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Guerra no Deserto: Relatos da Afrika Corps

Hans Klein nasceu em 1921, era marceneiro antes de entrar para a Divisão Hermann Göring da Luftwaffe em 1942. Enviado para a África, serviu no Afrika Korps entre 1942-43, onde alcançou o posto de cabo.

No inicio de 1942 eu fui recrutado para servir na Força Aérea (Luftwaffe), na Divisão Paraquedista Hermann Göring.
Diferente do que costuma ser publicado, a Divisão não era integrada por voluntários, na verdade éramos diretamente recrutados ou transferidos de outras unidades, e eu nunca conheci algum voluntário na nossa companhia. A Divisão Hermann Göring era uma unidade fantástica, e foi uma honra servir em suas fileiras.

Nossa Divisão teve um bom programa de treinamento, e era uma unidade sólida e orgulhosa. Eu fui enviado a Utrecht, na Holanda, para treinamento, mais especificamente, para ser estafeta. Além da instrução militar, aprendi a dirigir diversos tipos de motocicletas e veículos, além de aprender auto-mecânica e elétrica.

Lamento dizer isto mas muitos dos homens na minha Divisão achavam que o Marechal da Força-Aérea Hermann Göring era um fanfarrão. No início da guerra ele fez a estúpida afirmação de que se algum avião inimigo alcançasse Berlim ele mudaria o seu nome para “Meier”, e desde então nós o chamávamos de Hermann Meier em nossas conversas.

A primeira campanha em que eu estive envolvido foi a ocupação do território de Vichy, na França, em novembro de 1942. Não houve qualquer resistência e prosseguimos em direção ao sul até a cidade de Cognac, que é uma das mais belas cidades na França.

No final de 1942 a situação no norte da África era crítica, e foi decidida a criação do Grupo de Combate (Kampfgruppe) Schmidt, formada com elementos da Divisão Hermann Göring. Fomos transportados via aérea para a área de Nápoles, na Itália, e depois para a África, em aviões de transporte Junkers-52. Estes aviões eram lentos mas bastante robustos. Voamos rente ao nível do mar, entre 7 e 15 metros de altura, por sobre as ondas, esperando que não acontecesse algum problema mecânico. Tivemos a escolta de alguns caças e fomos afortunados por não acontecer nenhum incidente durante a viagem. Chegamos a Túnis e eu assumi o meu posto de estafeta. Lutamos e participamos de várias batalhas durante meio ano, até que a luta cessou na África.

Em um dia típico na África havia a constante troca de tiros da artilharia na maior parte do dia, mas não mais que 50 ou 60 tiros em ambas as direções. Apenas o suficiente para deixar o outro lado perturbado. Nós continuamente nos protegíamos pois estávamos muito próximos da linha de frente. Estávamos freqüentemente juntos aos observadores avançados, que não estavam a mais que 700 metros das linhas inglesas. Na metade do tempo fazíamos patrulhas na terra de ninguém, mas nossas atividades mudavam constantemente. Quando não estávamos patrulhando nós ficávamos nos nossos buracos, protegidos dos ataques aéreos. Usualmente recebíamos uma calorosa visita todos os dias.

Muita de nossa atividade era feita durante a noite. Nós colocávamos minas ou saiamos em patrulha. Se nos encontrávamos na linha de frente, o que acontecia na maior parte das vezes, recebíamos tiros de barragem do inimigo a cada 15 minutos. Na primeira oportunidade que tínhamos, procurávamos dormir, geralmente no final da madrugada.

Nossos suprimentos de comida, água e munição não eram adequados. Usualmente tínhamos falta de tudo. Deveríamos receber quatro litros de água por dia, mas na prática eram apenas dois litros para cada um de nós. Raramente tomávamos banho, a menos que estivéssemos próximo à costa do Mediterrâneo.

Em uma noite a minha moto foi pelos ares, atingida em cheio pela barragem. Não havia muito o que fazer. Supostamente a Divisão Hermann Göring era motorizada, e nós esperávamos que chegassem os veículos, mas os cargueiros em que estavam sendo transportados foram afundados no caminho e nós nunca recebemos os equipamentos.

As moscas eram um problema constante, e não tínhamos controle sobre elas, nuvens delas vinham sobre nossas faces e usávamos uma rede sobre a cabeça o tempo todo. Para comer o pão, algumas vezes, poucas vezes, tínhamos geléia ou carne enlatada, e devíamos antes retirar as moscas e rapidamente colocar o pão sob a proteção da rede, esperando que nenhuma tivesse entrado junto com a comida.

O calor durante o dia era tremendo, com média de mais de 40oC a sombra, era muito desgastante. A noite fazia tanto frio quanto quente era o dia, e tínhamos que vestir agasalhos para as missões noturnas.

O nosso comandante, o Marechal de Campo Erwin Rommel, foi o homem mais importante que já conheci. Ele era uma lenda para os soldados que lutaram na África, nós tínhamos um respeito e admiração natural por ele.

Eu o vi pessoalmente em várias ocasiões durante a minha tarefa de estafeta. Ele nunca me dirigiu a palavra, mas estar próximo a sua pessoa causava uma forte impressão. Nós sabíamos que em todas as decisões que ele tomava, sempre levava em conta a vida e a segurança de seus homens. Ele surpreendia o inimigo e encontrava uma maneira de manobrar em torno deles de forma a proteger os seus soldados. Esta foi a sua marca de galanteria na campanha da África.

Por problemas de saúde o Marechal passou o comando para o General Hans Von Arnim que era muito inteligente e ágil, mas não tinha o mesmo carisma que seu antecessor, e assim sentíamos como que afastados do seu comando. Havia uma grande camaradagem entre nós, os soldados do Afrika Korps, e a nossa moral era bastante elevada.

Por outro lado, os nossos aliados italianos passavam por uma série de dificuldades. Aos oficiais italianos sequer lhes passava pela cabeça dormir ou comer ao lado de seus soldados, em contraste, os oficiais alemães estavam sempre compartilhando das mesmas rotinas de seus subordinados, nós éramos muito unidos e isto nos dava um sentimento de orgulho. Isto continuou mesmo quando nos tornamos prisioneiros de guerra. Recebemos posteriormente a admiração dos jornais americanos pela forma “democrática” de integração do nosso corpo militar.

Tínhamos uma grande camaradagem com os italianos, mas dava pena de sua situação, se nossos suprimentos eram escassos, a deles era totalmente inadequada. A sua liderança além de inepta não providenciava a sua apropriada alimentação bem como o suprimento de munição e armamento adequados. Os italianos não tinham a mesma disposição de luta porque não tinham nada decente com que se defender. Os seus tanques não eram de segunda categoria mas sim de terceira. Os aliados tinham novos tipos de tanques entregues aos milhares e os italianos tinham que lutar com um modelo construído em 1928, eles não tinham a menor possibilidade de vencer. Se a pressão na batalha fosse muito grande eles simplesmente viravam as costas e desistiam. Preferiam mais ser capturados a lutar por um sistema que nunca lhes ofereceu nada.

Um dia ficamos face a face com quatro tanques americanos que entraram em nosso campo minado. Um deles estava atirando contra nós, e eu, num impulso, corri até ele e coloquei uma granada entre as suas lagartas. O som da explosão fez com que a equipagem saísse do tanque e se rendesse a nós. Pelo feito ganhei a medalha da Cruz de Ferro de 2ª classe.

Após a batalha de El Alamein nossa retirada foi constante, mas também organizada. Tínhamos sempre que estar com um olho nos italianos pois sua retirada podia se transformar em debandada, além disso os seus oficiais sempre queriam levar todas as suas coisas nos caminhões, incluindo ai as suas confortáveis camas, equipamento de cozinha, banheiros e apetrechos de luxo de toda natureza, enquanto isso nós levávamos apenas o estritamente necessário.

Em um determinado ponto estávamos cercados ao sul da Tunísia, próximo a cidade de Pond du Fahs. Durante três dias sofremos pesado bombardeio e não tínhamos força suficiente para quebrar o cerco, nossas chances de escapar eram muito pequenas, então fomos instruídos a destruir os documentos e nosso equipamento para evitar a captura pelo inimigo. Recebemos permissão para comer nossas rações de emergência, que eram reservadas somente para o último e desesperado momento. Ela contém comida desidratada e energética, e até barra de chocolate. Resignadamente esperávamos pela morte ou captura nos próximos minutos.

Felizmente fomos socorridos no último momento pela 10ª Divisão Panzer que furou o cerco e libertou nossas tropas. Continuamos então a retirada através da Tunísia. Em caminhões atingimos a cidade de Zaghouan, onde cerca de 25.000 soldados alemães, de diferentes unidades concentraram-se. Estas unidades estavam muito misturadas. Os combates diminuíram e apenas mantínhamos escaramuças para cobrir a retirada.

Em 11 de maio de 1943 eu estava junto com cerca de 5.000 soldados alemães em Zaghouan, que ficava localizado em uma montanha acerca de 600m de altitude, cobrindo a retirada dos demais. Os americanos estavam fazendo um bombardeio pesado sobre a cidade. Eles também lançavam folhetos de aviões dizendo que se não nos rendêssemos pela manhã a cidade seria bombardeada e destruída, mas claro, nós não nos rendemos.

Além das armas pessoais e morteiros, nós tínhamos cerca de 20 canhões de 88mm, o melhor canhão da campanha na África. Os americanos atacaram com cerca de 30 tanques, vindos de uma única direção, e cerca de 25 outros vindo de outra. Eu me lembro que tínhamos apenas 15 tiros por peça, então esperamos até o último momento para atirar. Os tanques estavam a apenas 300 metros quando abrimos fogo fazendo uma barragem incrível. Imediatamente entre 12 e 15 tanques foram pelos ares. Durante dois dias as carcaças arderam.

Recebemos ordem de recuar alguns dos nossos tanques que estavam desgastados e precisando de reparos Não tínhamos peças sobressalentes e mecânicos suficientes para recuperar todos. A situação no geral deteriorava-se a cada momento.

Pouco tempo depois perdemos o contato com o Quartel-General em Túnis e com o General Von Arnim. Estávamos concentrados ao sul da frente, mas na verdade não havia uma frente definida, éramos mais uma tropa presa em um bolsão. O bombardeio americano da manhã seguinte foi intenso e terrível, era o nosso fim. Recebemos ordem de destruir nossas armas. O comandante passou a ordem para nos concentrarmos em uma determinada região da cidade para a rendição final.

Não tínhamos nada para comer, nossas munições acabaram e apenas a água era ainda distribuída regularmente. Por volta das 08:30hs da manhã de 12 de maio de 1943 foi formalizada a nossa rendição, e não nos pareceu um fim muito dramático. Marchamos para fora da cidade de Zaghouan, os tanques americanos pararam perto de nós.

Os americanos nos colocaram em campo aberto, onde entramos em formação. Não tínhamos comida ou água, e ficamos assim por dois dias. Eles não tomaram a mínima atitude ou cuidado para conosco e o tempo estava muito quente. Pouco depois fomos entregues aos franceses, mais especificamente, aos homens da Legião Estrangeira. Ficamos muito apreensivos pois eles eram bem hostis em relação a nós. Fomos revistados e despojados de tudo que tínhamos. O tratamento que recebemos como prisioneiros de guerra foi terrível.

Por dois dias nos fizeram marchar até um ponto ao norte de Pond du Fahs. Um bom número de nós foi ferido pelos guardas da Legião durante a marcha até o campo de prisioneiros. Nós marchávamos em quatro ou cinco fileiras e, de tempos em tempos, os legionários vinham atrás em um caminhão puxando um cabo atado a um rolo de arame farpado e dirigiam em velocidade passando entre nós. Praticamente todos nós fomos feridos neste processo. Apenas aqueles que conseguiam ouvir a tempo os gritos e o barulho do veículo tinham uma chance de desviar, eu fui um dos poucos que conseguiu.

O campo de prisioneiros em Pond du Fahs media entre 300 e 400 acres, cercado por arame farpado. Éramos entre 12.000 e 14.000 prisioneiros no campo. Ficamos ao ar livre, os franceses não nos deram tendas ou pás para cavarmos buracos onde pudéssemos nos proteger do sol e do vento. Nunca recebemos qualquer tipo de material para fazermos abrigos.

Não recebíamos água com regularidade, tínhamos que dosar e economizar o precioso líquido. Imaginamos uma maneira de escapar mas não tínhamos ilusão pois não havia água ou comida na região, além disso estávamos bastante debilitados fisicamente, e não conheço nenhum prisioneiro alemão na Africa que tenha conseguido escapar.

Não demorou para surgirem centenas de casos de morte por inanição, falta de água e insolação. Cavei várias covas para enterrar os mortos. Éramos mais de 12.000 homens esquecidos no deserto, nem mesmo a Cruz Vermelha tomou conhecimento. Normalmente os prisioneiros são contados e colocados sob a proteção das leis internacionais, mas não para a Legião Estrangeira.

Após um tempo, entre seis e oito semanas, vários de nós fomos forçados a trabalhar na limpeza de campos minados. Aqueles que se recusavam eram fuzilados no local. Todos os dias cerca de 100 prisioneiros marchavam para os campos minados. Eu ouvia sempre nessas ocasiões três ou quatro explosões. Os franceses não forneciam qualquer tipo de equipamento ou ferramentas, muito menos algum tipo de orientação sobre o campo e as minas.

Esta rotina diária de retirada de minas durou três semanas. Sabíamos que os franceses tinham o mapa dos campos minados e a localização das minas, porém não forneciam qualquer informação.

Por volta de julho de 1943 fomos forçados a marchar por três ou quatro dias até um campo menor próximo de Túnis. A marcha até o campo foi feita em uma cadência muito lenta devido ao estado de fraqueza em que nos encontrávamos, muitos ficaram pelo caminho para nunca mais voltar.

Durante a marcha só recebemos água uma única vez. Os franceses trouxeram uma grande cisterna de água e simplesmente abriram todas as torneiras. Corríamos desesperados para poder pegar um pouco, não tínhamos nada além das mãos. A água tinha gosto de gasolina e corria para a areia onde formava poças que eram disputadas pelos homens.

O tratamento era intencional, com o objetivo de eliminar os mais fracos. O campo localizado próximo de Tunis ficava a cerca de 80 km de Pond du Fahs no deserto do Saara. Nada além de areia existia na região. Eu calculo que mais de 4.000 prisioneiros ocupavam o campo e a cada dia dezenas morriam de fome, privação ou doenças.

Nos períodos melhores recebíamos 1/4 de litro de água por dia e um naco de pão duro cheio de areia que batia nos dentes como se estivéssemos comendo pedra. Passávamos o dia pensando em comida e água. Improvisamos a construção de abrigos cavando um buraco do tamanho de um homem no qual colocávamos arbustos e argila utilizando a água que não era possível beber. Conseguimos algumas lonas e pudemos finalmente colocar uma proteção contra o sol abrasador.

Não tínhamos provisão de medicamentos e havia apenas um médico alemão no campo, mas ele não podia fazer muito sem instrumentos e remédios. Eu e meu amigo fomos escalados várias vezes para cavar covas rasas e enterrar os mortos. Não sei quantos corpos enterrei mas foi uma quantidade muito grande.

Aqueles que caiam de lado não recebiam qualquer atenção dos franceses e eram deixados para morrer. Após um tempo estabelecidos, os franceses ordenaram que todos se reunissem pois iriamos mudar de campo. Então ordenaram que empilhássemos as lonas e o material de abrigo em uma grande pilha, onde depois foi ateado fogo.

Quando estávamos prontos para marchar eles cancelaram a ordem e mandaram dispersar, vivemos então apenas dentro dos buracos, sem proteção contra o sol e o vento. Claro que foi proposital, com a intenção de retirar o pouco do abrigo que a custo conseguimos construir.

Em um determinado ponto eu entrei em uma espécie de estado de coma que durou mais de uma semana. Não tinha forças sequer para fazer as necessidades mais básicas. Sem hospital, apenas podíamos ficar deitados no chão ou nos buracos. Eu fui capturado em 12 de maio de 1943 e em setembro já tinha emagrecido mais de 40 kg.

Minha vida foi salva porque um major americano achou nosso campo por acidente. Este major tinha ligação com a Cruz Vermelha e com o controle dos prisioneiros de guerra, e resolveu averiguar o campo, descobrindo as péssimas condições em que nos encontrávamos. Uma centena de prisioneiros estavam inconscientes dos cerca de menos de 2.000 que ainda estavam vivos.

O Major voltou no dia seguinte com duas dezenas de ambulâncias e forçou sua entrada no campo francês, apoiado por uma centena de soldados americanos. O major selecionou entre 100 e 120 dos casos mais urgentes para hospitalização. Afortunadamente eu estava entre estes. Fui colocado em uma ambulância onde deram-me algo para comer. Fomos levados então para Tunis onde nos internaram em um hospital da Cruz Vermelha Alemã.

Pouco depois fomos levados para Casablanca para embarcarmos em um comboio que partindo de Oran se dirigia para os Estados Unidos. Havia seis ou sete navios carregados com prisioneiros alemães. Viajamos em um barco mercante e fomos dos primeiros prisioneiros alemães a embarcar para os EUA.

Desembarcamos em Nova York e depois fomos transportados em um trem confortável de passageiros, algo inédito pois na Alemanha os soldados eram transportados em vagões de carga.

Viajamos por quatro dias e três noites até o nosso destino em Tonkawa, Oklahoma, para um campo de prisioneiros cercado de arame farpado. Ficamos alojados em barracas com capacidade para 50 homens cada.

Durante o período em que estávamos prisioneiros fomos levados a ajudar vários fazendeiros da região na colheita e serviços diversos, no campo e nas cidades.

Quando a guerra terminou eu fui um dos afortunados que retornou para casa quatro semanas após a Páscoa de 1946. Após 1946 nem todos os prisioneiros retornaram diretamente para a Alemanha. Muitos passaram ainda um ano ou mais trabalhando na Inglaterra ou na França.

Fonte: World War II magazine – Setembro 2005. Compilado por Wolfgang Garlipp.

Esses Esquisitos Ingleses

Ser britânico no início do século vinte não era nada fácil. O império de sua majestade passou de um Império absoluto nos séculos anteriores para concorrer com outras nações, se envolvendo em dois grandes conflitos na Europa territorial. Não por acaso, Keynes, afirmou que a Inglaterra agia como se não fizesse parte da Europa, sempre distante dos reais problemas políticos e sociais do território.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a insistência do Premier inglês Chamberlain na sua política de “paz a qualquer custo” deu uma boa margem para que Hitler tomasse gosto pela sua política expansionista. Quando a guerra era invitável, e a Força Expedicionária Britânica chega a França, alguns meses depois, tem que ser resgatada de volta para casa.

Rommel, quando lutou contra os ingleses no deserto, dizia que não acreditava que o britânicos abriam mão de perseguir suas tropas para tomar o seu chá da tarde. Mas nunca subestimou os ingleses, sempre admirou e foi profundo admirador dos súditos do Rei.

Não podemos deixar de comentar os uniformes estranho e os capacetes esquisitos do Exército Real.

Os Alemães e o Dia D.

Quando no início de 1944 Rommel resolve realizar uma inspeção na inexpugnável Muralha de Atlântico. Observou que o “inexpugnável” só fazia sentido para a propaganda do “doutor” Goebbels. Uma análise da Raposa do Deserto constatou que para se deter uma investida aliada era necessário deter o inimigo antes que ele tivesse a chance de conquistar uma “cabeça-de-praia”, então formula a célebre frase: “o mais longo dos dias”. Como providências para esse pensamento, os reforços bélicos foram aumentados consideravelmente, com aumentando as defesas fixas na região na Península de Contentin, alagamento de grandes áreas e proteção contra desembarques aerotransportados, além de uma quantidade absurda de obstáculos nas praias e extensas áreas minadas.

Todos os especialistas do Dia D são unânimes em afirmar que a designação de Rommel para Teatro de Operações na Europa aumentou de modo exponencial as baixas dos aliados na incursão pela França. Ele queria deter qualquer tentativa de avanço sobre o território francês. Contava com divisões panzers para um contra-ataque rápido de feroz no mesmo dia dos desembarques. Nesse momento entra a ordem absurda de Hitler de que qualquer deslocamento de panzers deveria ser realizada apenas sob suas ordens, e  ele estava dormindo até duas horas da tarde do Dia D. A ordem só chegou no final do Dia D e com ressalvas de tropas, tornando o deslocamento complicado naquele momento.

Depois de perder o ímpeto combativo, os defensores, apesar de enormes baixas causadas na praia de codinome Omaha, cedeu terreno e acabaram retraindo para o interior. As principais defesas foram concentradas na cidade de Caen, onde a resistência alemã lutou por meses. A cidade foi totalmente destruida por bombardeios aéreos, mas mesmo assim ainda, havia duros combates até a conquista total.

Argentan, Caretan e a região de Contentin foram cenários de duros combates. Mas nesse momento a capitulação da Alemanha em terras francesas era uma questão de tempo.

Abaixo um conjunto de fotografias que visa mostrar as tropas alemães antes e depois do Dia D.

A Hora H do Dia D!

O Dia D ficou consagrado como o dia da decisão, termo militar que foi utilizado como codinome para a Operação Overlord e que acabou sendo sinônimo para um dia importante. Mas dentro do Dia D, o mais longo dos dias, segundo o próprio Rommel, houve para cada soldado participante do conflito a sua própria Hora H. Aquela que determinou a vida ou morte; aquele momento de decisão ou de angustia, de alegria ou de tristeza, um momento importante para qualquer soldado, seja ele americano, inglês ou alemão. A Hora H pode ser um momento de tranquilidade e de paz depois de um inferno.

Como temos nossa série a Hora H aqui no BLOG, resolvemos buscar no acervo fotografias da Hora H do Dia D, que não necessariamente foi no Dia D, mas inclui operações posteriores a Dia D. Resgatamos fotografias da U.S Corps com a qualidade impressionante, que nos orgulhou colocar a disposição de vocês.

Nas próximas remessas vamos abordar o próprio Dia D e a impressão do soldado ao se aproximar a sua Hora H.

Análise Histórica e Fotográfica da Segunda Guerra – Parte VII

A superioridade aérea é algo completamente necessário para uma ofensiva em larga dimensão. Não por acaso, Hitler só tentaria uma invasão a Inglaterra quando a superioridade aérea fosse da Luftwaffe, o que jamais se concretizou. Depois de perder o poderio sobre os céus da Inglaterra e, posteriormente perder presença nos céus da França, a Luftwaffe estava longe de ser a mesma que participou ativamente da Blitzkrieg nas primeiras fases da Segunda Guerra. Em 1944 e 1945 se resumiu a defesa de seu próprio país. Seus bombardeiros e caças não mais eram temidos e jaziam abatidos nos rincões dos chãos dos países outrora conquistados.

Muito se fala nos paraquedistas americanos da 89ª e 101ª Divisão Aerotransportadas, mas a Divisão mais castigada na tomada da Europa foi sem dúvida a 1ª Divisão Britânica Aerotransportada. Essa Divisão de Elite foi praticamente massacrada durante a execução da Operação Market Garden, perdendo 7500 paraquedistas.

Os Red Devils tiveram pouca sorte desde o princípio da operação, pois a região de Arnhem era defendida ferozmente por baterias antiaéreas alemães, fazendo com que as tropas saltassem muito longe de seus objetivos. A Divisão foi quase totalmente massacrada durante a contraofensiva para defender a Ponte do Rio Reno.

A utilização de planadores entrou para a História das Guerras no Dia D, já que fora usado largamente para o desembarque das tropas aerotransportadas. Esse tipo de transporte, extremamente silencioso, mas mortal quando pousava em terreno acidentado ou em árvores de grande parte, causou enormes baixas. Inclusive o General Pratt, único oficial General que morreu durante a Operação Overlord, por está “protegida” demais, ou seja, chapas de aço colocados abaixo do seu jeep impediram que o Planador da classe CG-4A , caiu violentamente contra o solo, mesmo com todos os esforços do seu piloto, o Tenente-Coronel C. Michael “Mike” Murphy  que não pôde evitar que o General Pratt quebrasse o pescoço na descida.

O Planador

 

Na há registros da noite do dia 05 de junho de 1944, quando iniciou o plano de invasão da Europa com as chega nos céus da Normandia das Divisões Aerotransportadas. Uma coisa é certa, todas as lembranças que são registradas falam sobre a grande quantidade de fogo antiaéreo que foi despejado contras os C-47 com as tropas paraquedistas, não por acaso, muitas semanas depois do Dia D eram possível ainda ver as chamas dos aviões que foram abatidos no inferno da noite do dia 05.

Uma informação importante para qualquer pessoa que estuda a Operação Overlord é saber o que pensavam os defensores sobre como e onde seria a inevitável Invasão da Europa. Rundstedt e Rommel eram os chefes diretos encarregados da Defesa, mas mesmo eles não concordavam como proceder no caso da invasão. Rommel acreditava piamente que os ataques deveriam ser repelidos ainda nos primeiras horas da invasão, evitando que qualquer cabeço-de-praia fosse estabelecida de forma definitiva, para tanto era necessário trazer as Divisões Panzers disponíveis para mais próximo do litoral. Rundstedt, por sua vez, achava que o ataque deveria ser repelido a partir de um forte contra-ataque vindo do interior, para tanto os carros de combate estariam pronto para o emprego, mas bem mais afastados no interior, longe dos bombardeios da Marinha Aliada. No final das contas nenhum das opções foram efetivamente executadas.

General Rommel: Um Grande General ou Um Produto de Propaganda?

 Confesso que gosto de Erwin Rommel. Mas também admito que Rommel foi um dos principais elementos de propaganda do III Reich durante os vitoriosos anos iniciais da Segunda Guerra. Quando Rommel chegou à África, os italianos estavam dispersos e perdidos, e o general alemão conseguiu formar um Exército combativo, evidentemente à custa da máquina de guerra nazista, mas esse front nunca fora referência para o Fürher, e acabou sendo um front desabastecido de suprimentos, a derrota foi inevitável. A Raposa do Deserto ficou sem comando quase todo o ano de 1943, quando foi dada a missão de cuidar da Muralha do Atlântico, e, na primeira inspeção, ficou claro o quanto a Muralha era frágil. Aconteceu o Dia D, Rommel foi ferido e enviado para casa.

No final das contas Rommel foi envolvido no atentado contra Hitler em 1945 e por isso foi forçado a cometer suicídio. O fato de ter sido morto pelo sistema que defendeu, ajudou na construção da imagem de um militar patriota e profissional, mas não nazista. Infelizmente Rommel era fascinado por Hitler e pelo Nazismo, mas no decorrer da guerra essa fascinação se transformou em decepção.  Mas a imagem se perpetuou e Erwin Rommel é citado como um dos maiores generais da História. Será?

O BLOG quer saber sua opinião sobre a Raposa do Deserto.

O Dia D, depois do Dia D!

O dia 06 de junho de 1944 entrou para história como sendo a maior operação anfíbia que o mundo jamais vira. Apesar do comando da operação está nas mãos dos americanos, a invasão a Muralha do Atlântico teria a participação de vários países. Mas não vamos nos prender ao Dia D, tendo em vista que um assunto bastante estudado, e sim nas operações posteriores ao Dia D que foram tão duras quanto o desembarque nas praias da Normandia, e causaram perda de pessoal e material tão importante quando as verificadas nessas praias. Monty, sustentava a ideia de que, ainda no Dia D, as tropas britânicas tomariam Caen, mas a forte resistência alemã só permitiu a tomada quase três meses depois do dia 06 de junho, e essa não foi uma exceção, cidades como  Cherbourg e Argentan, só foram retomadas depois que os Aliados utilizaram artilharia e expulsaram os focos de resistência alemã dentro das cidades. Nos campos próximos as batalhas foram ainda mais sangrentas, elevando assim o número de baixas e perda de material. Para acelerar o capitulação alemã na França, foi chamado de volta a General Patton, que fora afastado das operações de campo, sendo dado o comando da Operação Cobra que tinha por objetivo o avanço rápido no território francês.

Para concluir podemos afirmar que o Dia D não foi o apenas no dia 06 junho 1944, mas o conjunto dos dias que culminaram com a liberação da Europa Ocidental. Se que o Dia D realmente aconteceu na Europa Ocidental.

Dossiê Generais da Segunda Guerra – Erwin Rommel – Final

Entre julho e outubro 1944, Rommel em grande parte permaneceu inativo, se recuperando de ferimentos na cabeça sofridos quando seu carro foi atacado por aviões aliados em 17 de julho de 1944. Escreveu vários trabalhos durante esse tempo, um dos que discutiram sua visão para o modelo oficial do Exército alemão moderno:

O líder tático do futuro é quem vai decidir a batalha – para a ênfase principal de batalhas futuras serão sobre a destruição tática do poder do inimigo na luta – vai precisar não apenas ter uma ordem mental elevada, mas também grande força de caráter. Devido à grande variedade de possibilidades táticas que oferece motorização que será, no futuro, ser impossível fazer mais do que uma previsão aproximada do curso de uma batalha. Assim sendo, a questão será decidida pela flexibilidade de espírito, a aceitação de responsabilidades, misturada de cautela e audácia, e maior controle sobre as tropas de combate.

Em outubro 1944, enquanto em casa, Rommel recebeu um telefonema do marechal Wilhelm Keitel em Berlim, pedindo-lhe para informar pessoalmente a respeito de sua próxima missão. Rommel não tinha certeza se ele iria de fato a receber um novo comando, possivelmente, na frente oriental, ou se ele estava destinado a ser entregue à Gestapo, mesmo se Keitel não tivesse nenhuma agenda secreta, viajando para Berlim podendo ser uma viagem só de ida, entregando-se a agentes nazistas que podem suspeitar que ele esteja envolvido no complô. Recusando-se a ir a Berlim, usando sua condição de saúde como uma desculpa, Keitel concordou que ele iria enviar generais Wilhelm Burgdorf e Maisel Ernst para a casa de Rommel no sul da Alemanha, com detalhes de sua próxima missão. Rommel sabia-los como funcionários do departamento de pessoal, e pensou que talvez eles realmente traziam notícias de uma nova posição ao invés de questões relativas à tentativa de assassinato.

Burgdorf e Maisel chegaram à casa de Rommel em 14 de outubro de 1944, e Rommel convido-os para seu escritório. Neste dia, Rommel decidiu usar seu uniforme da Afrika Corps. Burgdorf, que fez mais do que falar como Maisel atuou principalmente como uma unicamente como testemunha, revelou o que Rommel tinha temido: Rommel tinha sido implicado na conspiração de julho, e foi dada uma escolha para enfrentar o Tribunal do Povo ou cometer suicídio. Burgdorf prometeu que, se ele escolher o último, ele receberia um funeral de estado as condecorações de um herói, enquanto sua esposa Lucy e o filho Manfred seriam protegidos. Sabendo que tinha pouca chance de sucesso com o Tribunal Popular, e sabendo que os familiares também iriam ser condenados pelo Tribunal Popular, ele realmente só tinha uma escolha. Maisel, Burgdorf secretamente portavam uma cápsula de cianeto para Rommel, prometendo que iria matá-lo dentro de segundos, poupando-o de sofrimento desnecessário.

Já ciente de sua decisão, Rommel saiu do escritório e subiu para ver a sua mulher, dizendo-lhe sua decisão de tirar sua própria vida. Poucos minutos depois, Rommel revelou o plano para seu filho Manfred, que inicialmente sugeriu que eles poderiam atirar em Burgdorf, Maisel, e seu motorista Heinrich Doose e depois fugirem, mas Rommel não queria nada disso, citando que a casa estava cercada e que a morte desses homens só pioram as coisas. Com seu bastão de marechal de campo debaixo do braço e seu filho Manfred ao lado dele, ele saiu para o jardim e cooperativamente entrou no banco de trás do carro. Manfred Rommel lembrou que seu pai nunca olhou para trás quando o carro partiu. Rommel foi conduzido a alguns quilômetros em uma estrada lateral. Quando o carro parou, Burgdorf e Maisel mandaram o motorista Doose sair, e Rommel sabia que era hora de morder a cápsula de cianeto. Burgdorf acenou Maisel e Doose para voltar cerca de cinco minutos depois. Doose reparou que boné Rommel tinha caído; chorando, ele o pegou e colocou na cabeça do marechal de campo. Lucy foi informado da morte cerca de dez minutos depois.

O corpo de Rommel foi levado a um hospital próximo para um médico testificar a hora da morte. O médico imediatamente soube que a causa da morte foi natural, e recomendou uma autópsia, uma sugestão que foi rejeitada pelo Burgdorf. O governo alemão anunciou a morte de Rommel como causada por aneurisma no cérebro. A correspondência pessoal de Keitel a sua esposa datada de 24 de outubro de 1944 observou que “Rommel morreu depois de todas as lesões do crânio múltiplas que recebeu em uma viagem de carro, através de um coágulo de sangue.” Só mais tarde em suas memórias Keitel escrito em 1945 admitiu em conhecer a verdade sobre a morte de Rommel. Keitel explicou que foram dadas ordens para evitar que Rommel atirasse em si mesmo, em vez disso, o veneno foi usado para que a causa da morte pudesse ser atribuída a ferimentos sofridos em um acidente. Rommel foi enterrado como um herói nacional, recebendo um funeral de Estado com honras militares. Lucy recebeu pensão integral de um marechal de campo.

Autor do Artigo: C. Peter Chen

Dossiê Generais da Segunda Guerra – Erwin Rommel – Parte III

Os Métodos de Rommel sempre foram questionados. Por exemplo, a 32ª Divisão alemã, que estava no flanco esquerdo de Rommel na França, se queixou de que Rommel teria utilizado não só seu equipamento, mas também usou a própria divisão na construção da ponte durante o avanço, o que atrasou o calendário da 32ª. Ser um comandante predileto dos políticos nazistas deu-lhe a imunidade a muitas críticas. Alguns de seus colegas também se queixaram que Rommel ignorou qualquer planejamento com outras divisões e realizava praticamente um avanço independente. Em pelo menos uma ocasião ele comandou avanços, originalmente concebido para outra divisão mais próxima dos objetivos. Quando as unidades da divisão vizinha chegavam usavam a ponte que tinha sido estabelecida para a 7ª Divisão Panzer, e Rommel livremente, comandava homens dessas unidades e seus equipamentos, para manter o ímpeto de sua própria ofensiva. Por várias razões não é exagero dizer que, antes de Rommel estabelecer sua fama como um comandante capaz, ele fez muitos adversários entre seus pares.

Em um de seus artigos mais recentes sobre a campanha na França, ele deixa claro sua ideia e forneceu uma introspecção em sua mentalidade quanto o avanço de suas tropas para frente em um ritmo tão alucinado. “O único critério para um comandante em realizar uma determinada operação deve ser o tempo em que é permitido para ele, e ele deve usar todos os seus poderes de execução para cumprir a tarefa dentro desse tempo.” Ele também escreveu “[a] os agentes de uma Divisão Panzer deve aprender a pensar e agir com independência no âmbito de um plano geral e não esperar até que recebam ordens”, novamente salientando a importância no movimento rápido durante operações ofensivas.

Em fevereiro 1941, Rommel foi escolhido por Hitler para liderar as forças alemãs no norte da África. Ele chegou lá em 12 de fevereiro, contemplou a uma plena retirada das forças italianas em direção a Trípoli. Com a sua vontade comum ver as situações linha de frente para si mesmo, ele pulou em um bombardeiro Heinkel e seguiu imediatamente para uma corrida de observação. Suas tropas chegaram dois dias depois, em fevereiro, 14 dias depois, suas tropas fizeram uma parada em Tripoli. Para falsificar os números para as classes mais baixas, a fim de elevar o moral e para qualquer espião britânico que poderia ser observado, ele ordenou a seus blindados para circundar a área várias vezes. “Temos que manter o inimigo na dúvida sobre a nossa força – isto é, sobre a nossa fraqueza – até que o resto da divisão esteja conosco”, disse ele. Enquanto isso, para enganar o reconhecimento aéreo britânico, ele ordenou a seus homens para construir falsos blindados. Alguns foram construídas em cima de carros Volkswagen que andava em círculos de vez em quando, enquanto outros foram de madeira. Mensagens britânicas interceptadas revelaram avisos britânicos de presença de blindados médios alemães, o que significava que as falsificações tinham funcionado.

Uma vez que Rommel recebeu equipamentos adequados, atacou agressivamente, contra o 8º Exército britânico, empurrando-os para fora da Líbia e tentou se aventurar no Egito. Em El Alamein, a sua aura de invencibilidade foi finalmente levantada como suas linhas de abastecimento alongadas demais. Quando os americanos desembarcaram no norte da África, ele voltou sua atenção ao oeste, ao perceber que se as tropas recém-chegadas tivessem a oportunidade de se reunir com os britânicos no leste, o exército alemão teria de enfrentar um desafio ainda maior. Ele deixou o teatro africano para se encontrar com Hitler em Berlim e falar sobre os temas no teatro, e como os acontecimentos que estavam por vir, ele nunca mais voltaria ao Norte da África.

Sucessos de Rommel no norte da África foram respeitados pelos amigos e inimigos. O General britânico Harold Alexander comentou que Rommel “era um inimigo muito cavalheiresco”, e Comandante Supremo das Forças Aliadas Dwight Eisenhower também comentou sobre a capacidade de Rommel com a máxima consideração. O General americano George Patton, com seu colorido e expressão usual, simbolicamente gritou com o comandante alemão, “Rommel, seu bastardo magnífico! Eu li o seu livro!”, talvez comentando sobre as obras impressionantes de manobras militares que Rommel tinha publicado. Foi no Norte da África que Rommel, apelidado de Raposa do Deserto, tornou-se conhecido como um líder extremamente capaz e inovador.

Depois do Norte de África, Rommel serviu brevemente na Itália antes de voltar à França para reforçar as defesas costeiras ali. Ele estava convencido de que, se os Aliados ocidentais lançaram um ataque contra a Europa continental, os Aliados não devem ter a chance de consolidar-se, caso contrário, tudo estaria perdido. Ele preparou milhares de unidades fortificadas nas praias, preparando um contra-ataque em qualquer tentativa de desembarque na costa francesa, sem arriscar tanques para não expô-los ao poder aéreo aliado. Sua estratégia de implantação de seus tanques era baseada na crença de que o poder aéreo era a chave para vencer uma guerra moderna. “A batalha futura na terra será precedida de batalha no ar”, disse ele. “Isso vai determinar qual dos competidores tem que sofrer desvantagens operacionais e táticas e ser forçado durante a batalha em soluções de defesa terrestre sem a superioridade aérea.”

Início de 1944, Rommel foi abordado para participar do complô em julho para assassinar Hitler. Atualmente boa parte dos historiadores contemporâneos acreditam que Rommel recusou devido à sua lealdade, mas os fatos exatos ainda são desconhecidos.

Após os Aliados ocidentais lançaram o desembarque na Normandia em junho 1944, Rommel estava fora da área e incapaz de obter uma imagem clara da situação, e, em seguida, Hitler hesitou em aprovar um contra-ataque de blindados até que fosse tarde demais. O pesadelo Rommel se tornou realidade nas próximas seis semanas a cabeça de praia aliada estava fortalecida. Em 15 de julho, ele se comunicava a Hitler que a Alemanha deveria considerar seriamente o fim da guerra em termos favoráveis, quando ainda era possível, por qualquer razão, esta carta chegou atrasada. A carta chegou 05 dias depois do atentado de julho contra Hitler. A carta tão brutalmente honesta, de repente tinha o tom dos traidores. Logo se descobriu que Rommel já havia sido abordado por alguns dos membros do círculo interno que planejou o complô de Julho. Enquanto Rommel era ferozmente leal e improvável ter aprovado um atentado contra a vida de Hitler (e ele não havia informado de tal plano), era desconhecido se Rommel concordou com aqueles que, em contato com ele, para assumir um papel de liderança no pós-guerra na Alemanha. A maioria das pessoas entendiam muito bem que apenas um punhado pequeno de pessoas foram igualmente respeitadas pelos alemães e aliados, e Rommel estava nessa lista. Essa característica, na atmosfera pós-julho, tornou-se uma ameaça para Hitler, e os resultados Gestapo que Rommel estava ligado a alguns dos conspiradores só fez posição de Rommel piorar.

Autor do Artigo: C. Peter Chen

Dossiê Generais da Segunda Guerra – Erwin Rommel – Parte II

Em 12 de fevereiro de 1940, Rommel tornou-se o comandante da 7ª Divisão Panzer alemã, que foi o seu primeiro comando de operações, ele se tornaria o comandante divisional apenas durante a invasão da França e dos Países Baixos que, diga-se de passagem, não tinha nenhuma experiência durante a invasão da Polônia. Quando ele assumiu a divisão, ele ficou desapontado ao ver muitos dos seus oficiais subordinados preferirem a “vida fácil”. Uma de suas primeiras tarefas foi moldar esses oficiais para que “eles fossem capazes em todos os momentos de alcançar o que se exigia deles.” A invasão da França e dos Países Baixos começou em 10 de maio de 1940. Na Bélgica, e depois na França, seus tanques empurraram a frente impetuosamente, ignorando o risco de contra-ataques do inimigo vindos da retaguarda, porque o choque de seu rápido avanço esmagava o moral do inimigo que faziam contra-ataques calculados. Alguns comandantes criticaram a sua falta de cuidado que às vezes cortava as comunicações entre os seus blindados e o exército principal. Em uma escrita mais tarde, Rommel explicou que ele não tinha agido de forma irrefletida, mas sim, suas ações ousadas foram apenas cometidas após cuidadosas considerações.

“A minha experiência é que as decisões arrojadas dão a melhor chance de sucesso. Mas é preciso diferenciar entre ousadia tática [estratégicas] e um jogo militar. A operação ousada é aquela em que o sucesso não é uma certeza, mas que em caso de falha nos deixa com forças suficientes em mãos para lidar com qualquer situação que possa surgir. A aposta, por outro lado, é uma operação que pode levar tanto à vitória ou à completa destruição da própria força. Podem surgir situações onde o mesmo jogo pode ser justificado – como, por exemplo, quando no curso normal dos eventos a derrota é apenas uma questão de tempo, quando o ganho de tempo é, portanto, inútil e a única chance reside em uma operação de grande risco.”

Durante a campanha nos Países Baixos e França, o veículo de comando usado por Rommel era uma versão modificada Panzer tanque III, e este veículo era visto frequentemente na linha de frente, às vezes, acompanhado também pelo coronel Karl Rothenburg em um tanque Panzer IV, ou realizando voos em um avião de observação Storch. Seja qual for o meio de transporte, ele sempre quis estar perto da linha de frente para que pudesse avaliar a situação. Em 14 de Maio, as suas tropas alcançaram o rio Meuse, mas parou enquanto esperava os engenheiros construírem uma ponte de barcas. Estava perto da linha de frente, Rommel chegou imediatamente a área e liderou pessoalmente uma série de tanques atravessar o rio em balsas para manter o ímpeto ofensivo; seu colega Heinz Guderian, por outro lado, esperou, dando assim as tropas francesas antes dele algum tempo para reorganizar.

Em 27 de maio de 1940, no final de uma conferência de rotina com os comandantes de blindados, seu auxiliar Karl Hanke apareceu inesperadamente, anunciando “Tinha do Führer ordens lhe conferir a Cruz do Cavaleiro”, fazendo dele o primeiro comandante da divisão a ser condecorado com a Cruz de Cavaleiro na França. Suas conexões com o Partido Nazista em Munique e Berlim, provavelmente, tiveram muito a ver com o prêmio, mas ninguém poderia argumentar contra seus sucessos. Naquela mesma noite da premiação, ele avançou em direção a Lille, um dos maiores centros industriais franceses. “Iniciar o avanço!” Ele ordenou a seus comandantes de blindados, enquanto outros queriam apenas descansar algumas horas. O ataque noturno de surpresa frustrara a retirada dos franceses e britânicos para Dunquerque, mas também trouxe essas unidades em direção a artilharia alemã, que não tinha idéia que seus blindados já tinham realizados tantos progressos. Não teve escolha, a não ser recuar ligeiramente e deixar que seus homens descansassem até a manhã seguinte. “No dia seguinte, ele tomou Lille, o que lhe valeu alguns dias de descanso”. Em 05 de junho, ele atravessou o Somme usando duas pontes que os franceses não conseguiram demolir. A partir daí, sua divisão Panzer viajou em formação por todo o interior da França, atropelando tudo em seu caminho, movendo-se 40-50 milhas por dia. No Thieulloy, ele capturou um comboio de suprimentos britânicos cheio de chocolate e frutas em conserva, mostrando que os britânicos não estavam prontos para os rápidos avanços alemães. Em Elbeuf, uma mulher francesa acenou para Rommel, convencida de que qualquer homem estrangeiro até aquela frente de batalha deveria ser britânico. Em 10 Jun, suas unidades atingiram o Canal Inglês perto de Dieppe, o Germas, sendo a primeira tropa a fazê-lo. No dia seguinte, ele rodeado de milhares de tropas britânicas e francesas à espera de serem evacuados em Saint-Valéry, que se renderam depois de um terrível bombardeio de artilharia. Após quatro dias de descanso, Rommel começou novo deslocamento. Em 16 de junho suas tropas cruzaram o rio Sena, e em 18 de junho ele empurrou 320km para capturar Cherbourg, uma grande cidade portuária francesa, que possuía uma guarnição 20 vezes maior do que números de tropas de Rommel. A captura de Cherbourg terminou a campanha para Rommel. A esta altura, tinha creditado 97.000 prisioneiros de guerra, ao custo de 42 tanques com suas tripulações.

Autor do Artigo: C. Peter Chen

Marechal de Campo Erwin Rommel – A Raposa do Deserto – O Suicídio.

Em 17 de julho de 1944, aviões britânicos atacaram o carro oficial do General Rommel, ferindo-o gravemente. Ele foi levado para um hospital e depois para sua casa na Alemanha para convalescer. Três dias depois, uma bomba explode durante uma reunião de estratégia com Hitler, matando vários oficiais em seu quartel-general na Prússia Oriental. Em represálias sangrentas que se seguiram, alguns suspeitos envolveram Rommel na conspiração. Embora ele não tenha tido conhecimento do atentado contra a vida de Hitler, sua “atitude” derrotista foi o suficiente para justificar a ira de Hitler. O problema para Hitler era como eliminar o mais popular General da Alemanha, sem revelar ao povo alemão que ordenou sua morte. A solução foi forçar Rommel a cometer suicídio e anunciar que sua morte foi em consequência dos ferimentos.

 O filho de Rommel, Manfred, 15 anos de idade, servia em uma bateria antiaérea perto de sua casa. Em 14 outubro de 1944 Manfred foi autorizado a voltar para sua casa onde seu pai se recuperava dos ferimentos. A família estava ciente de que Rommel estava sob suspeita, e que o seu chefe de gabinete e seu comandante ambos tinham sido executados. Manfred começa o relato quando ele entra em sua casa e encontra seu pai no café da manhã:

 “… Cheguei a Herrlingen às 7:00 da manhã e meu pai estava no café da manhã. Colocou um copo para mim e comemos juntos, depois saímos para um passeio no jardim.

“Ao meio-dia dois generais estão vindo para discutir o meu futuro posto”, meu pai começou a conversa. “Então, hoje vão decidir o que é planejado para mim; Se um tribunal popular ou um novo comando no Oriente.”

“Você aceitaria tal comando?”. Perguntei.

 Ele me pegou pelo braço, e respondeu: “Meu caro rapaz, nosso inimigo no oriente é tão terrível que qualquer outra consideração deve ceder diante disso. Se ele consegue dominar a Europa, mesmo que temporariamente, será o fim de tudo que tem feito a vida parecer valer à pena. É claro que eu iria.”

Pouco antes das doze horas, meu pai foi para seu quarto no primeiro andar, mudou a jaqueta marrom civil que ele normalmente usava com bermudas de equitação, e colocou a túnica da África, que foi seu uniforme favorito, devido ao seu colarinho aberto.

Por volta de doze horas um carro verde-escuro com um número de Berlim parou na frente do nosso portão do jardim. Os únicos homens na casa além do meu pai eram o Capitão Aldinger (assessor de Rommel), que tinha sido ferido gravemente no front e eu. Dois generais – Burgdorf, um homem de ar poderoso, e Maisel, de faces mais delicadas, desceram do carro e entraram na nossa casa. Eles foram respeitosos e corteses e pediu permissão do meu pai para falar com ele sozinho. Aldinger e eu saímos da sala. “Então eles não vão prendê-lo”, pensei com alívio, então eu subi para ler um livro.

Poucos minutos depois, ouvi meu pai subir e entrar no quarto de minha mãe. Ansioso para saber o que estava acontecendo, levantei-me e segui-lo. Ele estava parado no meio da sala, o rosto pálido. “Venha para fora comigo”, disse ele em uma voz firme. Entramos em meu quarto. “Acabei de falar com a sua mãe”, ele começou devagar, “que estarei morto em um quarto de hora”. Ele estava calmo e continuou a falar: “Para morrer pela mão do seu próprio povo é difícil. Mas a casa está cercada e Hitler está me acusando de alta traição. Em vista dos meus serviços na África, ele citou sarcasticamente: Eu vou ter a chance de morrer por envenenamento. Os dois generais trouxeram com eles. É fatal em três segundos. Se eu aceitar, nenhuma das etapas habituais serão tomadas contra a minha família. Eles também deixar o meu pessoal em paz.”

 “Você acredita?” Eu interrompi. ‘Sim’, respondeu ele. “Eu acredito nisso. É muito mais do seu interesse que o assunto não vem à tona. De qualquer forma, eu tenho sido cobrado para colocá-lo sob a promessa do mais estrito silêncio. Se uma só palavra vazar, eles já não se sentem vinculados pelo acordo.

 Eu tentei de novo. “Não podemos defender-nos …” Ele me cortou curto. “Não há nenhuma chance”, disse ele. “É melhor para um morrer do que para todos serem mortoa em um tiroteio. Enfim, não temos praticamente nenhuma munição. Despedimos-nos brevemente. E ele disse: “conte para Aldinger, por favor,”.

Aldinger, entretanto tinha sido notificado para ficar longe do meu pai. Quando chamei-o, ele veio correndo lá de cima. Ele também ficou horrorizado, quando ouviu o que estava acontecendo. Meu pai falou mais rapidamente. Ele disse novamente como era inútil tentativa nos defender. “Foi tudo preparado ao mais meticulosamente. Eu estou a ter um funeral de Estado e pedi que para ser enterrado em Ulm (cidade natal de Rommel).Em um quarto de hora, você, Aldinger, irá receber um telefonema do hospital reserva Wagnerschule em Ulm para dizer que eu tive uma convulsão cerebral no caminho para uma conferência. Ele olhou para o relógio. Eu preciso ir, eles só me deram dez minutos.” Ele rapidamente se despediu de nós novamente. Então nós descemos juntos.

Nós ajudamos o meu pai em seu casaco de couro. De repente, ele puxou a carteira. “Ainda há 150 marcas”. Disse ele. “Quer que eu pegue o restante do dinheiro agora?”.

“Isso não importa agora, Sr. Marechal de Campo”, disse Aldinger.

Meu pai colocou cuidadosamente sua carteira no bolso. Como ele entrou no salão, sua pequena dachshund que havia sido dada como um cachorrinho de poucos meses antes, na França, e pulou para ele com um gemido de prazer. “Cala o cão no estudo, Manfred”, disse ele, e aguardou no corredor com Aldinger enquanto eu removi o cão animado e empurrou-o através da porta do escritório. Então, saímos de casa juntos. Os dois generais estavam no portão do jardim. Caminhamos lentamente o caminho, a crise do cascalho soar extraordinariamente alto.

Quando nos aproximamos dos generais, eles levantaram a mão direita em continência. “Herr Marechal”, disse Burgdorf e se reservou a conversar com o meu pai após passarem pelo portão.

O carro ficou pronto. O motorista da SS abriu a porta. Meu pai empurrou sua batuta debaixo do braço esquerdo, e com a calma de sempre, e acenou mais uma vez para mim e Aldinger antes de entrar no carro.

Os dois generais subiram rapidamente em seus lugares. Meu pai não olhou mais para trás e o carro desapareceu numa curva da estrada. Quando ele se foi, Aldinger e eu, voltamos silenciosamente de volta para casa …

Vinte minutos depois o telefone tocou. Aldinger ergueu o receptor e a morte de meu pai foi devidamente notificada.

Não ficou totalmente claro o que aconteceu com ele depois que ele nos deixou. Depois soubemos que o carro havia parado algumas centenas de metros acima do monte da nossa casa em um espaço aberto à beira do bosque. Homens da Gestapo, que tinha seguido todos os procedimentos desde Berlim, naquela manhã, estava aguardando instruções para filmar e invadir a casa, se ele oferecesse resistência. Maisel e o motorista saíram do carro, deixando o meu pai com Burgdorf. Quando o motorista foi autorizado a retornar dez minutos tarde, ele viu meu pai caído com a sua cobertura e bastão do marechal no piso do veículo.”

Em Breve Mais da Raposa do Deserto.

Calendário Histórico – 24/03

Segunda Guerra Mundial  24/03/1941 –     Rommel expulsa os britânicos de El Agheila

Segunda Guerra Mundial  24/03/1945 – Forças Americanas cruzam o Reno

 

Segunda Guerra Mundial  24/03/1942 – Os japoneses iniciam o bombardeios a Bataan e Corregidor

Segunda Guerra Mundial  24/03/1943 – tropas japonesas cruzam o rio Mayu, forçando uma retirada britânica

Segunda Guerra Mundial  24/03/1944 – um contra-ataque japonês a Bougainville é rechaçado. O líder dos Chindit (Infantaria Indiana), Major General Orde Wingate, morre em uma desastra aéreo

 

Os Chindits, Operação Longcloth

Os Chindits, Operação Longcloth

 

Major General Orde Charles Wingate

Major General Orde Charles Wingate

Segunda Guerra Mundial  24/03/1945 – A 17ª Divisão indiana captura a cidade birmanesa de Taungth, enquanto a 2ª Divisão britânica cruza o Irrawaddy em Ngazum.

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Mundo 24/03/1955  – Turquia inicia a construção de sua primeira usina hidrelétrica.

Mundo 24/03/1956  – Berlim planeja a construção de uma usina termonuclear e uma fábrica de aviões a jato.

Mundo 24/03/1971 –  Sul-vietnamitas deixam o Laos, após 44 dias de combates e em face da violenta reação norte-vietnamita.

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1999: Otan ataca a Iugoslávia

Na noite de 24 de março de 1999, um míssil teleguiado da Otan atingiu Belgrado, iniciando uma nova guerra nos Bálcãs, a quarta em dez anos de governo de Slobodan Milosevic.

A explosão de um míssil teleguiado da Otan em Belgrado, em 24 de março de 1999, marcou a eclosão de uma nova guerra nos Bálcãs – a quarta em dez anos de governo de Slobodan Milosevic, mas a primeira que os sérvios sentiriam na pele.

Foi também o primeiro conflito iniciado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em toda a sua história. Os ataques ocorreram em nome de uma intervenção humanitária, sem mandato das Nações Unidas (transgredindo o direito internacional), com a participação alemã.

A TV estatal sérvia falou de um “ato de agressão” da Otan e só noticiou o bombardeio a instalações militares com uma hora de atraso. Gerhard Schröder, chanceler federal alemão na época, defendeu os ataques aéreos como último recurso. Fracassadas as negociações de paz de Rambouillet (França), as tentativas de intermediação do diplomata Richard Holbrooke (EUA) e diante da escalada da violência sérvia contra os kosovares sob o manto da “limpeza étnica”, o então secretário-geral da Otan, Javier Solana, ordenou os ataques, no dia 23 de março, em Bruxelas.

À espera de um claro sinal de Milosevic

Num pronunciamento em rede nacional de televisão, na noite de 24 de março, Schröder disse que “a violência foi a última alternativa”. Ele ressaltou a determinação da Otan em cessar o genocídio em Kosovo e exigiu a rendição de Belgrado. “O fim imediato dos ataques depende unicamente de um sinal claro de Milosevic”, acrescentou o então ministro alemão da Defesa, Rudolf Scharping.

Os objetivos expressos da aliança militar ocidental eram conter a catástrofe humanitária em Kosovo e derrubar Milosevic, o que causou protestos do presidente russo Boris Ieltsin. O que aconteceu de 24 de março até o fim da guerra, a 9 de junho de 1999, permaneceu tão obscuro quanto a Guerra do Golfo, oito anos antes.

Jornalistas ocidentais e representantes de organizações internacionais foram expulsos do país. Meios de comunicação críticos, como a rádio B-52 de Belgrado, foram proibidos. Durante os bombardeios, a Sérvia e o Kosovo afundaram num poço de desinformação.

A Otan não conseguiu impedir nem conter a catástrofe humanitária. Pelo contrário, provocou gigantescos campos de refugiados. Centenas de milhares de kosovares de etnia albanesa que escaparam dos massacres sérvios fugiram para a Macedônia, Albânia e Montenegro, países sem condições de recebê-los.

Estacionamento da força de paz

Após 79 dias de conflitos e 37 mil ataques de aviões de caça, a 3 de junho de 1999, o presidente da Finlândia, Martti Ahtisaari, convenceu Milosevic a retirar as tropas sérvias e permitir o estacionamento de uma força internacional de paz em Kosovo.

O Acordo de Kumanovo significou o fim dos bombardeios e a capitulação de Milosevic. Se ele tivesse assinado o tratado de paz de Rambouillet, teria preservado a integridade territorial e 2500 soldados sérvios teriam permanecido em Kosovo. Assim, eles tiveram de dar lugar a 28 mil soldados da força de paz.

Segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, a guerra em Kosovo causou a expulsão de 1,5 milhão de albaneses-kosovares e 150 mil ciganos. Calcula-se que 10 mil albaneses e sete mil sérvios tenham morrido no conflito. Metade das casas em Kosovo foi destruída. Cem mil dos 180 mil albaneses-kosovares fugiram da região.