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Especial Pearl Harbor – 70 Anos – Documentos Anexos – Final


Informes de Pearl Harbor

Tóquio ao Cônsul-Geral em Honolulu

24 de setembro de 1941 (n° 83). Adiante  encarecemos nos envie informações relativas navios de guerra conforme as seguintes normas até onde seja possível: (1) As águas de Pearl Harbor serào divididas em 5 subzonas, aproximadamente. Nada temos a objetar se você as reduz da forma que achar mais conveniente. Zona A: águas entre a ilha Ford e o Arsenal. Zona B: Águas adjacentes à ilha ao sul e ao oeste da ilha Ford. Esta zona acha-se do lado oposto à ilha da Zona A. Zona C:  East Loch. Zona D: Middle Loch. Zona E: West Loch e as rotas marítimas de comunicação. (2) Com respeito aos navios de guerra e porta-aviões desejamos ter seus informes sobre os que estão ancorados (estes não são tão importantes), amarrados e ancorados, bóias e em diques. Indique sucintamente tipos e classes. Se for possível, desejaríamos que você mencionasse o caso de quando houver dois ou mais navios ancorados um junto ao outro, num mesmo ancoradouro. (Decifrado no Departamento de guerras dos EUA no dia 9 de outubro de 1941).

Cônsul-Geral em Honolulu a Tóquio

29 de setembro de 1941 (n° 178). ( A mensagem n° 178 respondia ao n° 83 e estabelecia uma designação em código de duas letras para cada uma das cinco zonas em que se dividia Pearl Harbor). (Decifrado no Departamento da Marinha dos EUA no dia 10 de outubro de 1941).

Tóquio ao Cônsul-Geral em Honolulu

15 de novembro de 1941 (n° 111). Como as relações entre o Japão e Estados Unidos são sumamente críticas envie em forma irregular seus informes sobre navios em Pearl Harbor, se bem que a um ritmo de dois por semana. Apesar de você ser muito cauteloso, permitimo-nos esclarecer a necessidade de manter o maior segredo (Decifrado no Departamento da Marinha dos EUA no dia 3 de dezembro de 1941).

Cônsul-Geral em Honolulu a Tóquio

18 de novembro de 1941 (n° 222) (A mensagem n° 222 era um informe sobre os navios americanos que se encontravam nas diferentes zonas de Pearl Harbor). (Decifrado no Departamento de Guerra dos Estados Unidos no dia 6 de dezembro de 1941).

Tóquio ao Cônsul-Geral em Honolulu

18 de novembro de 1941 (n° 113). Favor informar sobre as seguintes zonas, quanto a navios ancorados: Zona N, Pearl Harbor, Baía Mamala (Honolulu) e as zonas adjacentes a elas. Efetue suas investigações com grande segredo. (Decifrado pelo Departamento de Guerra dos Estados Unidos  no dia 5 de dezembro de 1941)

Tóquio ao Cônsul-Geral em Honolulu

20 de novembro de 1941 (n° 111). Favor investigar rapidamente as bases da frota nas vizinhanças da zona militar do Havaí (Decifrado no Departamento de Guerra dos EUA no dia 4 de dezembro de 1941).

Tóquio ao Cônsul-Geral em Honolulu

29 de novembro de 1941 (n° 122). Recebemos quatro informes sobre movimentos de navios. No futuro, favor informar também quando não haja movimento. (Decifrado no departamento da Marinha dos EUA no dia 5 de dezembro de 1941).

 

Mensagens “Púrpura”

Textos de algumas das mensagens secretas que, deciframos com o código “púrpura”, foram enviados pelo governo japonês ao Embaixador Nomura em Washington

5 de novembro de 1941 (n° 736)

É absolutamente necessário que todas as disposições sejam tomadas para que assinatura deste acordo seja completada até o dia 25 deste mês. Compreendemos ser esta uma ordem difícil; mas, dadas as circunstâncias, é inevitável. Favor entender isto a fundo e encare o problema de evitar que as relações entre o Japão e Estados Unidos caiam em um estado caótico. Rogamos que proceda, portanto, com grande determinação e com um esforço ilimitado. (decifrado em 5 de novembro de 1941)

11 de novembro de 1941 (n° 762)

A julgar pelo andamento das negociações parece que há indícios de que os Estados Unidos não se deram conta da crítica situação. Persiste o fato de que a data estabelecida em nossa mensagem n° 736 é absolutamente inamovível nas presentes condições. É uma data final definitiva e por conseguinte é essencial que se consiga um acordo até ela. O governo deve ter um quadro claro dos acontecimentos ao apresentar o caso ao Parlamento. Pode ver assim que a situação se aproxima do ápice e o tempo realmente está se esgotando. (decifrado no dia 12 de novembro de 1941)

16 de novembro de 1941

(1) Li seu número 1090 e pode estar seguro de que tem toda nossa gratidão pelos esforços que realizou. A sorte de nosso império pende de um delgado fio. Por isso, favor lutar mais duramente que nunca. (2) Em nossa opinião deveríamos esperar e ver que rumo toma a guerra e permanecer pacientes; no entanto, lamento profundamente dizer que a situação faz que isto seja afastado. Estabeleci essa data final para a solução dessas negociações em nosso número 736 e não haverá mudanças. Favor tratar de compreender isto. Veja quão breve é o tempo; por esse motivo não permita que os Estados Unidos nos desviem e continuem retardando as negociações. Pressione-os para uma solução sobre a base de nossas propostas e faça o melhor para chegar a uma solução imediata (decifrada em 17 de novembro de 1941)

22 de novembro de 1941 (n° 812)

É terrivelmente duro para nós considerarmos uma mudança na data que fixamos em nosso n° 736. Você o sabe. No entanto, sabemos que está trabalhando tenazmente. Ajuste-se à política fixada e faça o melhor. Não economize esforços e procure conseguir a solução que desejamos. Há razões além de sua capacidade de suspeita pela quais necessitamos definir as relações nipo-americanas até o dia 25; mas se dentro dos próximos 3 ou 4 dias puder terminar as conversações com os americanos, se a assinatura pode ser completada para o dia 29; deixe-nos escrever esta data por extenso: vinte e nove; se as notas relativas podem ser intercambiadas; se podemos chegar a um entendimento com a Inglaterra e a Holanda; e, em resumo, se todas as questões podem ser concluídas, resolvemos esperar até essa data. Esta vez, garantimos que a data final não poderá ser trocada, em absoluto. Depois dela, os acontecimentos começarão a ocorrer de maneira automática. Favor fazer isto objeto de sua cuidadosa consideração e trabalhe mais duramente que nunca. Isto, por ora, é apenas para informação dos embaixadores, exclusivamente. (decifrado no dia 22 de novembro de 1941)

 

Plano de guerra americano

Apresentado no dia 5 de novembro de 1941 ao Presidente Roosevelt pelo General Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército, e pelo Almirante Stark, chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA. “(a) Os objetivos básicos militares e estratégicos acordados nas conversações entre os estados-maiores britânico e americano continuam sendo válidos. O objetivo fundamental das duas nações é derrotar a Alemanha. Se o Japão for derrotado e a Alemanha continua em guerra, a decisão não terá sido alcançada. Em todo caso, uma guerra ofensiva ilimitada não deve ser empreendida contra o Japão, uma vez  que ela enfraquecerá muito o esforço combinado no Atlântico contra a Alemanha, que é o inimigo mais perigoso. (b) A guerra entre Estados Unidos e Japão deve ser evitada enquanto se aumenta as forças defensivas no Extremo Oriente, até o momento em que o Japão ataque ou ameace diretamente territórios cuja segurança seja de grande importância para os EUA. Só devem ser realizadas ações militares contra o Japão em caso de se produzirem uma ou várias das seguintes contingências: (1) uma ação direta de guerra das forças armadas japonesas contra o território ou territórios sob mandato dos EUA, a Comunidade Britânica, ou as Índias Orientais Holandesas.; (2) A penetração de forças armadas japonesas na Tailândia ao oeste dos 100o de longitude este, ou ao sul dos 10o de latitude norte; ou em Timor português, Nova Caledônia ou nas ilhas da Lealdade. (c) Do ponto de vista da estratégia mundial, um avanço japonês sobre Kuming ou a Tailândia,  salvo no caso anteriormente citado, ou um ataque contra a Rússia, não justificariam a intervenção dos Estados Unidos contra o Japão. (d) Deve ser oferecida ao governo central chinês toda a ajuda que seja possível realizar, sem entrar abertamente em guerra. Especificamente recomendamos: Que não seja autorizado o envio de forças armadas dos Estados Unidos para intervir contra o Japão na China. Que a ajuda material à China seja acelerada de acordo com as necessidades da Rússia, Inglaterra e de nossas próprias forças. Que a ajuda ao Grupo Voluntário Americano seja contínua e acelerada na máxima extensão possível. Que não seja apresentado um ultimato ao Japão”.

 

Mensagem final de Roosevelt a Hiroíto

Texto do telegrama enviado ao Embaixador americano em Tóquio, Joseph Grew, para ser entregue ao Imperador Hiroíto.

818 – 6 de dezembro – 21 horas

Confidencial

Favor comunicar quanto antes possível e na forma que julgar mais correta, a seguinte mensagem do Presidente ao Imperador: “A Sua Majestade Imperial, o Imperador do Japão:

Há aproximadamente um século, o Presidente dos Estados Unidos dirigiu ao Imperador do Japão uma mensagem formulando uma oferta de amizade do povo de seus país ao do Império. Essa oferta foi aceita, e no longo período de ininterrupta paz que se seguiu, nossas respectivas nações, através da virtude de seus povos e do bom critérios de seus governantes, prosperaram e ao mesmo tempo contribuíram para o bem da humanidade. Só em situações de extraordinária importância para nossos países vejo-me na obrigação de enviar a Sua Majestade mensagem sobre assuntos de Estado. Considero que devo fazê-lo desta vez, por causa da grave e transcendental emergência que parece estar formando-se. Estão ocorrendo na zona do Pacífico acontecimentos que ameaçam privar a nossas nações e a toda a humanidade da benéfica influência da paz duradoura entre nós. Esses acontecimentos encerram trágicas possibilidades. O povo dos Estados Unidos, que acredita na paz e no direito das nações de viver e deixar viver as outras nações, acompanhou com ansiedade as conversações mantidas entre nossos governos durante os últimos meses.

Confiamos no término do atual conflito entre o Japão e a China. Confiamos em que se poderia estabelecer no Pacífico uma paz de tal natureza que povos de diversas nações pudessem conviver sem temor de uma invasão.; que se poderia suprimir delas todos os inadmissíveis excessos de armas e que todos os povos poderiam reiniciar seu comércio  sem discriminações em favor ou contra alguma nação. Tenho certeza de que Sua Majestade compreenderia tão bem como eu que, ao perseguir esses elevados objetivos, tanto o Japão como os Estados Unidos devia estar de acordo em eliminar qualquer forma de amaça militar. Isto parece-me essencial para atingir os objetivos. Há mais de um ano o Governo de Sua Majestade concluiu com o de Vichy um acordo pelo qual cinco ou seis mil soldados japoneses poderiam penetrar no norte da Indochina Francesa para proteger as tropas que estavam operando contra a China mais ao norte. E durante a última primavera e verão o Governo de Vichy permitiu a entrada de novas forças armadas. Japonesas ao sul da Indochina, com o objetivo de defendê-la. Creio que não me engano ao dizer que não se levou a cabo, nem sequer foi projetado um ataque contra a Indochina Francesa. Durante as últimas semanas tornou-se evidente para o mundo que as forças militares, navais e aéreas japonesas introduziram-se em tal quantidade no sul da Indochina, que dão lugar a uma razoável dúvida por parte das demais nações pelo mundo, no sentido de que essa concentração continuada não é de caráter defensivo. Em vista do fato a que refiro, e de que as tropas estão se estendendo para os extremos sudeste e sudoeste da península, é agora naturalmente razoável que o povo das Filipinas, das centenas ilhas das Índias Holandesas, da Malaia e da Tailândia mesmo se pergunte se essas forças do Japão estão preparando ou tratando de efetuar um ataque em uma ou outra dessas direções. Estou seguro de que Sua majestade compreenderá que o temor de todos esses povos é legítimo, desde que se encontrem comprometidas sua existência nacional e a paz. E restou seguro também de que Sua Majestade compreenderá porque o povo dos Estados Unidos, em sua maioria, olha com receio o estabelecimento de bases militares, navais e aéreas, dotadas e equipadas em forma tal que podem constituir forças armadas e em condições de realizar ações defensivas. Fica claro que a persistência de uma situação dessa natureza é inconcebível. Nenhum dos povos a que me referi acima está obrigado a permanecer, seja transitória ou permanentemente, sobre um barril de dinamite. Não existe absolutamente  alguma intenção de parte dos Estados Unidos de invadir a Indochina se se retirassem  dela todos os soldados e marinheiros japoneses. Creio  que podemos obter a mesma segurança de parte dos respectivos governos das Índias orientais, da Malásia e da Tailândia. Comprometemo-nos ainda a conseguir a do Governo da China. Desta forma a retirada das forças japonesas da Indochina daria por resultado o afiançamento da paz e em toda a zona meridional do Pacífico. Dirijo-me pessoalmente a Sua Majestade, a fim de rogar-lhe que, como eu o faço, pense na forma de dissipar as nuvens negras na atual emergência. Considero que nós, não apenas em benefício do povo de nossos grandes países, mas também por um princípio de humanidade para com os povos vizinhos, temos o sagrado dever de restabelecer a tradicional amizade e evitar novos  atos de guerra e destruição no mundo. Franklin Roosevelt (A imprensa foi apenas informada de que o Presidente enviara uma mensagem ao imperador)

 

Churchill recebe a notícia

Nove da noite do dia 7 de dezembro de 1941. No gabinete de Winston Churchill, o velho líder inglês acha-se reunido com o embaixador americano Winnant e Averell Harriman. O primeiro-ministro sintoniza seu aparelho de rádio para escutar as últimas notícias da frente russa e a luta na África do Norte. Não suspeita da gravidade dos acontecimentos que acabam de ocorrer no Pacífico. Churchill, fatigado pelas tarefas do dia, fuma um grande charuto, como de hábito. A voz do locutor não consegue tirá-lo de sua sonolência. Seus companheiros de mesa igualmente não lhe presta maior atenção. O locutor está por finalizar a sua leitura quando pronuncia, em tom um pouco mais alto, algumas frases. Estas tem a virtude de sacudir aos que ouvem. Entre as frases do locutor haviam-se destacado palavras como “Pearl Harbor”… “Ataque japonês”… Desconcertado, Churchill interroga a seus companheiros com o olhar. Harriman repete com voz emocionada o que acabam de escutar. Nesse momento irrompe  na casa o mordomo do primeiro-ministro. Aproxima-se rapidamente e, deixando de lado a  sua habitual circunspecção, exclama: “É certo! Os japoneses  atacaram aos americanos”.

Churchill abandonou rapidamente sua residência e ordenou a seus subordinados que o pusessem imediatamente em comunicação com o Presidente Roosevelt, Poucos minutos depois, os dois chefes aliados conversavam telefonicamente. Roosevelt confirmou a notícia escutada, dizendo-lhe: “É totalmente verdade… Atacaram-nos em Pearl Harbor… Agora estamos no mesmo barco…

“Churchill, consciente da extrema gravidade do momento, respondeu: “isto, certamente, simplifica as coisas… Que Deus esteja convosco!”

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  Encerramos Aqui a Série em Homenagem aos 70 anos do Ataque a Pearl Harbor.

Fonte: http://adluna.sites.uol.com.br/

Adolfo Luna Neto – É filho do segundo-sargento Adolfo Luna Filho, portanto nada mais justo do que publicar a pesquisa do filho de um Guerreiro da FEB.

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