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Especial Pearl Harbor – 70 Anos – Nas Vésperas do Ataque


No dia 25 de novembro, Roosevelt manteve uma reunião na Casa Branca com os mais destacados dirigentes políticos e militares americanos. Estavam presentes: o Secretário de Guerra Stimson, o Secretário da Marinha Konx, o Secretário de Estado Hull, o General Marshall e o Almirante Stark. Nessa conferência o presidente e seus ministros discutiram a possibilidade de um ataque japonês de surpresa.

Stimson narrou posteriormente os pormenores da discussão. Reproduzimos seu relato: “O Presidente, logo de início, referiu-se às relações com o Japão. Mr. Hull disse que os japoneses estavam inclinados para o ataque e que poderiam atacar a qualquer momento. O Presidente disse que os japoneses eram conhecidos por realizar um ataque sem prevenir e manifestou que poderíamos ser atacados, digamos, por exemplo, na próxima segunda-feira… Um problema nos inquietava profundamente. Se alguém sabe que seu inimigo está por atacar, não é inteligente esperar até que ele dê o salto sobre a gente, tomando a iniciativa. Apesar do risco que implicava deixar que os japoneses efetuassem o primeiro disparo, nos dávamos conta que a fim de termos o pleno apoio do povo americano era desejável ter certeza que os japoneses foram os que fizeram isso de tal forma que não ficasse dúvida em mente alguma sobre quem eram os agressores… A questão era como devíamos manobrá-los (aos japoneses) para levá-los à situação de disparar o primeiro tiro sem que o perigo para nós fosse muito grande. Era um assunto difícil”.

Ao concluir a reunião na Casa Branca Stimson dirigiu-se ao seu gabinete na Secretaria de Guerra e ali recebeu de seus assessores uma notícia urgente. Os japoneses estavam embarcando grandes contingentes de tropas no porto de Xangai, e as unidades avançadas dessa frota de invasão já se encontravam navegando junto à costa chinesa ao sul da ilha de Formosa. Assim, o ataque contra a Malásia e as Índias Orientais já estava praticamente em marcha. Stimson telefonou imediatamente ao Presidente Roosevelt, e lhe informou a dramática nova.

A possibilidade de acertar a trégua proposta por Hull ficou assim completamente eliminada. Além disso, em novas consultas, Hull comprovou que as potências aliadas e principalmente a China opunham-se a um acordo com o Japão.

Na noite de 25 de novembro chegou a resposta de Churchill e seu conteúdo decidiu finalmente Hull a abandonar todas as intenções de conciliação com os japoneses. O primeiro-ministro britânico assinalava que a projetada trégua era prejudicial a Chiang Kai-shek e poderia contribuir para o desmoronamento da resistência chinesa. Hull comunicou então sua decisão a Roosevelt, o qual lhe deu plena aprovação.

A nova proposta redigida por Hull era uma exposição clara e terminante das exigências americanas. Oferecia aos japoneses suspender as sanções econômicas e propunha a assinatura de um tratado de comércio e um pacto mútuo de não agressão, sob a condição de que os Japão retirasse todas as suas forças da China e da Indochina e reconhecesse como único governo chinês o regime de Chiang Kai-shek. Esta oferta, com certeza, não seria aceita pelo governo de Tojo, pois equivalia à renúncia de todas as conquistas realizadas pelos japoneses no continente asiático. Assim entendeu Hull que, em 27 de novembro, disse ao Secretário de Guerra Stimson: – Lavei minhas mãos a respeito desse assunto e agora está em suas mãos e nas de Knox, do Exército e da Marinha. O jogo da diplomacia estava encerrados.

Em Tóquio, o documento americano causou uma imediata reação. O gabinete resolveu iniciar a guerra no momento em que as forças de ataque estivessem prontas para entrar em ação. O Ministro das Relações Exteriores enviou sem demora um telegrama ao Embaixador Nomura – decifrado pelo serviço de inteligência da marinha americana – no qual lhe comunicava a decisão do governo de dar por terminadas todas as negociações. Como último trâmite, Nomura deveria apresentar um relatório com os pontos de vista japoneses que lhe seria enviado com urgência. A entrega desse documento significaria a ruptura diplomática das relações entre ambos os países. Este telegrama que também fôra interceptado e decifrado pelo serviço de inteligência da marinha americana, permitiu que o governo de Washington tomasse conhecimento antecipado de que a nova nota japonesa equivaleria, de fato, ao início da guerra.

Diante da crítica situação, os secretários da Guerra e da Marinha viram-se com o problema de escolher a atitude que as forças armadas americanas adotariam. O General Marshall e o Almirante Stark aconselharam novamente não iniciar as hostilidades até que os japoneses tivessem atacado ou ameaçassem diretamente as possessões americanas, britânicas ou holandesas no Pacífico. Esta proposta foi aceita e foi transmitida uma mensagem de alerta de guerra às guarnições americanas localizadas naquele oceano.

O Almirante Kimmel, chefe da frota ancorada em Pearl Harbor, foi avisado de que as negociações com o Japão estavam rompidas, devendo ele esperar um ataque para os próximos dias. Assinalaram no entanto que tal ataque, de acordo com as informações recolhidas, teria por objetivo as Filipinas, Tailândia, Malásia ou Bornéu. A mensagem não continha qualquer indicação de que a agressão poderia ser dirigida contra Pearl Harbor, apesar de terem sido interceptadas numerosas comunicações de Tóquio ao cônsul japonês no Havaí, solicitando detalhadas informações sobre o número e tipo de navios estacionados em Pearl Harbor, e o lugar exato de seus ancoradouros.

Às 2 horas da tarde de 1o de dezembro o gabinete japonês reuniu-se na presença do Imperador Hiroíto. Tojo anunciou que já não podia esperar nada das vias diplomáticas e que era necessário iniciar imediatamente a guerra. Os chefes da Marinha e do Exército anunciaram que estavam prontos e ansiosos por entrar em ação. Diante dessas entusiásticas manifestações o Imperador Hiroíto permaneceu em absoluto silêncio. A decisão de iniciar a guerra foi tomada, no entanto, com sua tácita aprovação. No dia seguinte o Almirante Yamamoto enviou ao Almirante Nagumo, cuja frota já se encontrava navegando para Pearl Harbor, a mensagem em código que confirmava a ordem de ataque: Escale o monte Nitaka.

Fonte: http://adluna.sites.uol.com.br/

Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

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