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Archive for julho \31\America/Recife 2013

As Baixas da Polícia do Exército na FEB

 Bem, não é de hoje que buscamos pesquisar sobre a origem da Polícia do Exército e sua formação no Brasil. O pesquisador Rigoberto Souza enviou informações importantes que nos levam mais uma vez a refletir sobre o importante papel da MP (Miltary Police) brasileira, futura Polícia do Exército, no Teatro de Operações da Itália. Não por acaso, a postura e a coragem desses soldados iniciaram a tradição que perpetuou a estigma máxima do soldado da Polícia do Exército ser um militar diferenciado. Já na sua estruturação encontramos um militar preparado para desempenhar suas inúmeras funções. Segue abaixo descrição do soldado PE realizada no livro A FEB por um Soldado de Joaquim Xavier. A narrativa expõe a morte de um soldado MP abatido por soldado americano embriagado.

 “Quem foi motorista na FEB não esquece a figura dos MP (Military Police, nome inicialmente dado ao Policial do Exército durante os combates na Itália) postados em uma encruzilhada ou na cabeceira de alguma ponte, dando as informações precisas, mandando aguardar ou avançar. Os membros do Pelotão frente de combate ou na retaguarda, com a missão de orientar o tráfego de veículos em comboios, carros de combate e deslocamento de tropas a pé. Essas missões obrigavam a permanecer em seus postos, e muitas vezes sob forte bombardeio inimigo. O Pelotão de Polícia teve algumas baixas, uma delas extremamente dolorosa: um soldado da MP, em serviço na Ponte Veturinna, no dia 10 de fevereiro de 1945, deu voz de prisão a um elemento da tropa aliada, em estado de embriaguez, que não queria obedecer sua instrução. Foi abatido a tiros por esse militar embriagado, que, preso logo em seguida, foi entregue à sua unidade de origem. Esse militar respondeu à Corte Marcial e foi fuzilado. O fato causou constrangimento , mas também surpresa, pela rapidez com que o comando aliado julgou e condenou o responsável à pena máxima, sem apelação ou qualquer mercê.”

  Abaixo vamos encontrar a fotografia e as informações sobre o Soldado CLOVIS ROSA DA SILVA, Natural do Estado de São Paulo, Morto quando fazia o Policiamento na Ponte Veturinna na Itália . Também encontramos informações sobre uma segunda baixa, esta em uma acidente de veículo que vitimou outro soldado PE.

 Essas informações são extremamente importantes para que possamos trazer à luz a memória daqueles que se sacrificaram no cumprimento do dever.

Fontes:
Expedicionários Sacrificados na Itália – Dr. Aluízio de Barros – 1957
Os mortos da FEB – Boletim Especial do Exército – 1946
Uma saudade – João dos Santos Vaz – 1973
 Mais sobre a História da Polícia do Exército:  Origem e Histórias da Polícia do Exército

Povo Brasileiro, Olhai para Teu Passado de Glória!

As questões que envolvem a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial sempre são colocadas à margem de nossa história. Um professor de História em uma comunidade especializada afirmou que, exceto pelos rumores de submarinos alemães na nossa costa o Brasil não teve qualquer mudança em sua rotina com a Segunda Guerra. Um absurdo histórico que jamais poderia ter sido proferido por um pessoa que ensina História.

O início desse processo de envolvimento do país esteve diretamente relacionado com o afundamento de navios mercantes brasileiros em nossas águas, em um ataque deliberado contra nosso país. Os corpos das vítimas, entre elas muitas crianças, passaram semanas aparecendo no nosso litoral,  o que causou comoção popular. O povo, como não poderia ser diferente, saiu às ruas pedindo vingança pelos afundamentos de nossas embarcações, em especial os ocorridos nos dias 15 a 19 de agosto de 1942, executado friamente pelo Capitão-de-Corveta Harro Schacht com o U507.

 Enganam-se aqueles que pensam que o fator preponderante para o engajamento de nossas forças se resume a interesses políticos e econômicos. O povo pediu que o país se posicionasse contra as nações agressoras, e não havia dúvida, o ataque tinha sido praticado por alemães. Não há argumentos historiograficos, e nunca houve dúvida da autoria dos ataques ao transporte de cabotagem do Brasil.

Amanhã, 31 de julho 2013, lembramos os 70 anos do afundamento do U199, pelo  Tenente Torres, fato que nos leva a analisar o grande esforço que nossas Forças Armadas tiveram que executar para garantir a soberania de nosso território. Não só a recém criada Força Aérea Brasileira, mas também a nosso Marinha de Guerra que sofreu pesadas baixas e da nossa Força Terrestre que comemora em 09 de agosto de 2013, 70 anos de criação da Força Expedicionária Brasileira. Fatos marcantes que os brasileiros devem lembrar, é uma obrigação dessa geração, pelo esforço da geração de 1943.

Nesta publicação realizamos uma homenagem às nossas Forças Armadas. O primeiro é  um Boletim de Ordens e Notícias assinado pelo Almirante-de-Esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, lido oficialmente em todos os navios de nossa Marinha. O segundo um artigo de autoria do Tenente Monteiro, Presidente do Conselho Nacional dos Oficiais da Reserva, historiador e amigo. E o último é uma homenagem ao integrantes da Força Expedicionária Brasileira, fotografias dos integrantes da Regional Pernambuco.

Neste contexto estaremos abordando nossas três Forças e lembrando ao Povo Brasileiro, que quando cantamos em nosso Hino ” Verás que um filho teu não foge à luta…” não é uma utopia, mas uma realidade que se fez presente em outras gerações.

Galeria Impressionante!

Claro que só a TIMES poderia proporcionar uma qualidade de imagem no mais alto padrão em fotografias tiradas a mais de 60 anos.

 

As Melhores Fotografias para uma Análise Histórica

Cada fotografia tem uma expressão histórica que fala. Basta entende-la para compreender o seu contexto e com isso refazer o cenário do passado.

Para entender esse conceito de se estudar história, publicamos uma série de fotografias de cenários, exércitos e situações diversas para que cada uma possa refletir e entender o que cada fotografia quer dizer. Se você analisou uma foto e não conseguiu contextualizar ela na guerra, pode estudar um pouco mais…

Série: Fotografias Históricas Sem Noção Nenhuma!

Continuando a série sem noção! Se não houvesse registro, não dava para acreditar!

 

Categorias:Humor na Guerra

Hitler: Uma Visão Diferente!

Deixando de lado os pensamentos da figura vil de Hitler pós-guerra e analisando a figura política do estadista alemão do início da década de 30, vamos perceber o fascínio que esse austríaco exercia sobre as pessoas. Não me refiro apenas aos discursos extremistas que enxertavam esperança na mente dos alemães quando nada mais parecia funcionar no país. O que podemos observar é que Hitler criou de forma proposital a figura idiomática de um verdadeiro “Messias salvador”, sem família, sem pretensões pessoais, apenas com único objetivo de liderar a nação ariana para a conquista do Lebensraum  (Espaço Vital). Para tanto contou com o mestre referenciado até os dias de hoje como o inventor da propaganda moderna. Joseph Goebbels foi seu vassalo até o limite da vida. Hitler contou com toda a nova forma de vender sua imagem, e conseguiu com isso uma nova guerra, dando forma a um novo mundo.

Para mostrar uma visão diferente desse austríaco que mudou a história da humanidade de forma pouco louvável, algumas fotografias que mostram as facetas do ditador.

A Incrível Invasão de Los Angeles Durante a Segunda Guerra Mundial

Esta matéria referir-se a uma histórica batalha travada em Los Angeles durante a 2ª Guerra Mundial e que teve seis mortos — três por estilhaços e três por ataque cardíaco. A razão para tal classificação é sua estranheza; afinal, nenhum dos inimigos foi visto pessoal ou fisicamente e nem foi atingido. Hoje, passados exatos 70 anos, emerge a face cômica ou paranóica do episódio. O episódio: a Batalha de Los Angeles foi um incidente ocorrido na noite de 24 para 25 de fevereiro de 1942 quando forças militares dos Estados Unidos abriram fogo contra objetos voadores. Não se sabia o que eram. Os EUA estavam em guerra, temerosos de um ataque japonês à costa oeste e a paranoia grassava.

E era compreensível. O ataque de surpresa à base naval de Pearl Harbor, no Havaí, ocorrera há menos de três meses, em 7 de dezembro de 1941, e os norte-americanos estavam em alerta, aguardando um novo ataque.

Mas não havia somente o receio de um ataque japonês pela costa do Pacífico. A população tinha também extremo temor de extraterrestres. Fazia menos de quatro anos que o cineasta e ator Orson Welles transmitira na rádio da CBS — em outubro de 1938 — uma adaptação de A Guerra dos Mundos, obra de ficção científica de H.G. Wells, escrita em 1898. Welles colocou ruídos estranhos seguidos de sua voz, empostada e calculadamente amedrontadas, narrando uma invasão de Marte a nosso planeta. Eles, os marcianos, estariam em batalha com a polícia em Grovers Hill, local próximo a Nova Iorque. Welles anunciou um número incerto de mortes. Em Nova York, quartéis dos bombeiros, postos policiais, hospitais e redações de jornais foram invadidos por multidões. As pessoas estavam apavoradas. O rádio exercia grande influência na população e todos acreditaram na invasão por visitantes hostis, talvez verdes. Várias pessoas se jogaram de janelas, mas também foram explorados outros gêneros de suicídios. Outras, simplesmente saíram histéricas pelas ruas. Para piorar, Welles pôs no ar uma declaração fictícia do secretário do Interior sugerindo que as pessoas deveriam sacrificar suas próprias existências a fim de fazer prevalecer a vida humana na Terra. Passados alguns minutos, Welles retornou anunciando que os monstros estavam próximos de Nova York.

Menos de quatro anos depois, em Los Angeles, o rádio nem precisou divulgar o fato. Bastaram algumas luzes no céu e 100.000 pessoas foram às ruas e 1400 mísseis antiaéreos do exército americano foram disparados. Nada foi atingido.

A Batalha

Quem não estava na rua foi acordado pelas sirenes e disparos. Toda a força bélica e os milhares de soldados envolvidos foram inúteis, tudo o que caiu do céu foi aquilo que foi lançado aos ares pela defesa norte-americana. Além dos três mortos, vários automóveis e residências foram danificadas por estilhaços. As autoridades militares não sabiam o que informar à população. As declarações eram bem mais conflitantes do que as da dupla Welles-Wells. Dias depois, não havia mais estimativas confiáveis sobre o número de objetos vistos no céu. Algumas pessoas diziam que era um único objeto que voava a 300 Km por hora. Outros afirmaram que eram vários objetos luminosos. Houve quem afirmasse ter visto esquadrilhas com objetos de tamanhos variados. Tornou-se impossível separar os relatos verídicos das afirmações embaladas pela histeria daqueles dias. Então os militares passaram a negar o ocorrido. Impossível. Sob a a expectativa geral, o então secretário da Marinha, Frank Knox, convocou uma coletiva de imprensa onde afirmou que tudo fora causado por um alarme falso, certamente fruto da tensão da guerra, contudo no editorial do Long Beach Independent, estampava-se a desconfiança: “Existe uma misteriosa reticência envolvendo o assunto e parece haver alguma censura que está tentando impedir as discussões sobre o fato”. Então, após inúmeras contradições, os militares afirmaram que se tratava de uma exótica operação japonesa, realizada através de aviões que tinham como base um submarino capaz de transportar um (1) caça (imagem abaixo), e que tinham o objetivo de causar medo e atingir o moral dos EUA durante a guerra. Impossível encerrar a questão deste modo. Foi criada uma ficção de apoio: houvera também um ataque de um submarino em 23 de fevereiro a instalações de armazenamento de óleo nas proximidades de Santa Bárbara (litoral da Califórnia), o que comprovaria a presença japonesa. Mas também isto logo foi negado. Nada justificaria uma ação desta natureza, em território inimigo, sem qualquer tipo de auxílio próximo — o mar de Los Angeles estava lotado de navios americanos — e sem que existisse qualquer “benefício” imediato. Pensou-se também em balões japoneses que trariam cargas explosivas. Só que um balão seria facilmente atingido e nada caiu, nem foi destruído. Onde estavam os destroços?

A “explicação”

Hoje, os ufólogos tomaram o caso para si. Se não foram aviões nem balões, certamente foi um foo fighter. Tal termo era utilizado por aviadores durante a Segunda Guerra Mundial para descrever fenômenos aéreos misteriosos, considerados OVNIs por eles. O(s) galhofeiro(s) objeto(s) que se desv(iou)(aram) da artilharia norte-americana, negando-se a cair, teria(m) criado “as políticas de acobertamento” de OVNIs, das quais os ufólogos tanto se ressentem.

O psiquiatra e psicanalista Cláudio Costa interpreta o fato do ponto de vista comportamental: “A Batalha de Los Angeles é interessantíssima por envolver três mecanismos distintos. Em primeiro lugar, houve o efeito do medo sobre o comportamento da massa — Pearl Harbor tinha acontecido há menos de três meses. A massa obedece as leis do inconsciente, age por impulso, sem lógica ou cronologia, por impulso, sem racionalidade, sem pensar nas consequências e inteiramente contaminada por emoções. A surpresa é que o próprio Exército agiu da mesma forma. Sabe-se que o medo se expressa pela fuga ou pela luta. O povo poderia optar pela fuga descontrolada, mas um exército tinha que lutar, ainda mais que estava fortemente armado. O segundo mecanismo foi a denegação do fato, ou seja, eles não apenas queriam negar que bombardearam um inimigo provavelmente inexistente, mas apagar o acontecido e, principalmente, o que tinham visto. Tentavam fazer valer a lei do ‘não há documento, não houve o fato’, apesar do que todos tinham vivenciado e fotografado. E o terceiro é a criação do mito dos discos voadores, que é a tentativa de explicar algo inexplicável”.

Publicado no site: miltonribeiro.sul21.com.br

Além da Galeria com os registros da época, vamos publicar as aeronaves que foram lutar no Teatro de Operações do Pacífico.

Mais Fotografias Antes e Depois

Segue abaixo mais uma publicação das fotografias antes e depois (Then and Now):

 

Apresentando a 92ª Divisão Buffalo – Afroamericanos

A tropa brasileira lutou com outras divisões aliadas, contudo, de forma mais destacada, estavam a 10º Divisão de Montanha e a 92º Divisão de Infantaria, conhecida como Divisão Buffalo.

A 92ª Divisão de Infantaria Americana era uma unidade do Exército dos Estados Unidos que combateu na Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial. Organizada em Outubro de 1917, em Camp Funston, Kansas, a unidade era formada por negros americanos e afro-descententes praticamente de todos os estados americanos.

Antes de partir para França em 1918, a divisão foi presenteada com a insígnia dos “Buffalo Soldiers”. O apelido “soldado búfalo” data do final de 1860, quando os soldados negros se apresentaram como voluntários para o oeste americano. Os índios americanos, que encaravam a nova ameaça como “homens brancos pretos”, inventaram o termo “soldado búfalo” como mostra de respeito para um valoroso inimigo. De acordo com uma história, os índios pensavam que os soldados negros, com sua pele escura e cabelos encarapinhados, pareciam búfalos. Outra história diz que o nome vem do couro de búfalo que muitos soldados negros usavam durante os duros invernos no oeste, como um suplemento à seus inadequados uniformes do governo2

Com esta segregação, foi a única divisão de infantaria americana composta por negros, colocada em combate na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, fazia parte do V Exército e serviu na Campanha da Itália de 1944 até o fim da guerra.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as unidades de combate eram racialmente segregadas e muitos deles tinham que provar seu valor para serem aceitos em determinadas companhias. Dos 990.000 negros americanos selecionados para o serviço militar durante a 2ª Guerra Mundial, somente uma divisão negra combateu como infantaria na Europa, a 92ª Divisão de Infantaria. A grande maiorias dos afro-americanos usando uniforme eram designadas para para atividades de construção ou intendência, neste último servindo basicamente na marinha e dentro destes serviços estavam o nada agradável, registro e inventário de sepulturas. O governo alegava que os negros não eram suficientemente motivados ou agressivos para lutar.

Apesar de reconhecida como uma unidade composta de negros, mesmo dentro dela havia segregação começando com os oficiais de primeira linha, onde todos os oficiais superiores eram brancos, ficando os negros com os comandos de segunda linha (oficiais inferiores)

Sob o comando do General de divisão Edward Almond, a 92ª iniciou seu treinamento de combate em outubro de 1942, seguindo para ação na Itália no verão de 1944, subordinada inicialmente à 1 ª Divisão Blindada .

Durante a campanha teriam contato com as tropas francesas e britânicas, nas quais a segregação etnoracial (de negros africanos, marroquinos, argelinos, indianos, gurkhas, árabes e judeus palestinos) também era regra. Também travariam contato com europeus exilados provenientes dos países ocupados pela Alemanha: poloneses, gregos e tchecos; italianos antifascistas; assim como com as tropas da Força Expedicionária Brasileira, que, em vez de segregacionismo, possuíam diversidade étnica.

Depois do desembarque no área continental da Itália em Salerno, em 9 de setembro de 1943, os aliados tinham tentado sem sucesso destruir Kesselring antes de janeiro de 1944. Agora eles mais uma vez esperavam fazer significativos avanços antes das nevascas de inverno que estavam para cair.

Em 1º de setembro, os três batalhões do 370º Regimento, junto com elementos da 1ª Divisão Blindada, cruzaram o Rio Arno e avançaram para o norte por três ou quatro quilômetros. O 370º de Engenharia e o 1º de Engenharia Blindada já haviam limpado os campos minados e preparado o terreno para cruzar o Arno.

Os alemães contra-atacaram com fogo de armas portáteis, metralhadoras e artilharia, enquanto seus elementos avançados começaram a retirar-se em direção à linha Gótica. Os soldados da divisão búfalo avançaram para o norte, além do monte Pisano e atacaram a cidade de Lucca. Eliminaram o restante da resistência inimiga ao longo da estrada conectando Pisa a Luca.

O ataque principal começou em 10 de setembro, e três dias depois os soldados búfalo e os tanquistas da 1ª Blindada estavam na base nos Apeninos setentrionais. No dia 18 de setembro, o II Corpo tinha rompido a Linha Gótica no passo Il Giogo e muitos dos tanques da 1ª Blindada foram enviados para aquela área. O IV Corpo consolidou suas unidades, enquanto mantinha sua seção da linha até tarde no mês, quando patrulhas dos soldados búfalo entraram no Vale do Serchio.

Fonte: Wikipedia

Simplesmente UBoot!

Quando a Segunda Guerra Mundial iniciou, em setembro de 1939, já era notório a potência do submarino como arma imprescindível para a batalha nos mares. Muito embora a referência de domínio marítimo repousava sobre a quantidade de Porta-Aviões de uma nação. A Alemanha implementou o maior projeto de construção de submarinos da história militar. Construiu embarcações melhores e com maiores autonomias e arquitetou um plano de isolamento da Inglaterra pelo estrangulamento econômico.

Um outro diferencial da Kriskmarine era a formação profissional dos integrantes dos submarinos. Cada vez mais especializados, eram formados com a ideia de serem os melhores em suas funções, verdadeiros experts para uma guerra diferente das anteriores, um guerra onde a tecnologia estaria em primeiro plano.

O custo foi alto. Ao final da guerra, 90% dos integrantes dos submarinos alemães estavam mortos, um dos maiores índices entre os envolvidos na guerra. Contudo a quantidade de destruição deixando por essa máquinas de guerra nos mares também faziam jus a temor que levavam aos marinheiros aliados. Um único submarino infiltrado em comboio poderia causar centenas de morte em um só golpe.

Segue a galeria dos submarinos:

Era Uma Vez em Creta…

 Os primeiros dias da invasão alemã em Creta, segundo as anotações no diário do médico militar grego Théodore Stéphanides.

O alvorecer do dia 20 de maio anuncia um dia brilhante. Às 7:30 da manhã já me levantei e reúno-me com alguns oficiais junto à barraca de campanha que funcionava como refeitório. Conversamos despreocupadamente, à espera de que nos sirvam o café da manhã, quando, de repente, o ruído dos tiros da artilharia antiaérea nos interrompe. Precipitamo-nos para as trincheiras, convencidos de que se tratava de um desses reides vulgares a que nos habituamos. Desta vez, porém, trata-se de outra coisa. Antes de termos consciência da situação, vemos o céu invadido por aviões alemães que parecem surgir de um alçapão mágico. Centenas deles lançam-se em vôo picado, elevam-se novamente, fazem ziguezagues, enquanto cai sobre nós um dilúvio de bombas e rajadas de metralhadoras. Logo a seguir , uma formação de grandes aparelhos prateados voa a baixa altitude, procedentes do sudoeste e em direção a Canéia; como se fossem fantasmas, rasgam o ar com um sussurro que nada se assemelha ao habitual zumbido dos motores; as suas asas são muito longas e estreitas. Compreendo que se trata, na realidade, de planadores – e acaba de ser desencadeada uma ofensiva de grande importância sobre Creta. As granadas da antiaérea explodem em torno dos planadores e das suas escoltas; mas há tal desproporção entre o número dos aviões e nossas nobres baterias que não causamos grandes danos ao inimigo. Vejo, apesar disso, que um dos planadores se inclina para um lado com uma sacudida brusca e vai cair detrás das árvores, quase verticalmente; esse, pelo menos, atingimos. A maioria, porém (uns trinta segundo calculo), continuam a deslizar serenamente em direção a Canéia. Avançam com muito maior lentidão do que um avião normal e imagino o estrago que poderiam causar-lhes alguns dos nossos Hurricanes, se os tivéssemos aqui.

Enquanto observo um bombardeiro alcançado pela nossa defesa antiaérea, oscilando e deixando atrás de si uma coluna de fumaça preta, ouço o Capitão Fenne gritar:

– Olhem, paraquedistas!

As pequenas corolas brancas abrem-se quase no mesmo instante e desaparecem atrás das árvores. Alguns desses paraquedistas devem estar salpicados de castanho e verde, mas a distância é grande demais (felizmente!) para termos certeza. Entre eles há alguns que se distinguem pelo seu maior tamanho e a sua curiosa forma oval. Vim a saber mais tarde que eram paraquedistas tríplices utilizados para transportar morteiros ligeiros, caixotes de munição e material diverso.

Entretanto o sinistro concerto aumenta com novos ruídos: tiros de canhão, de fuzil e de fuzil-metralhadora unem-se ao troar da artilharia antiaérea, as explosões das bombas, ao ronco agudo dos aviões em vôo picado e ao crepitar das suas metralhadoras. O barulho é incrível.

A nossa inquietação aumenta porque não conseguimos saber exatamente qual a situação e faltam-nos instruções para esta eventualidade; quase todos os nossos soldados carecem de armas e ninguém é capaz de calcular, por entre as árvores, a distância que nos separa dos alemães.

Nisto chega um correio dos fuzileiros navais, portador de uma mensagem para o Capitão Longridge: o seu oficial subalterno e todos os homens armados de sua companhia devem unir-se às tropas (não recordo de que unidade) a que fora confiada a missão de improvisar uma frente que detenha a invasão alemã. No que diz respeito ao Capitão Longridge, deve deslocar-se até Suda com aqueles dentre nós que estejam desprovidos de armas e ali esperar novas instruções.

Marchamos para Suda, a cujos arredores chegamos às 11 da manhã. É-nos dada nova ordem: unir-nos ao Comandante Murray, no seu setor, que está localizado em um olival.

Depois de uma trégua, os bombardeiros e os tiros de metralhadora voltam a retumbar mais e melhor, pelas 14:30. O ataque das forças aéreas tem, desta vez, por objetivo a Canéia, que não se encontra longe. Durante várias horas os aviões fazem evoluções incessantemente sobre nossas cabeças, alguns a tão pouca altura que podemos ver, num instante, o rosto do piloto por detrás do pára-brisa da sua carlinga. As balas de metralhadoras silvam por todos os lados, crivando o solo ou cravando-se, com um ruído surdo, nos troncos das árvores.

Fervemos de raiva ao ver a tranquila indolência com que os atacantes realizam sua operação; consideram-na como um jogo infantil e gozam perversamente com ela. Em vez de lançarem as suas bombas e regressarem logo às suas bases, como os italianos na Líbia, demoram nas nossas próprias barbas, traçando círculos no céu…

Entretanto, caído no solo, contra o qual me aperto o mais que posso, fui escavando a terra mole com as mãos e os bicos dos meus sapatos até ficar enterrado no chão.

Cerca das 16:30, produz-se uma brusca trégua e observamos, com alívio, que todos os aviões se dirigem ao norte. Mas, dentro de poucos minutos, o ar estremece com um zumbido surdo; quase imediatamente surge uma nova onda de aviões – e voltamos ao inferno. O ataque prolonga-se por muito tempo e deixa-nos totalmente atordoados, quando, por fim, cai a noite; só então o inimigo nos concede uma trégua verdadeira. Verifico se há vítimas, mas, apesar de tanto estrondo, só dois homens foram feridos ligeiramente com uns arranhões – e não houve um morto sequer.

Principia a clarear e, às 6:30 em ponto, ouvimos ao longe o bem conhecido zumbido que, pouco a pouco, vai crescendo de intensidade até encher todo o céu; e mais uma vez recomeça aquele silvo infernal. O Comandante Murray convida-me para o café da manhã com ele em seu QG. Informam-me que desceram paraquedistas exatamente a oeste de nossa posição, e se dirigem para nós.

Uns cinquenta ou sessenta civis – todos os que possuem uma espingarda – recebem ordens de se manter em guarda e disparar sobre qualquer inimigo que apareça. Mas não surge um só alemão. De repente chega-nos o eco de uma dupla e violenta explosão; dois relâmpagos vermelhos iluminam o céu, enquanto se levanta uma coluna de fumaça negra. Outras explosões se seguem, acompanhadas igualmente de idênticos penachos, até que ficamos isolados a oeste e sudoeste por uma negra e gigantesca muralha de fumaça. Acabam, evidentemente, de ir pelos ares um ou vários depósitos de gasolina e o vento empurra, na nossa direção, a fumaça. Forma a princípio como que um dossel, tão espesso e gigantesco que nos mergulha em uma penumbra. Depois vai baixando até o chão em ondas sucessivas, envolvendo-nos numa névoa nauseante, suficientemente grossa em alguns pontos para deixar a visibilidade reduzida a poucos metros de distância. Penso que devem ter sido assim os últimos dias de Pompéia. Há momentos em que realmente me sinto em perigo de morrer asfixiado, de tal maneira a fumaça se agarra à minha garganta.

Enquanto nos afogamos nesta fumarada, chega um mensageiro a cavalo anunciando-nos que os alemães prosseguem no seu avanço, protegidos pela fumaça, e lançando mais paraquedistas. Devemos estar, portanto, duplamente alertados. Ao chegar a noite, o incêndio não pode ser dominado em toda a parte e alguns depósitos continuam pegando fogo. Os aviões inimigo afastam-se, como na noite anterior, mal cai a noite.

No dia seguinte de manhã, a 22 de maio, o Comandante Murray recebe ordens de conduzir seus homens para Chikalaria, junto ao casario situado no planalto, por detrás de Suda. É um povoado encantador que tem uns 500 habitantes, no flanco norte de uma colina, a dois quilômetros a noroeste de Suda.

Os seus habitantes não se mexeram. A vida desenrola-se ali de maneira quase normal. As mulheres vão à fonte para encher seus cântaros ou dedicam-se às suas tradicionais conversas de comadres. É surpreendente a calma com que estes pequenos povoados suportam o estrondo que sobe do vale. Dir-se-ia considerar isso tudo como as manifestações de um mundo tão diferente do seu que em nada lhes diz respeito. Ou procuram, talvez, como o avestruz, fugir da realidade. A sua aldeia não foi bombardeada ainda; para que antecipar as preocupações? Elas certamente virão a seu tempo.

A primeira noite que passo em Chikalaria é relativamente tranqüila, mas, a 24 de maio, pouco depois de o Sol se levantar, começa a sessão habitual. Um camponês vem correndo me buscar e conta que um civil fora ferido por uma bala de metralhadora. Leva-me a uma gruta calcária situada um pouco mais acima, na colina, onde estão escondidos uns trinta habitantes de Suda: homens, mulheres e crianças, apertados uns contra os outros e vivendo em condições totalmente insalubres. Refugiaram-se ali com medo dos bombardeios e apenas trouxeram algumas mantas e utensílios de cozinha que usam em comum.

O ferido é um homem de sessenta anos. A bala de metralhadora atravessou-lhe o cano de uma bota, mas felizmente a ferida só requer um bom curativo. Além do mais, aceita o seu caso com muita filosofia. Conta que fez as duas guerras dos Balcãs, a guerra de 1914-1918 na Rússia e na Ásia Menor, e que já foi ferido duas vezes. Não parece sentir muito entusiasmo pelo General Metaxas, o ditador grego. Eis, mais ou menos, os termos em que expressa sua opinião:

– Nós, os cretenses, sempre tivemos o costume de andar armados. Cada um de nós possuía uma espingarda e cuidava dela mais do que das meninas dos seus olhos. E esse velho porco do Metaxas, receando que nos revoltássemos contra sua ditadura, decreta, da noite para o dia, que é um crime possuir armas de fogo! Veja agora o senhor o resultado. Atacam-nos em nossa própria terra, nas nossas próprias casas e nem sequer temos com o que nos defender. Se ao menos tivéssemos nossas espingardas, juro-lhe que esses porcos dos alemães já teriam sido empurrados para o mar.

Todos os companheiros aprovaram calorosamente este ato de fé. Mais tarde os oficiais britânicos me confirmaram que os naturais de Creta resistiram ferozmente ao invasor, infringindo-lhes graves perdas, tanto durante a batalha propriamente dita, como depois. Por toda a parte as autoridades britânicas ou gregas foram assediadas por cretenses que reclamavam armas.

Os alemães começaram a lançar grande quantidade de panfletos sobre a ilha. Tive a oportunidade de examinar alguns. Estão redigidos em inglês e grego e neles o Alto-Comando alemão diz que a população local fez crueldades contra suas tropas aerotransportadas, chegando inclusive a matar alguns paraquedistas; acrescenta que a população se expõe a toda espécie de represálias no caso de tais incidente se repetirem. Aos olhos de um alemão, o maior crime da sua vítima é ousar defender-se…

Fonte: Grandes Crônicas da Segunda Guerra – Théodore Stéphanides – Seleções