O general Tojo, Ministro da Guerra, chegou a autorizar uma entrevista direta entre Konoye e Roosevelt, mas colocou como condição que o primeiro-ministro não cedesse em ponto algum dos planos de expansão para o sul.

A projetada conferência, no entanto, não chegou a ser realizada porque Roosevelt, convencido da falsidade das propostas japonesas, negou-se a se encontrar com Konoye. No dia 2 de outubro de 1941, o Secretário de Estado Hull comunicou essa decisão ao Almirante Nomura, embaixador japonês em Washington. A sorte de Konoye ficou assim  selada. Ante o malogro de sua política de negociações, viu-se forçado a apresentar sua demissão e, no dia 18 de outubro, assumiu o poder o General Tojo, decidido partidário da guerra.

No dia 2 de novembro o novo gabinete realizou uma reunião decisiva. Depois de longas discussões os ministros concordaram em realizar uma última gestão ante o governo americano, com a finalidade de chegar a um compromisso. Se essa tentativa fracassasse, o Japão de lançaria, sem demora, à luta. Três dias depois o gabinete realizou uma nova conferência e ultimou os detalhes da ação a seguir. Apresentaria em primeiro lugar uma proposta de acordo aos americanos. Caso esse oferecimento fosse rechaçado seria entregue um segundo documento no qual estariam expostas as exigências mínimas dos japoneses para evitar o conflito. Se até o dia 25 de novembro não tivesse sido obtida a aprovação dos americanos, seria comunicado ao Imperador que estava em suas mãos a decisão final para o início da guerra.

Sem demora o Ministério de Relações exteriores transmitiu ao Embaixador Nomura a resolução do Governo, junto com o texto das duas proposições. A mensagem, interceptada e decifrada pelos serviços de inteligência americana, continha um dramático aviso: “Tanto em letra como em espírito esta nossa oferta é, certamente, a última…”.

Assim, graças aos informes “Magia”, o governo dos EUA teve conhecimento antecipado de que se aproximava o fim das negociações com o Japão. No mesmo dia que o gabinete japonês adotou essa decisão, os chefes de estado-maior do Exército e Marinha americanos, General Marshall e Almirante Stark, apresentaram a Roosevelt um extenso relatório em que analisavam a crítica situação.

Ambos os chefes opinavam que os Estados Unidos deviam evitar o início da guerra enquanto de completava o reforço das guarnições do Pacífico. Com esse fim não devia apresentar-se ao Japão nenhum ultimato. A luta devia começar quando este país atacasse diretamente as possessões americanas, britânicas ou holandesas. Roosevelt reuniu-se com seu gabinete no dia 7 de novembro e solicitou a opinião dos ministros sobre as possibilidades de um choque armado. Todos, sem exceção, estiveram de acordo em que o ataque japonês poderia ocorrer a qualquer momento. Decidiu-se, no entanto, prosseguir com a política adotada e estender ao máximo as discussões com o fim de ganhar tempo para aumentar o poderio americano no Pacífico.

Na tarde desse mesmo dia o Embaixador Nomura entrevistou-se com o Secretário Hull e entregou-lhe a primeira proposta, exigindo-lhe pronta resposta. No dia 10 de novembro Nomura foi recebido por Roosevelt que lhe anunciou que o Japão teria que provar com fatos suas declarações pacifistas retirando todas as suas tropas da China e Indochina. O compromisso esperado pelos japoneses ficou, assim, frustrado. Nesse mesmo dia, no Japão, o Almirante Nagumo, chefe da frota encarregada do ataque a Pearl Harbor, ordenou a suas unidades que completassem os preparativos de combate para o dia 20 de novembro. A partir desse momento, a marcha para a guerra iria desenrolar-se inexoravelmente.

As últimas conversações

Diante do fracasso dessa primeira gestão, Nomura, agora acompanhado do Embaixador Kurusu, enviado urgentemente de Tóquio, comunicou fazer maiores concessões para conseguir um acordo. A resposta não tardou em chegar. O governo japonês não estava disposto a realizar novas concessões, e Nomura devia apresentar sem demora a segunda e última proposta.

No dia 20 de novembro o Embaixador japonês entregou a Hull a nota decisiva. O Secretário de Estado tomou o documento e lhe deu uma rápida leitura. Já conhecia integralmente seu texto, pois este havia sido decifrado pelos serviços de escuta. O Japão aceitava retirar suas tropas da Indochina depois que se tivesse chegado a um acordo pacífico com a China. Exigia também que os EUA se comprometessem a não interferir de forma alguma na disputa entre o Japão e a China. Em resumo: a paz com os chineses, negociada de acordo com as exigências japonesas, seria o ponto de partida para a liquidação das disputas. Os Estados Unidos, como retribuição a essas vagas promessas, deviam suspender suas sanções econômicas e recomeçar as remessas de petróleo ao Japão.

Hull, assim como Roosevelt, considerou que tal acordo era totalmente inaceitável. No entanto, e com o fim de ganhar tempo de que precisavam os chefes militares, decidiram apresentar uma contraproposta aos japoneses, destinada a manter vigentes as relações entre ambos os países. O dia 22 de novembro foi uma data decisiva. O governo japonês enviou uma mensagem a Nomura – decifrada no mesmo dia pelos serviços de inteligência do Departamento da Marinha americana – na qual lhe comunicava que havia resolvido fixar como data final para a assinatura do acordo o dia 29 de novembro. O último parágrafo dizia: “Esta vez garantimos que a data final não pode ser mudada de formas alguma. Depois dela os acontecimentos começarão a ocorrer automaticamente…” Nesse mesmo dia o Almirante Yamamoto, comandante-em-chefe da frota japonesa, enviou um telegrama ao Almirante Nagumo, chefe da esquadra encarregada do ataque a Pearl Harbor, com a ordem definitiva de operações: “A força de Tarefas zarpará de Hitokappu Wan no dia 26 de novembro e se dirigirá sem ser percebida até o ponto de reunião fixado para o dia 3 de dezembro. O dia X será o dia 8 de dezembro”.

O dia X era o dia do ataque a Pearl Harbor – pela diferença de horas, o dia 8 de dezembro no Japão correspondia ao dia 7 nas ilhas Havaí.

Hull realizou urgentes reuniões com os representantes diplomáticos da Inglaterra, Holanda e China com o fim de colocá-los a par da trégua que se propunha oferecer aos japoneses. Em troca da promessa japonesa de paralisar os movimentos militares no sudeste asiático, as potências aliadas se comprometeriam entregar uma quota reduzida de petróleo para abastecer as necessidades civis e quantidades limitadas de alimentos e matérias-primas. Por ordem de Roosevelt, o Secretário de Estado enviou uma mensagem a Churchill comunicando-lhe o plano. Roosevelt de seu punho e letra escreveu ao pé da carta: “Eu não tenha muitas esperanças, e devemos estar preparados para o mais grave, possivelmente agora mesmo”.

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Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

Especial Pearl Harbor – 70 Anos – O caminho para Pearl Harbor

Verão de 1935. No aeroporto militar de Wright Field, muitos oficiais das forças armadas americanas aguardavam nervosamente o vôo de prova de um novo e poderoso avião: o bombardeiro quadrimotor Boeing B-17, denominado “Fortaleza Voadora”. Os chefes da Marinha e do Exército não tem confiança no gigantesco aparelho. Para eles trata-se apenas de um avião sumamente caro que não possui a importância militar que lhe querem dar com fanático entusiasmo os oficiais do corpo aéreo.

Os mecânicos e engenheiros realizam os últimos preparativos, e o B-17 apronta-se para levantar vôo. O Capitão Pete Hill, chefe da equipe de pilotos de prova, instala-se na cabina e põe em marcha os poderosos motores. Com um rugido ensurdecedor, o enorme bombardeiro começa a parquear lentamente e coloca-se na cabeceira da pista. Ansiosos, os chefes de aviação, entre os quais conta-se o Coronel Hugh Knerr, principal promotor do B-17, observam a manobra. O bombardeiro toma velocidade e, finalmente eleva-se no ar, erguendo o nariz em um pronunciado ângulo. Repentinamente, a máquina interrompe sua brusca subida e precipita-se ao solo. Ante o olhar horrorizado dos espectadores a máquina choca-se e se arrebenta com uma gigantesca explosão. No interior, o Capitão Pete Hill e um engenheiro da Boeing morrem carbonizados; só o co-piloto, Tenente Donald Putt, consegue escapar com vida.

O fracasso do primeiro B-17 foi um rude golpe para os partidários do desenvolvimento acelerado do poderio aéreo americano. No entanto, o Coronel Knerr não desanima e consegue que o Departamento de Guerra conceda os fundos necessários para a construção de outros três aparelhos. Com essas máquinas prossegue as experiências e consegue eliminar as falhas que provocaram o trágico acidente. Seguidamente, Knerr, apoiado pelo General  Andrews, chefe do corpo aéreo – que nessa época não era independente e sim um setor subordinado ao Exército – elaborou um plano no qual propunha a construção de 108 “Fortalezas-Voadoras” e a ampliação dos aeródromos americanos nas ilhas do Pacífico.

Esse programa teria permitido aos Estados Unidos contar em 1941 com uma poderosa força aérea, capaz de enfrentar com êxito aos ataques japoneses contra o Havaí e as Filipinas. No entanto, o projeto não foi aprovado. Uma vez mais, os veteranos almirantes e generais que se opunham obstinadamente ao desenvolvimento do poderio aéreo, conseguiram fazer triunfar seus arcaicos princípios. Em 1937, e depois de longas discussões, o Departamento de Guerra recusou o plano com a seguinte resolução: “O Departamento de Guerra não pode aprovar o programa para desenvolver o avião B-17. Em lugar desse avião será construído um avião de bombardeio leve, manobrável e barato, cujo raio de ação não exceda 300 milhas”.

Foi assim como a incrível cegueira dos dirigentes militares americanos daquela época impediu a formação de uma força de bombardeiros de longo alcance. Ao estourar a Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, os Estados Unidos só dispunham de 19 bombardeiros B-17. Mas essas máquinas não estavam em condições de combater. Não eram blindadas, não tinham torres automáticas de metralhadoras e nem metralhadoras de cauda. Esse equipamentos vitais não tinham sido providenciados por falta de dinheiro para a sua fabricação!…

Em fins de 1939, assumiu o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército o General Marshall, que, seguindo instruções do Presidente Roosevelt, esforçou-se para remediar a situação crítica em que se encontravam as forças de ar e terra – o Exército contava unicamente com 230.000 soldados e 13.000 oficiais. Sob a enérgica orientação de Roosevelt, procedeu-se ao incremento acelerado do poderio militar americano. Em fins de 1940 o Congresso já havia votado leis pelas quais se dispunha o aumento dos efetivos do Exército até a cifra de 1.000.000 de soldados; a fabricação de 50.000 aviões para o Corpo Aéreo e de 15.000 para a Força Aérea Naval, e a construção de numerosos navios de guerra.

Este esforço, no entanto, foi muito tardio. Foi assim que, em outubro de 1941, dois meses antes do ataque à Pearl Harbor, só existiam 33 tripulações de bombardeiros B-17 adequadamente treinadas! No total, o comando de combate da Força Aérea dispunha unicamente de 64 pilotos para quadrimotores, 97 para bombardeiros bimotores e 171 para aparelhos de caça.

Assim, em dezembro de 1941, os americanos não contavam com o poder aéreo necessário para resistir ao ataque japonês. Teriam que pagar um preço muito elevado por essa infortunada falta de preparação.

 A guerra “não declarada”

 Apesar da oposição da opinião pública à participação dos Estados Unidos na guerra, o Presidente Roosevelt compreendeu desde o princípio que teria, cedo ou tarde, que intervir junto com a Inglaterra no conflito, com a finalidade de impedir que as potências do Eixo conseguissem a vitória. Assim, uma vez iniciadas as hostilidades, permitiu aos países aliados adquirir nos Estados Unidos grande quantidade de armamentos e materiais bélicos. No dia 3 de setembro de 1940 deu um passo à frente nessa política e cedeu aos britânicos 50 torpedeiros, em troca do arrendamento a longo prazo das bases aéreas e navais na região do mar do Caribe. Roosevelt estava convencido de que o inimigo principal e mais perigoso era a Alemanha. Por esse motivo articulou sua política em estreita colaboração com Winston Churchill, com a finalidade de prestar a máxima ajuda possível à Inglaterra, para evitar que fosse derrotada pelos alemães. Paralelamente intensificou o rearmamento dos Estados Unidos, e tentou conter temporariamente a expansão japonesa na Ásia e no Pacífico mediante uma série de manobras diplomáticas e sanções econômicas. Em novembro de 1940, Roosevelt foi eleito pela terceira vez, Presidente dos Estados Unidos. No transcurso da campanha fora novamente forçado a afirmar que manteria o país à margem da guerra. Estas declarações, no entanto, estavam apenas dirigidas à satisfação do eleitorado, que, em sua maioria, era partidária de prosseguir a ajuda aos britânicos, mas sem intervir no conflito. Roosevelt sabia que tão difícil política não poderia prolongar-se indefinidamente. A situação era, nesses momentos, extremamente grave. No dia 27 de setembro, o Japão havia firmado com a Alemanha e a Itália um tratado de aliança pelo qual as três potências totalitárias comprometiam-se a prestar ajuda militar total e mútua em caso de que alguma delas fosse atacada por um país que não se achasse empenhado na guerra européia ou no conflito sino-japonês. Esta cláusula estava abertamente dirigida contra os Estados Unidos.

A Inglaterra, por sua vez, havia conseguido rechaçar os ataques da Luftwaffe, mas achava-se agora com um problema que a ameaçava mortalmente: o bloqueio submarino. Semana após semana os submarinos alemães infligiam terríveis perdas nos comboios que transportavam alimentos, matérias-primas e armas para as Ilhas Britânicas. O Amirante Stark, chefe de operações navais dos Estados Unidos, calculava que os britânicos esgotariam suas reservas no prazo de seis meses, se a marinha americana não prestasse imediatamente ajuda aos seus comboios no Atlântico.

Nessas circunstâncias, Churchill dirigiu um dramático apelo a Roosevelt, solicitando o apoio dos Estados Unidos para manter abertas as rotas de abastecimento através do Atlântico. Roosevelt, que se encontrava em viagem pelo Caribe, regressou imediatamente a Washington e resolveu, junto com seu gabinete, estender a proteção aos comboios no Atlântico, ainda que isso implicasse em choque armado entre os navios da escolta americana e os submarinos alemães. Simultaneamente decidiu fornecer material bélico aos ingleses sem necessidade de pagamento em dinheiro por essa compra. Essa medida deu lugar à aprovação – em março de 1941 – da célebre lei de Empréstimos e Arrendamentos, cujos benefícios foram logo estendidos  aos países que se achavam em guerra contra as potências do Eixo.

A participação da marinha americana na batalha do Atlântico de lugar a uma série de violentas discussões entre Hitler e o Almirante Raeder, chefe da frota alemã. O ditador estava decidido a evitar a qualquer preço a entrada dos EUA na guerra, até que a Rússia tivesse sido invadida e derrotada pela Wehrmacht. Assim recusou  os insistentes pedidos de Raeder, para que autorizasse os submarinos a atacar os navios americanos. Roosevelt, entretanto, prosseguiu estendendo a proteção armada nas rotas do Atlântico. No dia 9 de julho de 1941 anunciou que tropas de seus país substituiriam as forças inglesas na defesa da Islândia. A Groelândia já tinha sido declarada parte integrante da zona de defesa continental americana.

Todas essas medidas podiam dar lugar a um choque que serviria de motivo para a intervenção dos Estados Unidos na guerra. Hitler, no entanto, manteve-se firme em sua decisão de não se deixar arrastar à luta até que tivesse conseguido derrotar a Rússia. Os incidentes, no entanto, multiplicaram-se, aumentando a tensão. No dia 4 de setembro um submarino alemão disparou dois torpedos contra o torpedeiro americano Greer, mas não o atingiu. Esse ataque levou Roosevelt a anunciar, no dia 11, que havia dado ordens à marinha e à aviação para que abrissem fogo sobre todos os navios do Eixo que fossem avistados em águas vitais para os interesses americanos.

No dia 13 de novembro, Hitler resolveu finalmente atender aos pedidos de Raeder e dos chefes da marinha e autorizou os submarinos a contra-atacar quando fossem agredidos. De fato, os submarinos alemães já tinham recorrido a essa política. No mês de outubro o torpedeiro Kearny foi avariado pelos torpedos de um submarino contra o qual havia lançado cargas de profundidade. Onze de seus tripulantes morreram. Foram esses os primeiros americanos mortos em combate contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Poucos dias depois, outro torpedeiro, o Reuben James, foi atingido e afundado. Assim, meses antes do ataque japonês contra Pearl Harbor. As forças navais dos Estados Unidos já haviam iniciado uma guerra “não declarada” contra a Alemanha.

 

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Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

Documentos Históricos Importantes da Segunda Guerra

Resposta do Presidente:

Ninguém está mais perturbado sobre o uso de bombas atômicas do que eu, mas eu estava muito mais perturbado sobre o ataque injustificado pelos japoneses em Pearl Harbor e o assassinato dos nossos prisioneiros de guerra. a única linguagem que eles parecem entender é o que temos utilizado para bombardeá-los.

Quando você tem que lidar com um animal, você tem que tratá-lo como uma animal. É muito lamentável, mas não deixa de ser verdade.

De Comandante do Ataque a Pearl Harbor a Cidadão Americano

“Desejamos que o senhor comande a nossa força aérea, na hipótese de atacarmos Pearl Harbor”.

Fiquei quase sem fôlego. Eram fins de setembro de 1941 e, se a situação internacional continuasse a agravar-se, o plano de ataque teria de ser executado em dezembro. Não havia tempo a perder para essa importantíssima missão.

Em meados de novembro, após o mais rigoroso treinamento, foram levados os aviões para bordo dos respectivos porta-aviões que, a seguir, aproaram para as ilhas Curilas, viajando isolados e seguindo rotas diferentes para não despertar atenção. Depois, às seis horas da manhã, uma manhã escura e nublada, em 26 de novembro, nossa força-tarefa de 28 navios, incluindo seis porta-aviões, deixou as Curilas.

O Vice-Almirante Nagumo comandava a Força de Ataque a Pearl Harbor. As instruções por ele recebidas, diziam: “No caso de as negociações com os Estados Unidos chegarem a conclusão satisfatória, a força-tarefa retornará imediatamente à pátria”. Desconhecendo o fato, entretanto, as tripulações, lançando o que talvez fosse seu último olhar ao Japão, gritavam: “Banzai!”. Podia-se perceber seu ardente entusiasmo e espírito combativo. Malgrado isso, eu não podia deixar de alimentar dúvidas quanto à confiança com que o Japão se lançava à guerra.

Nossa rota devia passar entre as ilhas Aleutas e a Ilha de Midway, de maneira a ficar fora do alcance de patrulhas aéreas americanas, que, em alguns casos, segundo se supunha, abrangiam uma extensão de 1.000 quilômetros. Enviamos à frente três submarinos para informar da presença de quaisquer navios mercantes, a fim de podermos alterar a rota e evitá-los. Mantínhamos um alerta permanente contra submarinos americanos.

Nossos rádios permaneciam em absoluto silêncio, mas ouvíamos as transmissões de Tóquio e Honolulu procurando alguma palavra sobre o início da guerra. Em Tóquio, uma conferência de coordenação do governo e do Alto Comando esteve em sessão, diariamente, de 27 a 30 de novembro, para discutir a proposta feita pelos EUA no dia 26. Chegou-se à conclusão de que a proposta era um ultimato destinado a subjugar o Japão e a tornar a guerra inevitável, mas que se deveria insistir nos esforços pela paz até o último momento.

A decisão a favor da guerra foi tomada na Conferência Imperial, realizada a 1º de dezembro. No dia seguinte, o Estado-Maior Geral deu a ordem: “O dia do ataque será 8 de dezembro (7 de dezembro no Havaí e nos Estados Unidos)”. A sorte estava lançada: rumamos diretamente para Pearl Harbor.

Por que foi escolhido aquele domingo para o ataque? Porque estávamos informados de que a Esquadra Americana regressava a Pearl Harbor nos fins de semana, após um período de instrução no mar. E também porque o ataque deveria ser coordenado com nossas operações em Malaca, onde estavam previstos ataques e desembarques aéreos para a madrugada naquele dia.

De Tóquio foram-nos retransmitidos relatórios do Serviço de Informações sobre atividades da Esquadra Norte-Americana.

7 de dezembro (6 de dezembro, hora do Havaí): “Não há balões nem redes antitorpedos em torno dos encouraçados fundeados em Pearl Harbor. Todos os encouraçados estão na baía. Não há indicações, na atividade do rádio inimigo, de que estejam sendo feitos vôos de patrulha oceânica na região do Havaí. O Lexington deixou o porto ontem. Supõe-se que o Enterprise também esteja operando”.

Nessa ocasião é que recebemos a mensagem do Almirante Yamamoto: “O apogeu ou declínio do Império depende desta batalha; todos devem dar o máximo de seu esforço no cumprimento do dever”.

Estávamos a 230 milhas do norte de Oahu, onde está situada Pearl Harbor, pouco antes do alvorecer do dia 7 de dezembro (hora do Havaí), quando os porta-aviões manobraram na direção do vento norte. A bandeira de combate tremulava no topo de cada mastro. O mar estava muito agitado, o que nos fez hesitar quanto à decolagem no escuro. Achei que era viável. Os conveses de vôo vibraram com o ronco dos motores dos aviões acabando de aquecer.

Uma lâmpada verde foi agitada em círculos. “Decolar!”. O rugido do motor do primeiro caça foi crescendo até que ele se elevou no ar, são e salvo. Havia grande aclamação cada vez que um avião decolava.

Dentro de 15 minutos, 183 caças, bombardeiros e torpedeiros tinham decolado dos seus porta-aviões e estavam entrando em formação no céu ainda escuro, guiados apenas pelas luzes de sinalizações dos aviões-guia. Após circularmos por cima da esquadra, tomamos a rota sul, para Pearl Harbor. Eram 6:15 h.

Sob meu comando imediato, havia 49 aviões de bombardeiro horizontal. À minha direita, e um pouco abaixo, estavam 40 aviões torpedeiros, à minha esquerda, cerca de 200 metros acima, 51 bombardeiros de mergulho; protegendo a formação, havia 43 caças.

Às 7:00 h calculei que deveríamos chegar à Oahu em menos de uma hora. Mas, voando por cima das espessas nuvens, não víamos a superfície do mar e, portanto, não podíamos controlar nossa deriva. Liguei o radiogoniômetro para a estação de Honolulu e não tardei a ouvir música. Girando a antena, encontrei a direção exata de onde vinha a transmissão, e corrigi nossa rota. Tivéramos uma deriva de cinco graus.

Ouvi então um boletim metereológico de Honolulu: “Nublado em parte, principalmente sobre as montanhas. Boa visibilidade. Vento norte, dez nós”.

Que sorte a nossa! Não se poderia ter imaginado situação mais favorável. Devia haver brechas nas nuvens, sobre a ilha.

Cerca de 7:30 h as nuvens se abriram de repente e apareceu uma longa linha branca de litoral. Estávamos sobre a extremidade norte de Oahu. Era a hora de desdobrarmos a nossa formação.

Chegou um relatório de um dos dois aviões de reconhecimento que tinha ido à frente, dando a localização de dez encouraçados, um cruzador pesado e dez cruzadores leves. O céu ia ficando mais limpo à proporção que avançávamos para o alvo, e comecei a estudar nossos objetivos com auxílio do binóculo. Os navios estavam lá. “Dê ordem de ataque a todos os aviões”, ordenei ao meu rádio-operador. Eram 7:49h.

As primeiras bombas caíram no aeródromo de Hickam, onde havia fileiras de bombardeiros pesados. Os pontos atingidos a seguir foram as ilhas Ford e o aeródromo de Wheeler. Em pouco tempo, imensos rolos de fumaça subiam dessas bases.

Meu grupo de bombardeiro horizontal manteve-se a leste de Oahu, para lá da extremidade sul da ilha. No ar só havia aviões japoneses. Os navios, na baía, pareciam ainda adormecidos. A estação de rádio de Honolulu continuava normalmente sua transmissão. Conseguíramos a surpresa!

Sabendo que o Estado-Maior Geral devia estar ansioso, ordenei que fosse enviada à esquadra a seguinte mensagem: “Conseguimos realizar ataque de surpresa. Peço retransmitir esta informação para Tóquio”.

Começaram a aparecer esguichos de água em torno dos encouraçados. Eram os nossos aviões torpedeiros em ação. Era tempo de desencadearmos nossos bombardeios horizontais. Ordenei ao meu piloto que inclinasse o avião abruptamente. Era o sinal de ataque para o nosso grupo. Os meus dez esquadrões formaram em coluna por um, com intervalos de 200 metros – uma bela formação.

Enquanto meu grupo fazia a corrida para o bombardeio, a artilharia antiaérea americana, tanto de bordo dos navios, como as baterias terrestres, entrou subitamente em ação. Aqui e ali viam-se explosões de cor cinza-escura, até que o céu se encheu de abalos de tiros quase certeiros que faziam nossos aviões estremecer. Fiquei surpreendido com a rapidez do contra-ataque, que veio menos de cinco minutos depois de lançada a primeira bomba. A reação japonesa não teria sido tão pronta – o caráter japonês é apropriado à ofensiva, mas não se ajusta facilmente à defensiva.

Meu esquadrão dirigia-se para o Nevada, que estava fundeado na extremidade norte do cais dos encouraçados, na parte leste da ilha Ford. Estava quase no momento de soltar as bombas quando penetramos numa formação de nuvens. Nosso bombardeador-guia abanou as mãos para trás e para frente para indicar que teríamos que passar em branco, e demos uma volta sobre Honolulu para aguardar outra oportunidade. Nesse ínterim, outros esquadrões fizeram suas corridas, tendo alguns realizados três tentativas antes de lograrem êxito.

Repentinamente, colossal explosão verificou-se no cais dos encouraçados. Uma imensa coluna de fumaça se elevou a uns 300 metros, e uma violenta onda de choque atingiu o nosso avião. Devia ter explodido um paiol de pólvora. O ataque estava no auge; a fumaça dos incêndios e explosões enchia quase todo o céu de Pearl Harbor.

Observando com o binóculo o cais dos encouraçados, vi que a grande explosão havia sido no Arizona. Este continuava ardendo furiosamente, e como a fumaça cobria o Nevada, alvo do meu grupo, procurei algum outro navio para atacar. O Tennessee já estava pegando fogo, mas junto dele encontrava-se o Maryland. Dei ordem para mudar, tomando o Maryland como alvo, e voamos em direção ao fogo antiaéreo.

Quando o bombardeador do nosso avião-guia largou sua bomba, os pilotos observadores e radioperadores dos demais aviões gritaram: “Lançar!” e lá se foram as nossas bombas. Imediatamente me deitei de bruços no chão para observar através de uma fresta. Quatro bombas, formando um desenho perfeitamente simétrico, caíam a prumo como demônios da destruição. Foram diminuindo de tamanho até se transformarem em pontinhos, e finalmente desapareceram, dando lugar a quatro minúsculos clarões no navio e perto dele.

De grande altitude, os tiros perdidos são mais perceptíveis que os impactos diretos, pois produzem ondas circulares na água, fáceis de ver. Percebendo duas dessas ondas e mais dois pequenos clarões, bradei: “Dois certeiros!”. Tive a convicção de que havíamos produzido danos consideráveis. Dei ordens aos bombardeiros que haviam completado suas missões que retornassem aos porta-aviões. O meu, porém, permaneceu sobre Pearl Harbor para observar e dirigir as operações ainda em curso.

Pearl Harbor e arredores estavam convertidos num caos. O Utah havia emborcado. O West Virginia e o Oklahoma, com os cascos quase arrancados pelos torpedos, adernavam perigosamente em meio a uma inundação de óleo grosso. O Arizona estava muito adernado e ardia furiosamente. Os encouraçados Maryland e Tennessee ardiam também. O Pennsylvannia, que estava no dique, ficara intacto – evidentemente o único encouraçado que não fora atacado.

Durante o ataque, muitos dos nossos notaram os valentes esforços dos pilotos americanos para decolar com seus aviões. Apesar da grande inferioridade numérica, voaram diretamente sobre nossos aparelhos para travar combate. Os resultados foram ínfimos, mas sua coragem impôs admiração e respeito.

Os aviões de nosso primeiro ataque levaram uma hora para concluir sua missão. Quando iniciaram o regresso aos porta-aviões, após terem perdido três caças, um bombardeiro de mergulho e cinco aviões torpedeiros, entrou em cena a nossa segunda vaga de 171 aviões.

O céu agora estava tão coberto de nuvens e de fumaça que era difícil localizar os alvos. Para dificultar ainda mais a missão, o fogo da artilharia antiaérea, naval e terrestre tornara-se intensíssimo.

O segundo ataque conseguiu excelente dispersão, atingindo os encouraçados menos danificados, bem como cruzadores, e contratorpedeiros não atingidos anteriormente. Durou também cerca de uma hora, mas, em virtude da intensificação do fogo da defesa, houve novas baixas, seis caças e 14 bombardeiros de mergulho.

Depois que a segunda onda iniciou a viagem de retorno aos porta-aviões, dei novamente uma volta sobre Pearl Harbor para observar e fotografar os resultados. Contei quatro encouraçados positivamente afundados, três seriamente avariados. Outro encouraçado parecia consideravelmente desmantelado, e haviam sido destruídos numerosos navios de outros tipos. A base de hidraviões da ilha Ford estava presa das chamas, bem como os aeródromos, especialmente o de Wheeler.

Densa cortina de fumaça tornava impossível determinar os estragos sofridos pelos aeródromos. Era evidente, todavia, que boa percentagem do poderio aéreo da ilha fora destruído: nas três horas em que meu avião permaneceu naquela região, não encontramos um único avião inimigo. No entanto, vários hangares estavam ilesos, e era possível que alguns deles contivessem aviões utilizáveis.

Meu avião foi talvez o último a voltar para a esquadra, onde outros aparelhos, reabastecidos e rearmados, estavam-se alinhando, preparando-se para outro ataque. Fui chamado sem demora à ponte de comando. O Estado-Maior do Almirante Nagumo, enquanto aguardava meu relatório, estivera entretido em uma discussão intensa sobre a conveniência de lançar novo ataque.

– Quatro encouraçados positivamente afundados – informei. – Alcançamos elevado grau de destruição nas bases aéreas e nos aeródromos. Há, contudo, muitos alvos por atingir.

Insisti por novo ataque. O Almirante Nagumo, porém – numa decisão que desde então tem sido alvo de muita crítica por parte de peritos navais – preferiu voltar à base. Imediatamente foram alçadas as bandeirolas de sinais e nossos navios aproaram para o norte a grande velocidade.

Após a guerra, Fuchida foi interrogado pelo tenente RP Aiken e o tenente James A. Field, Jr., ambos da Reserva Naval dos Estados Unidos, em outubro 1945. Ele forneceu as suas impressões do ataque a Pearl Harbor e das defesas nas Ilhas Mariana e Ilhas Filipinas. Fuchida foi altamente cooperativo durante o interrogatório como observado pelos interrogadores. Ele indicou que os oficiais japoneses só completaram a análise do sucesso Pearl Harbor três dias depois do ataque, mas não repetiram um novo ataque porque foi assumido que os americanos iriam deslocar seus navios para outro lugar, ele foi chamado para prestar depoimento sobre crimes de guerra, inicialmente pensou que os americanos estavam apenas aplicando a “justiça do vencedor”.

Fuchida escreveu o Midway: The Battle that Doomed Japan em 1951, sendo considerado como cânon, pelo mundo ocidental. No entanto, Quebrado Espada de Jonathan Parshall e Tully Anthony expôs e corrigiu uma ampla gama de imprecisões encontradas no livro de Fuchida.

No outono de 1948, perto da estátua de Hachiko na Estação Shibuya, em Tóquio, Japão, Fuchida recebeu um panfleto sobre a vida de Jacob DeShazer, um membro do Ataque Doolittle, que foi capturado pelos japoneses, e mais tarde tornou-se um missionário cristão. Em 1949, perto do mesmo local, ele comprou uma cópia do Novo Testamento da Bíblia. Em maio de 1950, ele conheceu Jacob DeShazer pela primeira vez. Em 1952, ele excursionou pelos Estados Unidos como um membro da World Wide Christian Missionary Army of Sky Pilots, o que seria a primeira de suas muitas excursões ao redor do mundo como um missionário. Ele declarou-se um “embaixador da paz”. Em 1955, ele publicou o livro De Pearl Harbor até o Gólgota, também conhecido como De Pearl Harbor até o Calvário, que se concentrou ainda mais em sua fé do que os assuntos militares, mas era para ser o volume subseqüente de Midway: The Battle that Doomed Japan. Ele se tornou um cidadão americano em 1960.

Fuchida faleceu devido a complicações causadas por diabetes em Kashiwara, Japão.

Fontes:

Mitsuo Fuchida biography

Bruce Gamble, Darkest Hour
Interrogations of Japanese Officials