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Desvendando Adolf Hitler IV: Viena, Uma Outra Fase!

Em 1908 Adolf Hitler chega em definitivo para morar em Viena. A ideia era recomeçar a vida depois da morte da sua mãe. Não tinha dúvidas sobre sua admissão na Academia de Belas Artes ou sobre seu futuro artístico brilhante. Hospedou-se em um pequeno quarto no segundo andar de uma casa em Stumpergasse, 31, perto da Westbahnhof de propriedade da senhora Frau Zakreys, uma senhora de origem tcheca, localizada em um Distrito escuro e sujo.

Não demorou muito para que seu amigo Gustl se juntasse a ele. Há muito Hitler insistia para que o jovem mudasse para Viena afim de tentar a sorte como músico, fato que ocorreu poucos meses depois. Os dois, agora dividindo o quarto da residência da senhora Zakreys, estavam maravilhados com as possibilidades da capital, mas também não abriam mão de desfrutar do lazer que Viena poderia proporcionar. Quase que diariamente frequentavam o Teatro, acompanhando as principais Óperas dos consagrados músicos alemães, dos quais seu favorito, Wagner, era de longe o mais visto. Passavam horas na fila para assistir apresentação ao preço de duas Coras, nos locais mais baratos do Teatro.

O tempo passou, a pressão começou. Hitler estaria cursando a Academia de Belas Artes e Gustl acabara de ser admitido no Conservatório de Música de Viena. Seria perfeito para os dois aspirantes artísticos, se não fosse pelo detalhe que Hitler novamente teria sua admissão rejeitada pela Academia. Desta vez, ele não comentou com ninguém, e passou a gastar seu tempo perambulando pela cidade. Certo dia, durante uma discussão com o amigo, Hitler confessou que não estudava na Academia e que não sabia o que fazer. O jovem Hitler, naquele momento estava completamente sem rumo.

Hitler mencionaria os anos vividos em Viena como miseráveis, de fome e pobreza. Levando em consideração que ele recebeu parte da herança da mãe, a quantia referente ao empréstimo feito por sua tia e mais a pensão de órfão que teria direito, pelo menos naquele ano de 1908, essa declaração não procede. Muito embora, tal quantia não permitisse uma vida de luxo, era suficiente para manter uma vida digna. Os custos com alimentação eram poucos, sua dieta diária era basicamente de pão, manteiga, pudins de farinha doce e algumas vezes um pedaço de bolo de nozes ou papoula, acompanhado de leite ou suco de frutas. Já nesse período, ele não consumia álcool. Sua única extravagância, realmente eram as noites nas óperas.

Não demorou muito para a parceria com Gustl se encerrar. Em julho de 1908, quando Gustl voltou a Linz para as férias de verão, Hitler deixou a moradia em Stumpergasse. Em novembro, quando o amigo retornou para início do ano letivo, não encontrou ninguém. Hitler deixara a residência da senhora Zakreys, sem informar seu novo endereço. Os dois só voltariam a se encontrar novamente em 1938.

Em 18 de outubro daquele ano, Hitler registrou-se na força pública como um “estudante” morando próximo a Westnahnhof. Ele escolhera uma nova fase para sua vida. Tempos difíceis ainda estariam por vir.

Desvendando Adolf Hitler Parte I: O garoto da mamãe!

         No dia 7 de junho de 1837, em uma pequena aldeia na fronteira austríaca com a Baviera chamada Strones, nascia Aloys Schicklgruber, filho ilegítimo de Maria Anna Schicklgruber, então com 41 anos de idade. A família de Anna morava na cidade de Waldviertel, uma região pobre a noroeste da Áustria. Para o rigor do tradicionalismo germânico, conceber um filho fora do casamento era ter a certeza da completa rejeição social, mas Anna teve sorte. Cinco depois, já estaria casada com Georg Hiedler e, mesmo depois da morte do seu marido em 1852, seu cunhado Johann, não deixou que nada faltasse para o sustento do jovem Aloys.

          O que um nascimento indesejado em uma pequena cidade do interior da Áustria interessa tanto? A identidade do pai de Aloys foi estudada e pesquisada de forma exaustiva, infelizmente nenhuma resposta conclusiva foi efetivamente apresentada. Três teorias foram formuladas a partir do início dos anos de 1930 e, posteriormente, colocada em evidência no pós-guerra, até os nossos dias. Vamos a elas:

  1. Teoria da paternidade de Johann Georg Hiedler: Segundo os registros oficias, Georg casou-se com Anna Schicklgruber em 1842, quando Aloys tinha cinco anos de idade, tornando-se seu padrasto. Em 1876, o próprio Aloys declarou que o padrasto era na verdade seu pai e que, desejava em vida, realizar o reconhecimento. O padre da paróquia de Döllersheim, aceitou o pedido. O fato é defendido como real por historiares contemporâneos como Kershaw, reforçados por Alan Bullock e William Shirer.

 

  1. Teoria da paternidade de Johann Nepomuk Hiedler: A teoria de que o pai de Aloys teria sido o irmão de Georg foi apresentada por Werner Maser. Johann tivera u m caso extraconjugal com a senhora Anna e pediu para que o irmão, assumisse o relacionamento. Após a morte de Georg, o garoto foi criado pelo “tio” e recebeu parte de sua herança. Essa teoria é rechaçada pelo biógrafo J. Fest.
  1. Teoria da paternidade de Johann Frankenberger: Essa teoria foi inicialmente muito bem aceita, principalmente para aqueles que interessavam o resultado dela. Sustenta que a senhora Anna trabalha para uma importante e tradicional família israelita chamada de Frankenberger, na cidade de Glaz. Seria fruto de um relacionamento com o filho do patriarca, Leopoldo Frankenberger. Segundo H. Frank, em sua obra publicada em 1953, o pai de Leopoldo passou a pagar as despesas de Anna quando ela retornou a sua cidade natal. O que mais contra essa teoria é que os judeus foram expulsos de Graz no século XV só retornando em 1860, portanto década depois do nascimento de Aloys. Kershaw e Joachim Fest consideram a teoria difamatória.

               Por que essa gravidez indesejada é importante? Simplesmente pelo fato de estarmos tratando do pai de Adolf Hitler. O fato foi tão controverso e traumático para Hitler que, em maio de 1938, ele determinou que Waldviertel, cidade natal de sua família, fosse usada como campo de treinamentos e manobras do Exército. Três meses depois, aldeias como Strones e Döllersheim (local de batismo do seu pai), foram totalmente destruídos, nada sobrou, o cemitério local fora revolto e arado no cumprimento de determinações particulares de Hitler. Não sobrou pedra sobre pedra, e todas as considerações sobre a genealogia de Hitler ficaram no campo da teoria.

             O certo é que Aloys, o garoto pobre a indesejado, cresceu e ascendeu socialmente. Em 1855, então com 18 anos, tinha um emprego modesto no Ministério das Finanças austríaco. Em 1861 já supervisionava um posto de serviços alfandegários e em 1871 mudou-se para Braunau, onde chegou ao cargo de Inspetor Alfandegário em 1875.

           Funcionário público respeitado, em 1876, solicitou oficialmente a mudança de seu nome. Aloys Schicklgruber. A alegação para mudança de nome, se deu pelo reconhecimento de seu padrasto Johann Georg Hiedler como pai legítimo, um detalhe é que Johann já tinha morrido há décadas. A autorização final ocorreu em 1877. Aloys resolveu usar uma variação menos antiquada de “Hiedler”, passando a assinar a partir de então como Alois Hitler.

Curiosidade:

                O nome “Hitler” possui variações, tais como: Hytler, Hiedler, Hütler, Hüttler que traduzido quer dizer: “pequeno proprietário”. A árvore genealógica compilada em 1934 pelos peritos nazistas faz remotar ao século XV o aparecimento da família Hitler: um certo Mattheux Hydler figuraria nos registros da Abadia de Hurzemberg , em 1445, como comprador de uma propriedade agrícola, mais tarde o nome se difundiu em várias grafias.

                Segundo Konrad Heiden, “o raro e pouco estranho sobrenome Hitler encontra-se mais frequentemente entre os judeus orientais do que entre os alemães, e precisamente na Galícia, Bucovina, Romênia e Polônia

           Alois tem uma vida amorosa conturbada, casa-se inicialmente com Anna Glasserl, uma mulher muito mais velha, que se separou em 1880. Logo encontrou Franziska Matzelberg de apenas 21 anos de idade. O matrimônio com a jovem Franziska, onde teve dois filhos Alois e Angela. A primeira grande tragédia para Alois, aconteceu quando Fraziska, conhecida como Fanni, contraiu tuberculose. Alois convidou Klara Pölzl filha de Johann Nepomuk Hiedler, portanto prima de Alois, para cuidar de sua jovem esposa. Contudo, Fanni morreria pela doença em agosto de 1884. Não demorou muito para que Alois buscasse novo casamento, dessa vez em definitivo com sua prima, Klara. Os dois estariam juntos até a morte de Alois em janeiro de 1903.

           Gravidez seguidas geraram três filhos com Alois, infelizmente não tardou para que tragédia se abatesse sobre a vida do casal. O último dos três filhos, Otto, morreria logo depois do nascimento e Gustav e Ida, os mais velhos, morreriam de difteria alguns meses depois. A jovem Klara nunca se recuperou totalmente da tragédia.

           Em 1888 Klara estava novamente grávida. Às 18h30 de 20 de abril de 1889, um sábado de Páscoa, nascia no Hotel Gashof zum Pommer, Vasrtadt nº 219, o filho mais esperando de Klara Pölzl e Alois Hitler, e aquele mudaria a história do século XX: Adolf Hitler.

  1. Desvendando Adolf Hitler Parte I: O garoto da mamãe!
  2. Desvendando Adolf Hitler II: A Infância!
  3. Desvendando Adolf Hitler III: Viena, o início de Hitler!

Fontes:

Hitler / Kershaw, Ian – tradução Pedro Maia Soares, São Paulo: Companhia das Letras, 2010

Hitler, pró e contra – O julgamento da História – edições melhoramentos, 1975.

A. Hitler, Mein Kampf, Zentralverlag, NSDAP, 1936

H. Frank, Im Angesicht des Galgens, Munique, 1953

Hitler, das Leben eines Diktators, Konrad Heiden,  – Europa, Verlag, Zurique, 1936-37.

Conversas Secretaria de Hitler, Richter, 1954.

Maser, Werner Hitler: Legend, Myth and Reality Penguin Books

Fest, Joachim C. Hitler Verlag Ullstein, 1973

A Invasão da Polônia em 1939: Aspectos para Refletir

“Abrisse-se as portas do inferno”. Essa é primeira frase que se verificou nos jornais ocidentais quando Hitler, a despeito de todas as advertências inglesas e francesas, lança suas tropas contra a indefesa Polônia. Mais de 75 anos depois daquela fatídica sexta-feira, no distante 1º de setembro de 1939, ainda há muita controvérsia sobre o início do conflito e as causas que levaram o mundo a escuridão da guerra por anos. O próprio Hitler, já derrotado seis anos mais tarde, em seu bunker nos arredores da devastada Berlim, registra em seu testamento político que, ao contrário do que possam falar, ele não desejava a guerra em 1939. Se ele não desejava a guerra, então quais os motivos que levou ele ao conflito? Vejamos uma pequena análise das circunstâncias da eclosão da guerra.

Em 1938, líderes ocidentais se reúnem em Munique para discutir as investidas Nazistas contra a região dos Sudetos, de minoria germânica. Hitler recebeu os lideres da França, Inglaterra e da Itália para estabelecer as condições para evitar à guerra. As nações assinaram o Acordo Munique, mesmo sem a presença da Tchecoslaváquia, a região dos Sudetos foi anexado a Alemanha. Era a política da “paz a qualquer custo”, protagonizado pelo Premier Britânico Neville Chamberlain.

Não demorou muito, em 10 de março de 1939, Hitler ocupa toda a Tchecoslaváquia,  o encontro de Munique era mais estratégia de Hitler para ganhar tempo. Inglaterra e França, perplexos nada fazem, exceto uma promessa do Führer de que a ânsia territorial da Alemanha se encerrara. Não há guerra por isso, mas não por muito tempo.

Quando o “Cabo Austríaco” afirma: “As fronteiras de 1918 nada representam para a Nova Alemanha”, alusão clara que as imposições das condições territoriais de Versailhes não seriam mais toleradas, começa a planejar o próximo passo militar: a Polônia. Não antes sem estruturar uma estratégia que deixou o mundo estupefato, um pacto de não agressão com sua inimiga ideológica desde os tempos do Mein Kampf, os soviéticos. Ele queria uma fronteira comum e a certeza do não envolvimento da União Soviética, por isso considerou a divisão de influência e territorial do Leste Europeu com os Vermelhos. Sem se preocupar em abrir uma frente de combate indesejada em 1939, o caminho para Polônia estava assegurado.

A principal argumentação de Hitler era com relação à cidade Livre de Danzig, considerado uma aberração pelo Líder alemão. A partir de 23 de agosto, depois de assinado o Pacto Molotov-Ribbentrop que chocou o mundo mais do que a ineficiência dos políticos ingleses de entender as ações Hitler, nada mais impediria a Nova Alemanha a teoria nazista do Espaço de Vital (Lebensraum) .

Evidências históricas apontam para um planejamento detalhado das atividades alemãs para se voltar para a Polônia, sem a interferência Russa e com a o aval inicial da Itália. A ineficácia dos franceses e a indisposição inglesa tornou possível uma vitória militar em poucas semanas, mesmo com a bravura polaca, nada poderia ser feito com a primeira demonstração real do poderio militar da Alemanha, colocando em prática uma doutrina de avanço nunca antes vista, era a Blitzkrieg em sua versão mais letal.

Apesar das demonstrações de indignação e a Declaração de Guerra da Inglaterra e França e, posteriormente, pequenas incursões e ataques à fronteira franco-alemã, nada mais foi feito para impedir que em 06 de outubro a Alemanha anexasse à Polônia.

Em 17 de setembro a União Soviética invade a Polônia pelo norte, argumentando proteger os poloneses de origem soviética, evidentemente já alicerçados pela cláusula secreta do Pacto Molotov-Ribbentrop que dividia a Polônia entre as duas potências militares e que só seria conhecida no pós-guerra.

Uma Questão Histórica

Se a Alemanha invade a Polônia e a União Soviética também executa a mesma manobra 16 dias depois, qual o motivo da Declaração de Guerra das potências ocidentais ser apenas contra a Alemanha?

Essa é uma pergunta que muitos ideólogos fazem até hoje. Isso é uma retórica extremamente frágil de argumentação histórica.

França e Inglaterra (todo o domínio inglês) Declaram guerra em 03 de setembro, ou seja, 48 horas depois do início da invasão alemã. Dia 17, data da invasão do Exército Vermelho, a guerra já estava praticamente decidida, o Governo polaco praticamente já estava no exilio e a Polônia lutava uma guerra desesperada. Os diplomatas e políticos não entendiam a invasão dos soviéticos como uma questão territorial em 39, mas uma estratégia de impedir que o avanço alemão chegasse à fronteira soviética e, em última instância, não queriam uma escalada da guerra aos moldes de 1914. Portanto, compreensível que não houvesse uma Declaração formal de guerra aos soviéticos.  Importante essa concepção histórica para entendimento do conflito.

Por fim

                Mesmo à revelia da argumentação do Líder Alemão em seu Testamento Político, todos os indícios que se seguem desde que Hitler assumiu o poder plenamente em 1934, apontam para a conquista territorial através da intervenção militar, fato que concretizou com a Guerra Total em 1939 e a capitulação da Polônia, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e finalmente a própria França.

                   Em 1941, a Nova Alemanha chegava ao ápice do Reich de Mil Anos, que duraria apenas mais quatro anos, com o Líder supremo alemão se matando com sua amante em seu último reduto nos arredores da devastada Berlim.

Qualquer outra afirmativa distante dessa argumentação é de difícil sustentação.

Fonte:

Kershaw, Ian – Hitler; tradução Pedro Maia Soares – São Paulo: Companhia das Letras, 2010

Jordan, David – A chronology of World War II – the ultimate guide to biggest conflict of the 20th century. Grange Books Ltd,  2007.

A Alemanha e a Invasão da União Soviética – Entendimento

        O processo de invasão da União Soviética estava na mente de Hitler desde a sua formação ideológica total. Era um projeto de poder. E todos sabiam do antagonismo dos regimes alemães e soviéticos. Por isso o pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop, assinado à surdina de 23 de agosto de 1939, causou tanta estranheza as nações ocidentais. Todos foram pegos de surpresa com a declaração da assinatura do pacto. O resultado imediato permitiu uma invasão à Polônia coordenada com as forças soviéticas, ao ponto de terem estabelecidos todas as áreas de influências antes mesmo que qualquer tiro fosse disparado. Até hoje os defensores do regime comunista não acreditam que a figura de Stálin se alinhou com Hitler e caminharam juntos com os mesmos objetivos de 1939 a 1949. Argumentam que é uma mentira reconhecida dos capitalistas para denigrir a imagem de Joseph Stálin ou uma maravilhosa estratégia do líder soviético para ganhar tempo e se preparar para uma guerra inevitável. Duas argumentações, diga-se de passagem, falhas e sem cabimento. Primeiro é necessário entender que não há qualquer dúvida que o Pacto delimitava as condições de avanço alemão e previa as condições depois da capitulação polaca. Não há qualquer argumentação histórica séria que vá de encontro às condições a este cenário. Com relação à visão de que Stálin se preparava para uma guerra com a Alemanha, isso é uma argumentação extremamente difícil de ser defendida. A invasão da União Soviética ocorreu com um avanço territorial significativo durante as primeiras semanas de campanha, com pouca ou nenhuma resistência. O próprio Stálin já esperava uma invasão a Rússia, inclusive com um plano de abandonar a capital russa e realizar a transferência das fábricas bélicas para os Montes Urais.  Hitler opta por avançar em direção ao Cáucaso, a revelia do pensamento de militares expoentes como Guderian e von Rundstedt que acreditavam na conquista da capital. No sentido geral, não argumentosque possam embasar que se tratava de uma estratégica stalinista, estava mais para uma guerra desesperada pela sobrevivência. E a guerra não foi ganha pelas estratégias russa, quando estavam defendendo seu território, mas pela tenacidade de seus jovens soldados.

 Segue galeria da invasão alemã a território russo.

Afinal! Onde Hitler Morreu? Berlim ou América do Sul?

Um dos maiores nomes da ciência História, um dos expoentes da Escola de Annales, o inglês Eduard Carr, vai afirmar em uma das principais obras que analisa a História enquanto ciência, que o fato histórico deverá ser embasado em evidências e considerações por parte do historiador, segundo Carr: “Como qualquer historiador ativo sabe, se ele para pra avaliar o que está fazendo enquanto pensa e escreve, o historiador entra num processo contínuo de moldar seus fatos segundo sua interpretação e sua interpretação segundo seus fatos. É impossível determinar a primazia de um sobre o outro”. (Carr, 1973). Portanto, cada historiador deverá se policiar para que sua interpretação não tenha primazia sobre o fato, incorrendo em defender inverdades como fatos.

Uma dos acontecimentos que é mais castigado por interpretações, em termos de Segunda Guerra Mundial, é a morte de Adolf Hitler em 30 de abril de 1945. Ao longo das décadas, muitas teorias e especulações foram sendo elaboradas com o objetivo de negar o suicídio de Hitler em Berlim. Uma fuga negociada e executa com o aval dos Estados Unidos do Führer e de seus assessores para a América do Sul são as que mais ganham cobertura dos adeptos da teoria. Alguns escritores narram detalhes da vida de Hitler no exílio. Entre os adeptos da tese, fazemos menção a duas em especial. A primeira é a obra da Simoni Renée Guerreiro Dias que realizou dissertação de mestrado com o tema, Hitler no Brasil – Sua Vida e Sua Morte.  O interessante na pesquisa é que ela afirma que o ditador teria fugido com a tutela e a ajuda do Vaticano. Hitler teria recebido da Igreja Católica direito a um mapa contendo a localização de um tesouro jesuíta do século XVIII. Não encontrando o tesouro, Hitler se instala em definitivo na cidade de Nossa Senhora do Livramento, em Mato Grosso, onde teria constituindo família, com uma brasileira negra, para não levantar suspeitas, claro. Hitler teria morrido com 81 anos de idade; a segunda teoria, publicada por Ediciones Absalón, “El Exilio de Hitler”, sustenta a passagem de Hitler por Barcelona, antes de formar um comboio de submarinos em direção a América do Sul. É importante observar que, em conjunto com os seus assessores, Hitler embarcou com uma carga de ouro.

Um novo capítulo inicia com a liberação de um documento do FBI, datado de 21 de setembro de 1945, que trata exatamente um encontro com uma fonte que testemunhou que altos representantes do governo Argentino receberam o comboio de Hitler com mais de 50 pessoas.

Agora vamos realizar uma pequena exposição que tem que ser explicada antes de qualquer afirmação. Constantes em vasta bibliografia.

Os ataques sobre Berlim iniciaram de forma contundente em 21 de abril de 1945. Hitler foi transferido com seus assessores no dia seguinte para o bunker, vamos aos relatos:

Em 21 de abril, Hitler foi levantado cerca de 09h30m e informado de que Berlim estava na linha de fogo da artilharia russa. Burgdorf bem como outros ajudantes esperaram por ele na antecâmara.

            Na antecâmara, esperavam por Hitler Burgdorf, Schaub, Below e Günsche.

                – Que está acontecendo? De onde vem o tiroteio? – perguntou. Burgdorf informou que o centro de Berlim estava sob pesado fogo de artilharias russas, aparentemente postadas a noroeste de Zossen. Hitler empalideceu. – os russo estão assim tão perto?

                Às primeiras horas da manhã de 22 de abril o fogo da artilharia russa aumentou…

                As bombas russas frequentemente explodiam em Tiergarten e por vezes mesmo nos jardins que circundavam os ministérios da Wilhelmstrasse (Chancelaria). O seu estrondo arrancou Hitler do sono às nove da manhã.

 Tão logo se vestiu chamou Linge e perguntou nervosamente: “Qual o calibre?” Para acalmar Hitler, Linge respondeu que o fogo vinha de baterias antiaéreas no Tiergarten e de canhões russo isolados, de longo alcance. Após o café em seu gabinete, Hitler voltou ao quarto, onde Morell lhe aplicou como de costume uma injeção estimulante.

                A conferência militar foi convocada para o meio-dia. Por volta de meio-dia reuniram-se no bunker de Hitler as seguintes pessoas: Doenitz, Keitel, Jodl, Krebs, Burgdorf, Winter, Christian, Voss Fegelein, Bormann, Hewel, Lorenz, Below, Günsche, Johannmeyer, John von Freyend e Von Freytag-Loringhover.

                Foi a conferência militar mais rápida de toda a guerra. Muitos rostos estavam transfigurados. Em vozes abafadas a mesma pergunta era repetida várias vezes: “Por que não pode o Führer se decidir a abandonar Berlim?”

                Hitler chegou dos seus aposentos particulares e parecia mais curvado do que nunca. Laconicamente saudou os membros da conferência e deixou-se cair na cadeira. Krebs começou a relatar os fatos. Comunicou considerável agravamento da situação das tropas alemães que defendiam Berlim. Os tanques russos tinham conseguido avançar para o sul, via Zossen, e alcançado os arredores de Berlim. Nos subúrbios leste e norte havia violenta luta. As tropas alemãs postadas no Óder ao sul de Stettin estavam inapelavelmente cercadas. Os tanques russos tinham-se infiltrado através de uma brecha e penetrado profundamente nas posições defensivas alemãs.

                Hitler se levantou e curvou-se sobre a mesa. Pôs-se a apontar algo no mapa, suas mãos tremendo. Subitamente empertigou-se e jogou seu lápis de cor sobre a mesa. Inspirou profundamente, sua face ficou rubra, seus olhos esbugalhados. Recuou um passo da mesa e numa voz brusca gritou: “É o fim! Em tais circunstâncias não posso comandar! A guerra está perdida! Mas vocês estão enganados, cavalheiros, se pensam que vou deixar Berlim! Daria antes um tiro na cabeça! ”

                Todos fixaram os olhares horrorizados sobre ele. Mal levantou a mão. “Obrigado senhores”. Então, abandonou a sala. (Bezymenski, 1968)

               Apesar de algumas contradições encontradas no relato, principalmente sobre os participantes da Conferência Militar do dia 22 de abril, não há qualquer dúvida que houve a reunião e que as condições de saúde e o cenário militar descrito, correspondem à realidade de Berlim.  O próprio Almirante Doenitz deixa Berlim naquele mesmo dia, confirmando assim que havia ainda condições de entrada e saída da cidade, e que o cerco dos soviéticos ainda não estava completo. No dia 23, Hitler recebe a visita de Alberto Speer e no dia seguinte chega à família do ministro Goebbels. No dia 26 todas as linhas de entrada e saída de Berlim estavam completamente tomadas, para se sair da cidade, apenas fugindo do cerco imposto pelos soviéticos. No dia 29 de abril, deu-se a reunião final. O General Weidling, governador militar de Berlim, e comandante da LVI Corpo Panzer, ainda aventou a possibilidade de uma escapada pelas linhas soviéticas, mas Hitler o dissuadiu. Não tinham nem tropas, nem equipamento, nem munições, para qualquer tipo de operação. Era ficar e morrer!

O Führer então despediu-se formalmente das pessoas mais próximas que ainda o seguiam até aquele momento.

Baseado no que já temos como relato, podemos identificar algumas questões:

  • O médico particular de Hitler, Theodor Morell, afirma que a saúde de Hitler era delicada. Inclusive, estudos recentes apontam sintomas de Mal de Parkinson.
  • Várias testemunhas confirmam que Hitler estava no bunker em 30 de abril de 1945, portanto a possibilidade de uma fuga sob o forte cerco soviético se não era impossível, era muito pouco provável.
  • Goebbels confessa a Hitler que ficaria com ele até o fim. Joseph e Marta Goebbels estiveram no bunker e assassinaram seus seis filhos, depois se mataram. Soa como ilógico que eles não tenham fugido com o Hitler.
  • Blondi sua cadela é encontrada morta nas proximidades do bunker, mais uma evidência que Hitler não deixou Berlim.

Os soviéticos antes de chegarem a Berlim promoveram uma corrida interna entre as suas unidades para quem trouxesse Hitler, vivo ou morto. Também outros altos membros do partido nazista estavam na lista. No início de maio, foram encontramos 02 corpos em caixas de munição nos arredores de Berlim, estes foram enviados imediatamente para autópsia e investigados pela NKVD. Identificaram que eram os corpos de um homem e uma mulher. Foram em busca dos registros dentários e do próprio dentista de Hitler que, confrontando com os registros, confirmaram que o corpo do homem era do líder nazista.

Os fatos aqui observados são embasados em vasta bibliografia fruto de pesquisa de vários historiadores e pesquisadores do tema. Isso não quer dizer que os acontecimentos que cercam A MORTE DE HITLER, estejam completamente sacramentados, pois a própria História como ciência passa por revisões e podem sofre alterações, contudo não há ainda qualquer evidência séria, apesar das tentativas insípidas, de mude o fato de que Hitler não morreu em 30 de abril de 1945, no bunker em Berlim.

No dia 31, a partir das 21h00, será transmitido ONLINE pelo Hangout um vídeo Chat com João Barone e os convidados Marcelo Madureira, Arthur Dapieve e Chico Miranda. Falaremos sobre a Segunda Guerra Mundial, abordando, inclusive a participação brasileira.

  Para participar é só Clica neste LINK: https://plus.google.com/u/0/events/c3u0jqefnibrf8h2keekcgdqcs4

 Confirme sua presença e mande sua pergunta! PARTICIPEM!

MAIS INFORMAÇÕES: http://seuhistory.com/programas/guerras-mundiais

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30 De Abril de 1945 – A Humanidade Celebrou Uma Morte. Hitler!

 A História julga cruelmente a construção de um personagem. Hitler ficou personificado como a imagem do mal para a História Oficial, apesar de ser celebrado como um revolucionário por meia-dúzia de seguidores modernos. Sem levar isso em consideração, se o ditador alemão tivesse morrido antes de setembro de 1939, teria entrado para História como sendo um dos maiores símbolos da Alemanha, por devolver o orgulho e fortalecer a Alemanha economicamente. Porém, para o curso da História não há “SE”, há fato. Ele deflagrou o maior conflito armado da História da Humanidade e tornou o mundo moderno o que conhecemos hoje.

   Impressiona como as desventuras das notícias podem criar mitos e desvirtuar a verdade histórica. Isso quer dizer que um fato histórico pode ser diretamente influenciado por boatos e inverdades que circulam ao longo dos anos. É como se alguém lançasse um boato sobre alguma coisa e, depois de cem anos, aquele boato fosse testificado por pessoas como sendo um fato histórico, e isso, por mais incrível que possa parecer, acontece de forma muito contundente nos meios de comunicação, principalmente na internet.

   Um acontecimento histórico que tem sido vitima latente dos boatos e lendas urbanas recai sobre a Morte de Hitler. Desde o dia 01 de maio de 1945 (um dia após a sua morte) até os dias atuais, são constantes os boatos sobre a sorte do destino que envolve a morte, sepultamento e o corpo do homem que mudou o século XX e a história da humanidade.

   Berlim começou a sofrer os primeiros ataques da Primeira Frente Bielo-russa, em 21 de abril de 1945, e a cada dia os avanços eram maiores, enquanto a Wehrmacht lutava desesperadamente para manter a capital. Hitler se transferiu para o Bunker, que ficava próximo a Chancelaria, no dia 22 de abril e de lá não saiu mais. Todos os colaboradores do líder nazista também foram transferidos para lá. Outro fator importante era a saúde de Adolf Hitler, que desde o atentado, ocorrido em julho de 1944, deixou-o com sequelas no ouvido e, desde então, ele andava cada vem mais curvado. Todos os dias seu médico particular aplicava doses cada vez maiores de adrenalina para lhe dar ânimo.

   Esse era o cenário que se encontrava Berlim. Um Líder que nem mesmo de longe lembrava aquele homem que os guiou em 1939 para vitórias militares avassaladoras, enquanto o avanço dos “Ivans” sobre sua capital, o coração do “Reich de Mil Anos” , ocorria violentamente.

Um Relato inicial:

Uma das principais testemunhas dos acontecimentos ocorridos no bunker em 30 de abril de 1945 é Otto Günsche membro da SS-Sturmbannführer, juntamente com Heinz Linge forma um importante testemunho oral:

                Em 21 de abril, Hitler foi acordado cerca de 09h30m e informado de que Berlim estava na linha de fogo da artilharia russa. Burgdorf, bem como outros ajudantes, esperaram por ele na antecâmara. Como de costume fez sua própria barba. Nem mesmo seu barbeiro pessoal, August Wollenhaupt, tinha permissão de barbeá-lo; ele dizia que não suportava ter alguém com uma navalha encostada à sua garganta.

                Na antecâmara, esperavam por Hitler Burgdorf, Schaub, Below e Günsche.

                – O que está acontecendo? De onde vem o tiroteio? – perguntou. Burgdorf informou que o centro de Berlim estava sob pesado fogo de artilharias russas, aparentemente postadas a noroeste de Zossen. Hitler empalideceu. – os russos estão assim tão perto?

                Às primeiras horas da manhã de 22 de abril o fogo da artilharia russa aumentou…

                As bombas russas frequentemente explodiam em Tiergarten e por vezes mesmo nos jardins que circundavam os ministérios da Wilhelmstrasse (Chancelaria). O seu estrondo arrancou Hitler do sono às nove da manhã.

                Tão logo se vestiu chamou Linge e perguntou nervosamente: “Qual o calibre?” Para acalmar Hitler, Linge respondeu que o fogo vinha de baterias antiaéreas no Tiergarten e de canhões russo isolados, de longo alcance. Após o café em seu gabinete, Hitler voltou ao quarto, onde Morell lhe aplicou como de costume uma injeção estimulante.

                A conferência militar foi convocada para o meio-dia. Por volta de meio-dia reuniram-se no bunker de Hitler e as seguintes pessoas: Doenitz, Keitel, Jodl, Krebs, Burgdorf, Winter, Christian, Voss Fegelein, Bormann, Hewel, Lorenz, Below, Günsche, Johannmeyer, John von Freyend e Von Freytag-Loringhover.

                Foi a conferência militar mais rápida de toda a guerra. Muitos rostos estavam transfigurados. Em vozes abafadas a mesma pergunta era repetida várias vezes: “Por que não pode o Führer se decidir por abandonar Berlim?”

                Hitler chegou dos seus aposentos particulares e parecia mais curvado do que nunca. Laconicamente saudou os membros da conferência e deixou-se cair na cadeira. Krebs começou a relatar os fatos. Comunicou um considerável agravamento da situação das tropas alemães que defendiam Berlim. Os tanques russos tinham conseguido avançar para o sul, via Zossen, e alcançado os arredores de Berlim. Nos subúrbios leste e norte havia violenta luta. As tropas alemãs postadas no Óder ao sul de Stettin estavam inapelavelmente cercadas. Os tanques russos tinham-se infiltrado através de uma brecha e penetrado profundamente nas posições defensivas alemãs.

                Hitler se levantou e curvou-se sobre a mesa. Pôs-se a apontar algo no mapa, suas mãos tremendo. Subitamente empertigou-se e jogou seu lápis de cor sobre a mesa. Inspirou profundamente, sua face ficou rubra, seus olhos esbugalhados. Recuou um passo da mesa e numa voz brusca gritou: “É o fim! Em tais circunstâncias não posso comandar! A guerra está perdida! Mas vocês estão enganados, cavalheiros, se pensam que vou deixar Berlim! Daria antes um tiro na cabeça! ”

                Todos fixaram os olhares horrorizados sobre ele. Mal levantou a mão. “Obrigado senhores”. Então, abandonou a sala.

 Texto Extraído do Livro: A Morte de Adolf Hitler – Lev Bezymenski – 1968

Superioridade de Raça Não é Uma Invenção Nazista

Muito se fala sobre a Segunda Guerra Mundial e muito se estuda esse evento, contudo não para a História como Ciência, mas importante do que o evento em si, é o contexto em que esse evento se enquadra dentro de um aspecto mais amplo. Por exemplo, Hitler não inventou a superioridade das raças, esse aspecto particular do Nacional-Socialismo foi criado a partir de teorias científicas aceitas como a teoria da Eugenia defendida como ciência pelo antropólogo inglês Francis Galton em 1883, baseada na melhoria das qualidades inatas de uma determinada raça. Segundo artigo publicado na Revista História da Biblioteca Nacional:

– Na afirmação de Galton, os cérebros de uma “raça-pátria-mãe” encontrava-se, sobretudo em suas elites, e aí se deveria concentrar a atenção e os esforços para o aprimoramento. Seria estatisticamente “mais proveitoso” investir nas elites e promover “melhor estoque do que favorecer o pior”

Outro aspecto que definiu e moldou o pensamento científico sobre o tema é do francês Arthur de Gobineau (1816-1882), em seu “Essai sur l’inégalité des races humaines” (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas) de 1853, supôs que a raça indo-europeia seria a ancestral de todas as classes dominantes da Europa e da Ásia Ocidental, sobretudo da nobreza francesa da qual ele alegava ser descendente.

A partir das observações postas, podemos afirmar que muitos dos pensamentos sobre superioridade de raça não foi novidade exclusiva dos alemães, mas o Nacional-Socialismo inovou na implementação de políticas governamentais para exterminar outras etnias.

O entendimento da Segunda Guerra Mundial vai muito além dos aspectos militares. Entender esse evento cataclísmico com profundidade nos oferece um quadro exato do cenário geopolítico do mundo contemporâneo.

O Que a História Ensina Sobre Julgamentos Com Parcialidade

Um determinado Grupo populista se levantou com propostas radicais e nacionalistas em país em crise. Sua propaganda enfatizava uma Nova Ordem, por sinal, segundo eles, a única que poderia obter sucesso na solução dos problemas e anseios do povo.  Esse Grupo investia na imagem de um homem. Apesar de pouca cultura, era a referência política e ideológica em que se baseavam os demais integrantes. Certa vez, dotado de um espírito revolucionário, este Grupo tentou tomar o poder a força. Não conseguiram. Durante a ação, fizeram prisioneiros, destruíram jornais locais e roubaram uma quantia expressiva em moeda. A ação foi controlada por tropas legalistas e foi encerrada com um saldo total de 18 mortos e vários feridos. Todos os principais líderes do Grupo foram presos, inclusive o “chefe”.

 

Depois de alguns meses de prisão, iniciou o julgamento do “chefe”. Ele ameaçou abrir a boca para e dizer quem foram às personalidades que apoiaram a tentativa de Golpe. Começam os acertos políticos para um julgamento ameno. Primeiro o “chefe” seria transferido para um Foro “privilegiado”, pois o julgamento seria realizado na sua própria cidade, ao invés do julgamento ocorrer na capital, como previa a forma jurídica. Evitava-se um tribunal sem controle.

 

Iniciado o julgamento e com ampla cobertura jornalística, deu-se amplo direito de defesa para o “chefe”, ele discursa por quatro horas sobre sua motivação política e ideológica. Alguém ouve o juiz declarar em baixo tom: “fantástico esse senhor!”.  Depois do início do julgamento, um próprio juiz é pressionado para condená-lo, pressão popular e de vários setores da sociedade. Sem embasamento jurídico que o absorva, o parcial magistrado resolve condená-lo a cinco anos de prisão. Pena essa que seria revertida facilmente em liberdade assistida. Ignorando completamente as argumentações jurídicas da gravidade do fato para uma condenação certa, o magistrado nem mesmo se esforçou para embasar sua decisão, que segue abaixo:

“Hitler é um austro-alemão. Ele se considera alemão. Na opinião do tribunal, o sentido e a intenção dos termos da seção 9, parágrafo II da Lei de Proteção da República não se aplicam a um homem como Hitler, que pensa e sente como alemão, que serviu como voluntário durante quatro anos e meio no Exército alemão em guerra, que alcançou altas honras militares graças à notável bravura diante do inimigo, foi ferido, sofreu danos a saúde e foi dispensado das Forças Armadas em controle do Comando do Distrito de Munique ”

(Kershaw, 2010)

Isso mesmo, o “Chefe” em questão é Adolf Hitler e a tentativa de Golpe ocorreu em Monique em 08 de novembro 1923 e ficou conhecido como Putsch da Cervejaria, as primeira tentativa

Não Era Qualquer Navio, Era O BISMARCK!

  Não estamos falando de qualquer encouraçado da Segunda Guerra, estamos falando do Bismarck, o mais famoso dos navios de guerra. A História do Bismarck já é bem conhecida e já publicamos vários artigos aqui no BLOG sobre a caça que terminou com o afundamento do navio na sua primeira missão. Agora vamos apresentar o Bismarck de forma diferente, em toda a sua pompa, antes de se aventurar pelos mares contra os ingleses. Na segunda publicação vamos mostrar a “Caçada” ao navio de Hitler em Quadrinhos lançado logo depois dos ataques nos Estados Unidos. E por último uma análise da expedição que descobriu o navio com fotografias da situação dele hoje.

 

Hitler: Uma Visão Diferente!

Deixando de lado os pensamentos da figura vil de Hitler pós-guerra e analisando a figura política do estadista alemão do início da década de 30, vamos perceber o fascínio que esse austríaco exercia sobre as pessoas. Não me refiro apenas aos discursos extremistas que enxertavam esperança na mente dos alemães quando nada mais parecia funcionar no país. O que podemos observar é que Hitler criou de forma proposital a figura idiomática de um verdadeiro “Messias salvador”, sem família, sem pretensões pessoais, apenas com único objetivo de liderar a nação ariana para a conquista do Lebensraum  (Espaço Vital). Para tanto contou com o mestre referenciado até os dias de hoje como o inventor da propaganda moderna. Joseph Goebbels foi seu vassalo até o limite da vida. Hitler contou com toda a nova forma de vender sua imagem, e conseguiu com isso uma nova guerra, dando forma a um novo mundo.

Para mostrar uma visão diferente desse austríaco que mudou a história da humanidade de forma pouco louvável, algumas fotografias que mostram as facetas do ditador.

Final de 1944: Hitler Acreditava em Vitória Militar?

No final de 1944, a Alemanha não tinha nem mesmo a sombra das forças que tivera três anos antes. Neste período, a Wehrmacht tinha passado de uma guerra ofensiva para um dispositivo estático defensivo em todos os fronts. Em dezembro de 44, as forças alemães se preparavam para última ação ofensiva da guerra para eles. A Unternehmen Wacht am Rhein (“Vigília sobre o Reno”). A questão é: o que Hitler queria afinal?

Esquecendo a formação estratégica dessa operação, mas tentando entender o que uma ofensiva no ocidente iria proporcionar para a Alemanha naquela fase da guerra, levando em consideração que os soviéticos já avançavam sobre território alemão.

Uma pista interessante que pode lançar uma luz a mentalidade do Führer é a argumentação do autor Lev Bezymenski (1968). Sua análise é embasada nos contatos que alta cúpula nazista, com o aval de Hitler, mantiveram com empresários suíços para realizarem um elo com altos funcionários do governo inglês para uma paz negociada. Segundo o autor, os contatos foram realizadas no segundo semestre de 1944 e nos termos da paz, proposto pela Alemanha, o governo alemão ratificava a permanência do sistema de governo atual, inclusive com a manutenção de Hitler no poder. Esse era o principal medo da União Soviética, uma paz negociada dos ocidentais em separado. Embora cogitada,  os anglo-americanos não admitiam a manutenção do governo nazista na Alemanha, nem tão pouco a permanência do líder alemão. Hitler ao saber da completa rejeição dos ocidentais afirma: “Eles vão saber que não podem realizar a paz sem mim!”.

Portanto, levando em consideração a análise de Bezymenski, a Ofensiva das Ardenas foi uma tentativa de provar aos ingleses e americanos que a Alemanha ainda tinha condições de resistir e abrir ofensivas contra os Aliados, forçando uma saída negociada, pelo menos no ocidente, para então, se concentrar na luta contra os soviéticos.

Hitler jogou, apostou e perdeu. Sua atitude enfraqueceu o leste, e desperdiçou excelentes tropas; tropas que seriam imprescindíveis na contenção dos exércitos soviéticos. Tudo que ele queria aquele momento era parar o avanço sobre a Alemanha, cessando bombardeios e, se possível, jogar os americanos e ingleses contra os soviéticos.

Mas, no final das contas, nem mesmo ele acreditava em uma vitória militar.

Berlim, A Última Fronteira – Parte II

Sempre que penso na Batalha de Berlim, em abril de 1945, não consigo deixar de analisar duas perspectivas.

Primeiro, a da população civil. O que fazer? O que se ouvia da Besta Vermelha que destruía e matava tudo e todos no leste, causava um medo terrível, um desespero. Por isso, muitos migraram para sul com o objetivo de se entregar a forças ocidentais. E levavam o que podiam, o que tinham condições de carregar em carroças e animais de tração, afinal, combustível era um luxo impensado. Essa mesma população de Berlim estava exaurida pelo bombardeios sistemáticos, pelo desabastecimento, pela falta de estruturas públicas básicas. Claro, em comparação com outras cidades destruídas e ocupadas, nada de extraordinário. Há muito ninguém mais acreditava naquela guerra, quase todos os berlinenses perderam parentes nos diversos fronts que a nação alemã lutou. A Lebensraum (Espaço Vital), tanto difundida nas doutrinas nazistas, para uma população alemã pura, se tornou um paradoxo a partir do 21 de abril, quando as forças soviéticas chegam a cidade e nenhum alemão sairia da cidade até tudo ter acabado.

 A segunda foram os soldados restantes que defenderam Berlim e lutaram até o fim. Sem nominar unidades militares ou comandantes, mas pontuando apenas soldados inexperientes recrutados entre crianças que nunca tiveram formação militar ou veteranos mutilados com velhos soldados da Primeira Guerra. Muitos, obrigados a lutar ou a morrerem enforcados. E não foram os poucos que foram dependurados em postes para intimidar aqueles que ousassem não defender o último bastião nazista.

E assim. milhares de homens, mulheres e crianças tiveram que conviver por anos, não apenas com a derrota, mas com as consequências do resultado de uma guerra que, na sua maioria, eles não entendiam e não participaram.

Berlim, A Última Fronteira – Parte I

No final do ano de 1944, a Alemanha estava prestes a desencadear a ofensiva das Ardenas, a última tentativa de Hitler conseguir neutralizar o avanço Aliado pelo ocidente ou, como é sustentando por muitos estudiosos, uma desesperada saída negociada com os anglo-americanos. Muito embora Hitler acreditasse em uma reviravolta no cerco que se formava sobre ele, ninguém mais em Berlim contava com uma vitória completa da Alemanha.

Berlim, desde o final de 1944, já se preparava para o pior. O racionamento e os bombardeios sistemáticos sobre a capital alemã tornava a vida dos berlinenses triste e dura. Mas nada assustava mais do que as notícias que viam do leste. Os vermelhos avançavam com uma voraz sede de destruição. E o objetivo final era Berlim, e os alemães que moravam na capital sabiam disso.

 No início de 1945 foram formadas forças combativas para defender a cidade. O objetivo era defender suas casas e suas famílias, pelo menos esse era o argumento. Crianças foram recrutadas, velhos e mutilados de guerra, todos que pudessem empunhar uma arma deveria combater o inimigo que estava cada vez mais próximo. Treinamentos e treinamentos eram dados aos civis para manusear armamentos leves e outros mais adequados aos combates contra os tanques, como os panzerfausts, de fácil manuseio, ele seria a principal arma para destruir o inimigo.

Mas era uma missão perdida, todos sabiam disso, tanto sabiam que muitos se recusaram a lutar, muitos tentaram se refugiar assim que as investidas contra a cidade iniciaram. Estes, considerados covardes, quando eram pegos, eram enforcados.

Nada adiantou, os arredores de Berlim são alcançados pela artilharia russa na segunda semana de abril, bastaria mais duas semanas para que ela caísse juntamente com toda a cúpula nazista. Era o fim da última fronteira a ser conquistada pelos Aliados na Europa.

Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XVIII

Parte 18

Os excessos eram cada vez mais comuns. Ao final de agosto, o Gefreiter Georg Bergmann do Regimento de Artilharia 234 perto de Aunus no front finlandês ao norte, testemunhou um espetáculo bizarro proporcionado por veículos de uma unidade sendo dirigidos a uma alta velocidade com prisioneiros se empoleirando no capô do motor e nos pára-lamas. Ele disse que: “A maioria caiu devido à altíssima velocidade e foram ‘fuzilados enquanto tentavam escapar’.” O Gefreiter de infantaria Jakob Zietz contou sobre seis prisioneiros de guerra russos capturados por sua companhia da 253ª Divisão de Infantaria, os quais foram obrigados a trabalhar carregando munição perto de Welikije Luki. “Eles estavam completamente exaustos devido à ação do calor e dos seus esforços e caíram no chão, incapazes de continuar a marchar.” Eles foram executados a tiros. Outros morreram limpando campos minados ou carregando munição para a linha de frente.

Durante a noite de 27 de agosto, milhares de prisioneiros soviéticos foram apinhados dentro de um ponto de coleta de prisioneiros em Geisin, perto de Uman. O complexo foi projetado para comportar entre 500 a 800 pessoas, mas a cada hora que passava, de 2.000 a 3.000 prisioneiros chegavam para serem alimentados e enviados para a retaguarda. Nenhuma comida havia chegado e o calor era sufocante. Ao anoitecer, 8.000 se acotovelavam dentro do local. O Oberfeldwebel Leo Mallert, um dos guardas da 101ª Divisão de Infantaria, ouviu então “gritos e tiros” vindos da escuridão. O som dos tiros indicava que era obviamente de grosso calibre. Duas a três baterias de Flak 88mm que estavam por perto começaram a atirar diretamente contra um silo de grãos que estava dentro do perímetro de arame farpado “porque os prisioneiros tinham alegadamente tentado fugir.” Mais tarde um dos vigias disse a Mallert que entre 1.000 e 1.500 homens tinham sido mortos ou gravemente feridos. Má organização e péssima administração resultaram em um superlotação crônica, mas o Stadtkommandant (Comandante Militar) de Geisin não podia arriscar uma fuga em massa.

Não há local, dentro da disciplinada cultura militar alemã ou dentro de sua doutrina tática para lidar contra civis irregulares. Este tinha sido historicamente o caso durante a guerra Franco-Prussiana de 1871 e que se repetiu durante as primeiras fases de ocupação da Primeira Guerra Mundial. Os soldados alemães consideravam errado, ou de alguma maneira injusto, o fato do inimigo continuar a lutar na retaguarda depois de ter sido isolado ou cercado, lutando em um situação sem esperança. Na Rússia, diferentemente do que tinha até então acontecido no oeste, o inimigo se recusava a em seguir as regras de uma rendição ordenada. Os irregulares eram chamados de “bandidos” de acordo com o linguajar militar alemão e tratados como tais. Milhares de soldados russos acabaram ficando separados de suas formações de origem nas grandes batalhas durante as operações de cerco. No dia 13 de setembro de 1941, o OKH ordenou que soldados soviéticos que se reorganizassem e continuassem a resistir após serem ultrapassados pelas forças alemãs, deveriam ser tratados como partisans ou “bandidos”. Em outras palavras, eles deveriam ser executados. Oficiais da 12ª Divisão de Infantaria receberam a seguinte orientação do seu comandante:

“Prisioneiros feitos atrás da linha de frente (…) a única ordem é atirar! Todo soldado deve atirar contra qualquer russo que for encontrado atrás da linha de frente e que não tenha sido feito prisioneiro durante a batalha.”

Tais ordens não soariam absurdas aos soldados simpatizantes ao acordo tácito de que a guerra deveria ser limpa e justa desde que, é claro, se observasse a superioridade tecnológica, tática e organizacional alemã.

C O N T I N U A

Segunda Guerra Mundial: Perguntas Complicadas & Suas Respostas!

Esse BLOG, desde o momento que decidi enveredar para sua construção, tinha em mente que deveria expor a Segunda Guerra Mundial sem a estupidez da explicação pelo prisma ideológico, digo estupidez não com a arrogância de ser o dono da verdade, pelo contrário, mas tendo como objetivo expor apenas o FATO, despido das interpretações pessoais para embasar uma ou outra corrente de interpretação dos acontecimentos, ou seja, defender apenas aquilo que tem embasamento histórico, independente se esse Fato exalta um Derrotado do conflito e diminui um Vencedor, ou vice-versa.

Contudo, sempre sou inquirido sobre determinados acontecimentos que  exige uma posição. Ou pelo menos, exige argumentos que possam agradar uma ou outra interpretação. Por exemplo, Os Bombardeios Aliados sobre as cidades alemães foram crimes de guerra? É possível negar o Holocausto, ou pelo menos diminuí-lo em números? E os bons resultados do Nacional Socialismo no pré-guerra, são sustentáveis? Todas essas perguntas exigem argumentos prós e contra, mas, como diria uma dos maiores medievalistas do século XX, Edward Carr: “Cabe ao Historiador trazer à luz os argumentos que ele entende sejam necessários para a compreensão do Fato Histórico”. Portanto, o Historiador possui na sua raiz profissional a obrigação de expor para seus contemporâneos todos os argumentos necessários ao entendimento do fato, e, pode sim, ser uma visão diferente da VERSÃO OFICIAL.

Bem, então resolvi postar perguntas que são enviadas para mim, que geralmente, respondo por email.

Se você quiser pode enviar perguntas para: blogchicomiranda@gmail.com

Terei o maio prazer em responder, pelo menos tentar!

________

Vamos começar pelas perguntas enviadas por Paulo Roberto de Oliveira:

Francisco com sempre seus artigos são sensacionais!! Parabéns mais uma vez, agora me diga lá, veja se pode me ajudar…tenho algumas dúvidas há anos:

Pode ser que eu esteja desatualizado, se for caso desculpe-me.

1-Qual foi a área em Km2 em que se desenvolveu a Segunda Guerra (Europa e Africa do Norte) ou seja o palco das invasões da Alemanha Nazista?

Chico Miranda – Eduardo, levando em consideração o Teatro de Operações da Europa que, a depender do estágio da guerra, se subdividiu em vários outros teatros de operações, portanto, se pensarmos em fase, por exemplo: “A Guerra de Mentira”, que iniciou com a invasão da Polônia em setembro de 1939 até o início da ofensiva contra os Países Baixos em maio do ano seguinte, sem levar em consideração os países que foram “anexados” ideologicamente por Hitler. Só nesse quadro temos boa parte do território europeu.

Com o fim da “Guerra de Mentira”, teve iniciou a Campanha contra a França e a ofensiva aérea contra a Grã-Bretanha, aumentou a extensão geográfica das ações. Sem falar na Batalha do Atlântico, sendo o mais atuante o Norte e o de menor importância o Atlântico Sul, pois é exigível considerar a perda de 30 mil alemães que morreram em ação nas operações de UBoot nos oceanos.

Sem contar com as Tropas de Ocupação, para cada país invadido havia tropas de choque, significativo contingente administrativo e governos militares instituídos.

Para os dois Teatros citados na pergunta, há vários fatores além da extensão territorial que podem torna a resposta, meramente por quilômetros quadrados, ainda mais imprecisa.

Para ajudar no entendimento, em termos militares, são importantes três concepções. A primeira é o tamanho da Linha Ofensiva que um determinado Exército irá atuar, falo da Linha Ofensiva, já que creio que o seu foco é a atuação da Alemanha que esteve inicialmente nesta condição. A extensão dessa Linha é um dos principais fatores que determina o tamanho da Força Invasora, no caso da Invasão a Polônia, por exemplo, foram empregadas cerca de 53 Divisões alemãs, baseada na extensão territorial e na força do Exército polonês. O segundo fator para um plano de invasão, que é o tamanho da penetração territorial, ou seja, a extensão de deslocamento das tropas dentro do território ocupado e sua estimativa de avanço, que determina o terceiro parâmetro, o planejamento da Linha de Suprimentos, necessários para manutenção das Unidades Combatentes na Linha de Frente. Todos esses fatores são determinantes para um Teatro de Guerra e podem sofrer variação no decorrer da Campanha. Portanto a extensão em quilômetros quadrados, como já disse anteriormente, pode ser uma dado irreal.

Para tentar explicar melhor o argumento vamos ver algumas observações desses teatros de operações.

Na Operação Barbarossa os três grandes Exércitos, Norte, Centro e Sul, tinham missões específicas para invasão de cidades estratégicas. Esses Exércitos foram formados e dotados de arsenal bélico, levando em consideração o poder do Exército Vermelho (subestimado?) e a extensão territorial, não das fronteiras da União Soviética que iria atuar a Wermarcht, mas a soma das Linhas das operações de ocupação desses Exércitos. Como a guerra com a URSS se prolongou, as Linhas de Suprimento ficavam cada vez mais vulneráveis, pois dependiam de transporte férreo ou grandes deslocamentos de comboios de veículos ou de tração animal, suscetíveis ao conhecimento do inimigo, portanto a ataques terrestres e aéreos de uma Força Aérea cambaleante, mas ainda atuante.

Acrescento isso a dois outros fatores, a saber:

1. Indecisão na estratégia final da Ofensiva – Hitler resolve não mais entrar em Moscou e se dirige ao Cáucaso. Acertada ou não, mas toda uma logística inicialmente planejada teve que ser alterada. O moral da tropa, que já lutava havia meses, realizando exaustivos deslocamentos diários,  com objetivos traçados e quando estava há alguns quilômetros do desses objetivos, tiveram que iniciar um novo deslocamento para o oriente.

2. Linha de Manutenção – citado por ninguém menos que Guderian. Nas ofensivas de 1940 contra a França, as Linha de Manutenção seguiam mais próximas das Linhas Ofensivas, o resultado disso é que viaturas e equipamentos bélicos poderiam parar, seja pela ação do inimigo, seja por defeito, e o conserto era realizado logo atrás das linhas e, estaria em condições de combate pouco tempo depois. Na campanha russa não houve a preocupação de manter essa Linha de Manutenção, fato que foi apontado por Guderian como um dos fatores para a derrota da Alemanha nesta Campanha.

 Quando se trata do Teatro de Operações da África, que ocorreram em cinco territórios na África do Norte: desertos da líbia e egípcio, Marrocos, Argélia e Tunísia. Inicialmente Rommel tinha uma missão específica, dominar Gibraltrar e Suez e avançar para o Cáucaso, ou seja, uma Linha Ofensiva definida. Mas a partir de 1942 os ingleses, com a ajuda dos americanos, conseguem impedir Rommel. A Raposa do Deserto e o Montgomery  passam um período lutando nos desertos entre ofensivas e contra-ofensivas, ou seja, o mesmo território foi conquistado e perdido mais de uma vez pelos Exércitos. Portanto, a extensão territorial das Operações não se limita apenas a extensão territorial das regiões geográficas que serviram de cenários das batalhas.

2-Porque só se comenta que os soldados alemães ficavam “atordoados” com a tal distancia Berlim-Moscou ( pouco mais de 2.000 km) não é isso? Bem como com a “vastidão” do tamanho da area sovietica anexada?

Para essa sua pergunta, vou colocar o link que, no me entendimento, contém a resposta:

O que Esperava o Soldado alemão na Campanha Russa?

____

TODOS estão convidados a corrigir e/ou acrescentar a essa modesta argumentação

 Posteriormente publicarei as demais perguntas e respostas.

Madrugada de 22 de junho. Cruzando a fronteira da União Soviética

Madrugada de 22 de junho. Cruzando a fronteira da União Soviética

O Modelo Alemão de Formar Soldado Combatente

Um dos pontos mais claros do Tratado de Versalhes era a referência ao tamanho do Exército Alemão, que deixava de ser um Exército e passava a ser uma força de defesa, chamado de Reichswehr. O Tratado previa uma força de 100 mil homens, sendo que 96 mil praças e 4 mil oficiais. Nesse contexto, o então comandante da Força Nacional, General von Seeckt passou a conceber uma doutrina de uma força profissional que fosse a base de um novo Exército. Esses militares seriam instrutores e formadores de combatentes em um futuro próximo.

Quando Hitler assume, já nos primeiros anos de governo, ele desconsiderou todas as imposições do Tratado e partiu para requalificar e transformar a Alemanha em potência militar, e inicia o processo de alistamento obrigatório e começa a criar as unidades militares que seriam a ponto de lança da visão expansionista do nazismo.

O treinamento desse recém formado Exército é digno de nota. Estabeleceu parâmetros e metas para a formação do soldado combatente. Cidades inteiras foram evacuadas para se transformarem em campo de instrução. A mobilização militar da Alemanha transformou um Exército de 100 mil homens para 2 milhões em pouco mais de 5 anos.

Esses centros de instruções funcionaram quase até o final da guerra, formando todo tipo de combatente. Já quando a demanda por homens treinados era evidente para a Alemanha, os centros receberam crianças, velhos e soldados não-combatentes das forças aérea e naval. Quando não havia mais o que fazer, e o fim era previsível, restava praticamente os civis lutando uniformizados, pelo menos, aqueles que ainda acreditavam em alguma coisa.

Hitler – Quem foi esse Homem?

A análise da Segunda Guerra é algo que sempre gostei de fazer. Se pensarmos em ciência História, teremos como principal característica a dinâmica de interpretações dos fatos históricos. O Fato ele nunca está fechado e lacrado, sempre será debatido e revisto, e isso é importante para o entendimento do passado. Contudo devemos ter muito critério nos diversos tipos de opiniões a respeito do Fato Histórico ou das personalidades da História.

Essa semana uma determinada internauta deixou um comentário aqui no BLOG que era uma declaração de amor a Hitler, do tipo daquelas jovens que gritam por seus ídolos durante um show qualquer. Enfim, isso me fez refletir sobre a importância de uma interpretação correta dos acontecimentos do passado; isso me fez refletir sobre a pessoa do próprio Hitler. Já escrevi vários artigos sobre Hitler e creio que ele sempre será um objeto de estudo interessante, mas será que ele pode ser supervalorizado ou desprezado? Será que devemos amá-lo ou odiá-lo? De certo a História Oficial o condenou eternamente. Mas creio que ainda devemos explorar ainda mais para que as pessoas entendam quem foi esse homem. Portanto resolvi  publicar uma análise mais completa sobre esse enigmático líder, com o máximo de informações possíveis, a partir de uma análise crítica e sem protecionismo e sem condenações preconcebidas desde a sua formação de Hitler, realizações enquanto esteve no poder, seus erros e acertos na sua trajetória; gostaria de estabelecer um perfil de Hitler sem me preocupar com o resultado da guerra, sem questioná-lo ou imputá-lo culpa, apenas entender seus pensamentos, suas ações, suas virtudes e suas faltas, pessoais e públicas.

Vamos postar uma série de artigos semanais, sempre no sábado, para levantar o máximo de informações possível sobre esse ícone histórico que mudou o mundo; mudou nossa realidade. Isso mesmo, pois o mundo como o conhecemos hoje, só se tornou possível pelo simples fato de Adolf Hitler ter nascido e se tornado quem ele foi. Isso não é um mérito!

Gostaria que outras pessoas pudessem contribuir com essa jornada História. Falarmos sobre Adolf Hitler sem a energia ideológica da defesa preconcebida, apontar os seus méritos sem diminuir; apontar seus erros e crimes sem o ódio dos vitoriosos ou a anistia dos simpáticos.

Ajudem a mostrar a verdadeira face do homem por trás do Mito!

Sempre com a maior quantidade de fotos possíveis.

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O Soldado do Exército Alemão Estava Preparado Para a Campanha na Rússia?

Sempre que analisamos um Teatro de Operações da Segunda Guerra Mundial uma das primeiras perspectivas são reveladas a partir da visão do comando. Interpretar as conformidades estratégicas de cada lado é uma imposição para qualquer discussão sobre a condução de uma determinada campanha. Contudo, essa perspectiva não deve ser a única para aqueles que anseiam compreender todo o contexto da guerra. E, como não poderia deixar de ser, a campanha da Alemanha contra a União Soviética desencadeada pela Operação Barbarossa em 22 de junho de 1941 tinha por objetivo o colapso total do governo soviético antes do inverno. Ao contrário do que se imagina, Hitler estava entrando em uma longa e tenebrosa guerra que se encerrou em 1945 com a queda de Berlim.

Quando pensamos nos erros estratégicos na Campanha da Rússia sempre encontramos todos os tipos de discussão que vai da decisão de Hitler de não tomar a capital soviética até as linhas de suprimentos alemães durante toda a campanha.

Mas existe um fator que creio, deve ser considerado. Esse fator é expresso na seguinte pergunta:

O Soldado do Exército Alemão estava preparado para a campanha na Rússia?

Quero levantar algumas questões para que possamos entender uma pouco mais dessa perspectiva, mas antes vou reproduzir uma um trecho do livro: “Ação das pequenas Unidades Alemãs na Campanha da Russia”, uma publicação da BIBLIEX. Evidentemente vamos salvaguardar qualquer tipo de partidarismo.

“1. Adaptação Alemãs ao Teatro de Guerra Russo

 Ao contrário dos russos, as tropas alemãs estavam mal preparadas para uma prolongada campanha na Rússia. Tornou-se necessário um imediato reajustamento e uma radical modificação das normas estabelecidas para os teatros de operações central e ocidental. O primeiro reajustamento do Exército alemão às condições locais consistiu na revisão dos padrões de seleção dos comandantes dos escalões inferiores; sua idade média foi diminuída e os requisitos físicos foram aumentados. Sempre que uma unidade alemã tinha de entrar em ação contra as forças russas, era necessário deixar para trás qualquer excesso de bagagem, os cavalos de montaria e as viaturas unicamente de transporte de pessoal. Durante semanas, às vezes, os oficiais e soldados não tinha a oportunidade de trocas as roupas de baixo; esta circunstância exigia um outro reajustamento às condições de vida russas tendo em vista, tão somente, a resistência a imundície e aos parasitas. Muitos oficiais e praças de mais idade entraram em colapso ou ficaram doentes tendo de ser substituídos por homens mais jovens.

O soldado alemão, em comparação ao russo, era inferior devido às comodidades a que estava acostumado. Já antes da 1ª Guerra Mundial era comum pilheriar-se que os cavalos do Exército Alemão não resistiriam a uma única noite passada ao ar livre. O soldado da 2ª Guerra Mundial estava acostumado às barracas com aquecimento central e água corrente, às camas com colchões e a dormitórios com assoalhos de parquete e sua adaptação às condições de vida extremamente primitivas da Rússia não foi nada fácil.” – Ação das pequenas Unidades Alemãs na Campanha da Rússia – pg. 03

O que vocês acham?

Determinando as Causas do Fim de Hitler –

Impressionante como nos deparamos com argumentos da Segunda Guerra que impossibilitam qualquer tipo de análise mais profunda do evento. Outro dia estava observando alguns comentários na internet sobre o confronto entre a URSS e Alemanha e, perplexo, observei que algumas pessoas defendem avidamente que a Segunda Guerra Mundial foi basicamente um conflito envolvendo esses dois países. Os principais argumentos foram as grande campanhas, os material bélico e humano envolvido e a derrocada do regime de Hitler iniciando às margens do Voga. É compreensível que um entusiasta soviético sustente o heroísmo do Exército Vermelho na campanha de expulsão da Wermartch até a queda de Berlim. Mas não é possível desconsiderar todas as campanhas militares entre 1939 a 1942, período em que vigorou de forma muito atuante a amizade entre os regimes do senhor Stálin e do ditador germânico. Não podemos conceber que o envolvimento de quase toda a totalidade de nações europeias e muitas outras nações de outros continentes, possam ser desprezadas no contexto das campanhas militares. Inconcebível também pensar que os mais de 02 milhões de soldados alemães estacionados na França em uma possível ofensiva aliada a partir do segundo semestre de 1943 possam ser desprezadas. Citamos apenas alguns exemplos, mas há muitos outros.

Portanto é necessário entender que uma das principais características do conflito é a percepção de que o envolvimento foi global, isso é passível, e que até 1942 a Inglaterra lutou praticamente sozinha nos céus e nos mares para segurar o ímpeto expansionista de Hitler. E os recursos empregados nas diversas campanhas foram diminuindo a capacidade bélica no decorrer dos anos e influenciou sim, o resultado final da guerra.

Essa visão é tão importante que o senhor Stálin, na Convenção Aliada em Casa Blanca, reforça a necessidade de abertura de uma nova frente, pressionando politicamente os Estados Unidos e a Inglaterra para que houvesse a invasão da Europa, por isso, podemos entender que um dos principais personagens para a Operação Overlord, o Dia D, foi o chefe comunista. Ele sabia a necessidade de fazer com que recursos importantes do, ainda combativo Reich, pudessem ser deslocados para a defesa de outra frente, aliviado seus Exércitos em franca ofensiva, portanto há argumentos suficientes para dar o peso e importância para cada ação política e de guerra.

Para finalizar é importante saber que, apesar de uma frente ter concebido um peso maior ou menor para o resultado final da guerra, o que levou a queda do Reich foi o conjunto de fatores, ações e decisões dos diversos líderes envolvidos que determinou e resultado final da guerra. Qualquer outra interpretação está baseada em exacerbada ideologia e não podem se configurar uma análise critica e isenta da Segunda Guerra.

Contudo nada disso tira o grande heroísmo e bravura com que lutou o povo soviético.

Segue abaixo alguns exemplos dos combates da União Soviética.

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A Poderosa Alemanha Nazista!

Não é possível negar, a Alemanha nazista se preparou para a guerra. Essa afirmativa, até certo ponto simplista, não resume o avanço extraordinário que o regime conseguiu alcançar nos anos que esteve em processo de reafirmação bélica. Em 1933, Hitler assume uma Alemanha humilha e cheia de restrições, ninguém pode negar esse fato, e aos poucos vai transformando sua indústria bélica em uma poderosa máquina de guerra. Mérito? Falando militarmente, esquecendo as argumentações de causas e consequências da Segunda Guerra Mundial, é possível ceder o mérito ao senhor Adolf, muito embora o que importa de fato é o que ele fez com esse poder. Mas é possível imaginar um país destruído economicamente e em menos de uma década ser a maior potência militar do mundo? E mais impressionante ainda, em pouco mais de cinco anos se encontrar completamente devastado novamente?  Observando esses acontecimentos friamente, esse tipo de cenário parece tão improvável atualmente como o era antes de 1939, mas aconteceu.

O poder da Alemanha foi muito além do armamento e da tecnologia, a Alemanha desenvolveu técnicas de combate, doutrinas militares que são empregadas até os dias atuais. Isso assustou o mundo, e assusta até hoje! Devemos ter em mente que é necessário entender a História em sua plenitude para que outros regimes com a eficiência militar da Alemanha nazista e sua ideologia possam ficar apenas na história, servindo de exemplo para essa e as próximas gerações.