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Archive for the ‘Guerras’ Category

O Dia da Vitória – Mais Uma Reflexão

No último dia 08 comemoramos o Dia da Vitória. Depois de 68 anos parece algo tão distante para o povo brasileiro quanto qualquer outro evento perdido no tempo e no espaço. Em Pernambuco a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira se fez representar com quatro veteranos da FEB. Participamos do evento com o Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega. Uma simples, mas significante formatura na 7ª Região Militar / 7ª Divisão de Exército. Em comum com a FEB, a 7ª RM/7ª DE foi comandada pelo General Mascarenhas de Morais no período de 1940 a 1943, do rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha até a declaração de guerra.

Quando encerrou a formatura percebi um olhar triste da esposa de um Veterano, não me contive e perguntei se havia algum problema. Ela respondeu que não havia problema, mas que há alguns anos o desfile contava com dezenas de febianos, todos orgulhosos comemorando o Dia da Vitória, e, hoje, apenas quatro desfilavam. Não respondi, apenas concordei com a cabeça. Mas pensei, assim como o Dia da Vitória vai ficando no passado pela consecução dos dias, a vida segue o mesmo rumo, vai seguindo, como um rio segue seu curso, e muitos vão “desembarcando” para ficarem no passado. Muito embora suas vidas sejam motivo de orgulho para aqueles que entendem o sacrifício da geração que presenciou o Dia da Vitória naquele 08 de maio de 1945.

Sequência de um Ataque Antiaéreo Alemão Contra Paraquedistas!

Quando li a primeira vez a obra de Stephen E. Ambrose, O Dia D, fiquei fascinado por sua descrição no capítulo que abordava as Operações Aerotransportadas. Logo no início, ele já avisa que não há registro fotográfico dos saltos no território francês. Contudo, o relato das baterias antiaéreas abrindo fogo contra os Dakotas, que tentavam desviar dos tiros traçantes aumentando ou diminuído a altitude e tornando o salto dos paraquedistas um verdadeiro inferno. Isso aguçava a imaginação.

Já na Operação Market Garden houve sim registro fotográfico, mas são poucos os registros do lado alemão das operações antiaéreas contra as tropas aliadas. Por isso, o registro fotográfico abaixo é extremamente importante para termos noção como as baterias antiaéreas alemãs atuavam contra uma invasão do porte da Market Garden.

Bombardeio Sobre Tóquio: Triste e Esquecido – Parte II

PARTE 2

Em 1937, quando o Japão bombardeou “homens, mulheres e crianças indefesas” nas cidades chinesas, Franklin Roosevelt, presidente dos EUA, chamou tal ação como “cruel” e disse que “era repugnante aos corações de cada homem e mulher civilizados.” Em 1939, a Alemanha chocou o mundo ao bombardear Varsóvia. Então, em 1940, a Luftwaffe bombardeou Roterdã, Londres e Coventry. Roosevelt “de novo apelou que todos os lados evitassem o bombardeamento de civis e continuou ‘lembrando com orgulho que os Estados Unidos continuamente tem assumido a liderança no desejo de que tal prática inumana seja proibida’.” O Ministério de Relações Exteriores britânico condenou tais “métodos inumanos usados pela Alemanha em outros países” e declarou que “O Governo de Sua Majestade deixa bem claro que não faz parte de sua política bombardear alvos não-militares, independente de qual seja a política do Governo Alemão.”

Mesmo assim, quando os americanos e os ingleses entraram na guerra aérea de forma integral, eles provaram ter poucos escrúpulos sobre a matança de civis alemães e japoneses.

Em 8 de julho de 1940, o primeiro-ministro Winston Churchill escreveu: “Quando eu olho em volta e vejo como podemos ganhar essa guerra, eu percebo que há apenas um caminho seguro e esse é o ataque completamente devastador e exterminador feito por bombardeiros pesados desse país contra a pátria nazista.” Apesar disso, a habilidade de uma aeronave viajar centenas de milhas por hora e localizar com precisão algo pequeno como uma fábrica ou depósitos de munição se provou impossível. “Um relatório arrepiante de agosto de 1941 mostrou que apenas uma bomba em cinco caiu a uma distância de um raio de cinco milhas (8 km) do alvo em questão.” Então, se a Real Força Aérea (Royal Air Force – RAF) não podia bombardear os alvos que queria, eles iriam bombardear aqueles que podia.

C O N T I N U A

Traduzido Por A.Reguenet

Na Guerra, Um Cigarro Era Tudo!

Na preparação para o Dia D, todos os soldados receberam um  maço de cigarros para consumo durante a Operação Overlord. Quando estava na fila para receber o seu material individual que acompanhava o tal maço, um dos soldados não quis receber seu maço.

 – Desculpe Sargento, mas eu não fumo – disse o soldado

O veterano Sargento da campanha da África, disse:

 – Filho, pegue o cigarro e leve com você, quando chegar do outro lado do Canal você estará fumando!

 O Soldado da 116 Ranges iria desembarcar no setor Dog Red na praia de Omaha.

Ao final daquele dia 06 de junho, o Soldado já tinha praticamente fumado todo o seu maço.

O cigarro e o cachimbo entrou para Rol das necessidades básicas do soldado na Segunda Guerra Mundial. Diferentemente de outros conflitos posteriores, tais como o Vietnã, onde o consumo de maconha era muito alto, na Segunda Guerra Mundial o cigarro era o único instrumento que visava relaxar o controle emocional para o soldado em campanha. Usado não apenas dos Aliados mais de todos os países envolvidos.

Foi a guerra do Lucky Strike

* Os malefícios do cigarro não eram totalmente conhecidos, pelo contrário, o cigarro era considerado agente que tranquilizava e relaxava os fumantes. Felizmente hoje sabemos da ação devastadora do uso do cigarro.

Wehrmacht : Da Glória da Vitória a Humilhação da Derrota

Em 1939, quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, o mundo estava prestes a testemunhar uma força militar jamais vista até aquele momento. As Forças Armadas da Alemanha estavam preparadas para confirmar uma teoria de combate que permitira vitórias esmagadoras sobre nações, que ainda tinham o pensamento combativo fincado nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

A Wehrmacht foi uma máquina de guerra incomparável até 1943, quando Stalingrado provou que não existe Exército invencível. Depois desta batalha, a Alemanha jamais tomou a ofensiva.

Em 1945 o Exército do III Reich não era nem sobre do que fora anos antes. Milhões de vidas foram perdidas, excelentes soldados tinham perecidos nas campanhas e a Wehrmacht contava com garotos de 12 e 13 anos de idade em suas fileiras.

Quando derrotado, o soldado alemã mantinha a disciplina, marchava em forma sem qualquer tipo de rebeldia. Eles estavam cansados, eles só queriam voltar pra casa.

Bombardeio Sobre Tóquio: Triste e Esquecido

 Publicaremos mais uma série do excelente tradutor A. Raguenet (webkits) que também traduz a série de publicações: Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros. Desta vez ele trabalha o livro Flyboys do autor James Bradley, que trata um assunto de extrema importância histórica, os bombardeios sobre a cidade de Tóquio que utilizavam B29 e arrasaram com a cidade. Vale a pena acompanhar:

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Amigos, traduzo aqui também um dos capítulos do livro Flyboys do autor James Bradley, mesmo autor do livro Flags of our Fathers.

O capítulo trata sobre o bombardeio incendiário da cidade de Tóquio entre a noite do dia 9 e a madrugada do dia 10 de março de 1945. Uma história de arrepiar.

PARTE 1

Na noite de 9 de março de 1945, foi possível ouvir sobre a ilha de Chichi Jima, pertencente ao mesmo arquipélago que Iwo Jima no Pacífico Sul, um som completamente diferente vindo da escuridão. Durante horas, um longo feixe de bombardeiros americanos B-29, 334 no total, voava em direção norte a uma baixa altitude. Geralmente os aviões voavam em pequenos grupos, mas dessa vez era diferente. O som concentrado dos motores cortava a noite avisando que havia algo fora do normal.

O médico japonês Mitsuyoshi Sasaki, lotado na ilha, disse: “Enquanto os aviões passavam por sobre nós para bombardear o Japão, os homens em Chichi Jima começaram a lembrar dos seus irmãos, irmãs e mães e sentiam como se aquele som fosse o de suas mortes.” O oficial Fumio Tamamura contou que “Nós enviamos mensagens por rádio para Tóquio de que os B-29 estavam a caminho. Nós sabíamos o que estava por vir.”

Mas na realidade, ninguém sabia. Ninguém podia imaginar o que aconteceria durante as horas daquela noite de 9 de março e nas primeiras horas da manhã do dia 10 de março. A maior carnificina de seres humanos na história do mundo estava para acontecer. A aeronave, a qual algumas décadas antes era apenas uma frágil junção de pedaços de madeira e que a maioria dos especialistas militares acreditava que nunca seria um fator decisivo na guerra, iria provar a todos como sendo uma das mais eficientes máquinas de matar da história.

C O N T I N U A

Fontes:

http://www.saladeguerra.com.br/2012/03/horror-esquecido-o-grande-bombardeio-de.html

Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XVI

Parte 16

Milhares de prisioneiros pereceram durante as marchas forçadas vindos do front, sendo os feridos os primeiros a sucumbirem. Mais para o final da campanha (Barbarossa), perto da cidade de Vyazma, tantos foram fuzilados que o comandante desta área na retaguarda ficou preocupado com o impacto junto à propaganda do inimigo. O 16º Exército (Alemão) instruiu às suas unidades em 31 de julho para que não transportassem os prisioneiros de guerras nos trens que vinham vazios do front devido ao receio de que poderia “contaminar e sujar” os vagões. A 18ª Divisão Panzer avisou às suas unidades em 17 de agosto de 1941 que não permitissem que prisioneiros de guerra contaminassem os veículos com piolhos. O Schütze Zeiser contou:

“Nós dávamos a eles tudo aquilo que sobrava. Havia ordens rigorosas para nunca dar a um prisioneiro qualquer comida, mas que se dane. Nós mal tínhamos para nós mesmos. O que nós dávamos era como uma gota d’água em um forno quente.”

As condições no início de novembro de 1941 poderiam ser descritas como catastróficas. A unidade de segurança de retaguarda, Korück 582, que apoiava o 9º Exército (Alemão), assumiu o Centro de Processamento de Prisioneiros 7 em Rzhev ao final do mês. Cada bloco de alojamento era composto por uma construção medindo 12 por 24 metros e que abrigava 450 prisioneiros. As doenças eram endêmicas porque havia apenas duas latrinas para 11.000 prisioneiros. Estes rapidamente acabaram por consumir toda a vegetação no perímetro marcado pelo arame farpado. Os prisioneiros subsistiam comendo cascas de árvores, folhas, grama e urtiga até que, ao final, foram relatados caso de canibalismo. Os cães de guarda recebiam 50 vezes mais comida do que um prisioneiros russo. A conseqüência inevitável foi o surto de tifo durante o outono de 1941. O Departamento de Saúde do Comissariado Geral da Rússia Branca (Weissruthenien), recomendou que todos os prisioneiros infectados fossem fuzilados. Esta foi rejeitada pelas autoridades responsáveis da Wehrmacht “baseado na quantidade de trabalho que isso acarreta.”.

Tais tratamentos não ocorriam sem implicações morais para os seus captores. Eles acentuavam a “desumanização” do inimigo o que tornava as execuções de tais excessos mais toleráveis. O soldado Roland Klemig explicou após a guerra:

“Nos disseram que os russos eram bolcheviques sub-humanos e que deviam ser eliminados. Mas quando vimos os primeiros prisioneiros de guerra percebemos que eles não eram sub-humanos. Quando os despachamos e, mais tarde, quando os utilizamos como Hiwis (ajudantes) vimos que eles eram como qualquer pessoa normal.”

C O N T I N U A

Traduzido Por A.Reguenet

Cão Pastor Alemão: O Mais Empregado da Segunda Guerra

Propagandeados como mensageiros, batedores e carregadores, serviram ao exército alemão na Primeira Guerra Mundial, chamando a atenção dos exércitos inimigos, que levaram alguns exemplares consigo ao fim da guerra.

Apesar do nome esse valente cão atuou em todos os exércitos da Segunda Guerra Mundial e em diversas missões, desde arma antitanque até soldado da Polícia do Exército. Essa raça proveniente do noroeste da Alemanha é também conhecida como lobo-da-alsácia.

Fontes:

pt.wikipedia.org/wiki/Pastor-alem%C3%A3o

http://www.dogtimes.com.br

Serie: Causos de Brasileiros na Segunda Guerra Mundial – Parte II

 A pedidos. Vamos mais um vez contar alguns “causos” dos nossos pracinhas. Desta vez, fiz questão de incluir alguns casos que os pracinhas da Regional Pernambuco nos relataram através de depoimento. Alguns casos eu preservo os nomes já que o teor é um pouco…digamos…Forte!

Jeitinho Brasileiro

Quando a 10ª Divisão de Montanha se instalou próximo ao acampamento brasileiro, os nossos pracinhas começaram a sentir a falta de vários objetos de uso pessoal, uniformes e mantimentos. Então os soldados se reuniram e foram falar com o Comandante de Companhia, este, ouvindo as queixas prometeu entrar em contato com o pessoal da 10ª Divisão.

Então lá vai o Capitão brasileiro falar com o Capitão americano sobre os pequenos “desaparecimentos”.

O americano escutou atentamente as ponderações do brasileiro e no final, disse que não iria se preocupar com esse tipo de problema, que estava em zona de guerra, e que, para ele, isso era normal e não deveria ser uma censura para seus homens.

Retornando, o Comandante brasileiro reúne sua Companhia e diz o seguinte:

– Pessoal! Está tudo liberado! Nem o comando americano e nem o brasileiro irão punir qualquer tipo de conduta em relação aos furtos que acontecem entre nossas Unidades.

Algumas semanas depois o Capitão americano pede para falar com o brasileiro.

Pede desculpas pelo mal entendido e leva-o até o pátio onde há três caminhões carregados de todo tipo de objetos pessoais e mais outras coisas. E fala o seguinte:

– Entendemos que erramos quando não nos preocupamos com essa conduta, creio que essa carga supre todo o material desaparecido de sua tropa…Agora, veja se consegue restituir os 05 caminhões, 8 jeeps e um tanque da nossa Companhia.

Da noite para o dia as Companhias brasileiras apareciam com novos veículos com o Cruzeiro do Sul desenhado e tudo, inclusive alguns pracinhas juravam que tinham chegado do Rio de Janeiro de navio com eles desde o início da guerra.

Senha? P…Nenhuma!

O Comando americano sempre enviava senhas e contrassenhas em inglês, e o comando brasileiro, em operações em conjunto, tinha que manter as senhas. Na prática o pracinha não queria saber de senha, que passava a ser os xingamentos.

Conta o sargento Rigoberto do 2º Batalhão do 11º RI, Companhia anti-carros, que posteriormente foi revertida em companhia de fuzileiros. Estava em uma patrulha para detectar um corte na linha de transmissão da companhia. No caminho acabou chegando em  uma casinha, e se instalou por alguns instante ali. Quando viu um grupamento se aproximando, um dos soldados gritou – quem vem lá? A resposta veio da seguinte forma:

Tá me reconhecendo não Filho da p… Manda tua mãe pra cá! Seu filho da p…

Em resposta ele escuta:

 – Tu num tem mãe, pois mãe que manda o filho para a guerra é melhor parir um rolo de arame farpado!

 E assim nossos soldados iam se entendendo do jeito brasileiro de se comunicar!

Soldado de Engenharia que é “Pau pra toda Obra”

 Certa vez o soldado Geraldo recebeu uns dias de descanso em Florença e para lá seguiu. Chegando em um Hotel administrado pelos americanos, foi longo procurando um lugar onde tivesse algumas mulheres para desfrutar suas moedas de ocupação. O militar que o acomodou informou que, para manter a integridade física da tropa, ele tinha que escolher dentre as mulheres escaladas para esse tipo de atividade e que mandaria a escalada em um horário determinado.

Chegando no horário, uma bela senhoria passou a lhe fornecer informações importantes quanto a saúde sexual e sobre a discrição do seu trabalho. Fez recomendações quanto a limpeza e a sua identificação. Depois partiram para o ato sexual.

Ao final, a jovem pediu para que ele esperasse até que viesse um soldado para ajudá-lo no asseio. Mesmo estranhando, ele esperou! Chegou um enfermeiro que iniciou um processo de “higienização” de suas partes íntimas, acompanhado de um banho com produtos farmacológicos misturados na água.

Isso o deixou impressionado e feliz pelo tratamento VIP recebido.

Esse mesmo soldado, ao voltar para sua cidade, no interior de Minas, foi recebido com direito a banda de música, discurso em praça pública ao lado do prefeito e tudo que tinha direito.

Depois das festividades, ele recebeu um convite para ir à noite ao Bordel local. Evidentemente, o nosso vigoroso pracinha não baixou a guarda.

Ao chegar no “baixo meretrício”, a dona do Bordel deixou claro que seria tudo por conta da casa, mas ele tinha que discursar. E lá vai mais um vez nosso eloquente pracinha!

Segundo o próprio, o discurso pátrio no Bordel foi tão fervoroso que no outro dia pela manhã, todos na cidade sabiam o teor do discurso do nosso soldado.

Esse é nosso Veterano “pau para toda obra!”

Metralhadora: A Temida e Desejada

Mesmo tendo seu projeto inicial apresentado na segunda metade do século XIX, foi durante as duas Grandes Guerras que as metralhadoras foram utilizadas largamente e avançaram tecnologicamente. Apelidada pelos brasileiros na Itália de “Lurdinha”; chamada por Lampião de “matadeira”, essas maravilhas bélicas tiraram a vida de milhares de pessoas nos campos de batalha. Ficaram na memória e nos traumas dos soldados, permeando seus pesadelos noturnos, lembrando das vidas que foram ceifadas por essa arma mortal. Muito desejada e ao mesmo tempo temida.

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Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XII

PARTE 12

Klein Kindergarten Krieg. Prisioneiros e partisans.

Dezenas de milhares de prisioneiros soviéticos eram mostrados nos cinejornais para as platéias dos cinemas na Alemanha enquanto que os textos se regozijavam diante das vitórias. Mas de cada 100 prisioneiros mostrados, apenas 3 sobreviveriam.

O primeiro problema ao ser feito prisioneiro era, antes de tudo, sobreviver ao combate. A intensidade da luta por muitas vezes excluía esta possibilidade. Por exemplo: na maioria das vezes, as consequências do fracasso no enfrentamento entre infantaria e tanques eram fatais. Um sub-oficial alemão de uma força anti-tanques descreveu o que normalmente acontecia:

“Todos os membros da tripulação eram mortos assim que pulavam para fora (do tanque) e nenhum prisioneiro era feito. Isso era a guerra. Havia ocasiões quando tais coisas aconteciam. Se nós percebêssemos que não poderíamos recolher ou cuidar dos prisioneiros, eles eram mortos durante a ação. Mas eu não estou dizendo que eles eram mortos depois de serem feitos prisioneiros – isso nunca!”

Durante as primeiras semanas do avanço, as duas maiores batalhas envolvendo os cercos de Bialystok e Minsk envolveram a captura de 328.000 prisioneiros com mais 310.000 feitos em Smolensk. O General Von Waldau, chefe do Luftwaffen-Führungsstabes (Equipe de Operações da Luftwaffe) calculou que praticamente 800.000 prisioneiros foram feitos até o final de julho. Tal número iria chegar a 3,3 milhões em dezembro. As estimativas são de que 2 milhões de prisioneiros soviéticos pereceram apenas nos primeiros meses da campanha. O tenente da artilharia Siegfried Knappe ficou impressionado com o inacreditável número de rendições:

“Nós começamos a capturar prisioneiros desde o primeiro dia da invasão. A infantaria os trazia aos milhares, às dezenas de milhares e até às centenas de milhares.”.

CONTINUA

Traduzido Por A.Reguenet

Série: Segunda Guerra Antes de Depois

 Segue mais uma vez o retorno da série antes e depois. O Max3 designer é o principal autor das fotos, muito embora outros apareçam.

Fallschirmjäger – Excelente Tropa, Sem Sorte!

Em maio de 1941 iniciou-se a primeira ação aerotransportada da história das guerras. A Operação Mercúrio visava a tomada da ilha de Creta. A missão ficou a cargo do General Student que já tinha comandado ações com unidades paraquedistas na invasão aos Países Baixos e contava com o apoio de Hitler para dominar pontos estratégicos da Ilha, já que por mar o domínio inglês não permitiria a invasão da Grécia.

Para cumprir a missão foram mobilizados 7ª Divisão Paraquedista e 5ª Divisão de Montanha. A 7ª seriam transportados por 700 aviões de transportes Junkers e, após a tomada de aeroportos a 5ª iria desembarcar.

O que não se esperava era a tenacidade da população de Creta, muito armados de foices, machados e facas atacavam os paraquedistas. As forças aerotransportadas alemãs eram munidas apenas de pistolas, os demais armamentos em enviados de paraquedas em caixas, portanto o paraquedista deveria procurar as caixas com munição e armamento, enquanto isso deveria agir apenas com uma mísera pistola.

A missão de tomar Creta foi concretizada, contudo com um alto custo de vidas. Mais de 3200 militares alemães perderam sua vida na Operação.  E houve retaliação. Vilas foram dizimadas quando se suspeitavam que seus integrantes participaram da resistência.

Depois da Operação Mercúrio os Fallschirmjäger não seriam utilizados novamente em operações aerotransportadas, pelo contrário, iriam combater na Normandia, onde houve outra famosa operação aerotransportada.

Sem dúvida foi uma das melhores e mais bem preparadas tropas da Segunda Guerra, mas que infelizmente não teve sorte nas missões que fora empregada.

Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XI

PARTE 11

Um médico Gefreiter da 125ª Divisão de Infantaria escreveu para casa relatando a extensão da “crueldade judia-bolchevique e que qualquer um acharia difícil de acreditar”:

“Ontem nós atravessamos uma grande cidade e passamos por sua prisão. Ela fedia devido aos cadáveres, mesmo a uma longa distância. Enquanto nós nos aproximávamos, mal dava para suportar o cheiro. Dentro dela estavam os corpos de 8.000 prisioneiros civis, nem todos fuzilados, mas que também foram espancados e assassinados – um banho de sangue produzido pelos bolcheviques um pouco antes de se retirarem.”

Os soldados eram extremamente influenciados por aquilo que viam. Isso afetava tanto a moral quanto a ética. Um sub-oficial escreveu: “Se os soviéticos já assassinaram milhares dos seus próprios cidadãos ucranianos indefesos, mutilando-os de forma brutal e matando-os, o que eles farão então com os alemães?” A sua própria e profética opinião era de que: “se estes animais, nosso inimigo, vierem a entrar na Alemanha, haverá um banho de sangue tal qual o mundo nunca viu antes.”.

A publicidade em torno da atrocidade de Lvov, veiculada nos cinejornais e nos periódicos só fez por aumentar as suspeitas e o mal-estar que já se fazia sentir entre o povo na Alemanha. Suas preocupações eram repassadas para aqueles que serviam no front, aumentando o isolamento e o pessimismo que começava a emergir dentro de cada um diante das perspectivas da campanha se tornar ainda mais longa. Uma dona de casa de Düsseldorf confessou ao seu marido:


“Nós temos uma ideia do que parece estar acontecendo aí no leste a partir do (cinejornal) Wochenschau, e acredite em mim: essas imagens tem produzido tamanho pavor que nós preferimos fechar os olhos enquanto que algumas cenas são projetadas. E essa realidade – o que lhe parece? Eu acredito que nunca nós conseguiríamos imaginar.”

As informações confidenciais do Serviço Secreto da SS sobre os assassinatos dos ucranianos em Lvov confirmam que estes “produziram uma profunda impressão de repugnância” durante a segunda semana de julho. “Muitas vezes era perguntado que destino os nossos soldados podem esperar se eles se tornarem prisioneiros e, de nossa parte, o que estamos fazendo com os bolcheviques os quais nem mais são humanos?”.


C O N T I N U A

Traduzido Por A.Reguenet

Você conhece a Batalha da Floresta de Hurtgen? O Início do Massacre

As operações iniciais em Hurtgen ficaram a cargo da 9ª Divisão de Infantaria comandada pelo Major-General Louis A. Craig. Uma Unidade Veterana da África, Itália, Normandia e Bélgica. Os objetivos iniciais da 9ª iniciar uma ofensiva as cidades circunvizinhas da região, a começar por Zweifall, já na margem da floresta. A resistência alemã estaria centralizada na cidade Aechen.

 Nas primeiras operações de setembro, já com a tentativa de tomar a floresta, a 9ª e a 3ª Divisão Blindada, chegaram a perder 80% de seus efetivos na investida.

Com o fracasso de setembro, o 7º Corpo planejou outra ofensiva. A 9ª DI iria avançar sobre a floresta e atingir rio Roer com a captura das cidades de Vossenack e Schmidt. Houve nesse operação um certo sucesso, mesmo sendo prejudicada pelo mau tempo. O final do mês de outubro a 9ª recebeu ordens para deixar a linha. Nas ofensivas planejadas e executada pela 9ª Divisão de Infantaria teve 4 mil mortos para conquistar míseros 3 quilômetros de terreno.

 O 5ª Corpo foi chamada para substituir o 7ª para conquistar os objetivos aliados, e a 28ª Divisão de Infantaria seria a ponta de lança desse nova ofensiva. A missão era árdua pra a 28ª que estava sob o comando do Norman D. Cota, o oficial que se destacou em Omaha no Dia D. Sabendo das dificuldades que a Divisão de Cota iria enfrentar, o comando aliado forneceu um Batalhão de Tanques, duas unidades de anti-tanques, uma unidade de morteiros, um Batalhão de Engenharia, uma Batalhão de Artilharia Anti-Aérea, um Bateria de Artilharia de 155mm, uma Batalhão de Infantaria e mais 8 Batalhões de Artilharia de Campanha e mais cinco Grupos de Caça-Bombardeios, além de 47 veículos anfíbios M29 Weasel. Todos reforçando a 28ª Divisão de Infantaria.

 Mas, do outro lado, estavam três divisões alemãs  – 89ª, 272ª, 275ª que iriam defender a região de Hurtgen. O comando das operações alemãs tinham total visibilidade das manobras dos aliados, pois estavam sob as áreas elevadas de Brandenbug e Bergstein.

Como segue abaixo na descrição de Reinaldo Theodoro

“A 28ª Divisão foi a única unidade aliada a atacar numa frente de mais de 270 quilômetros, da Holanda a Metz, permitindo assim aos alemães concentrarem suas parcas reservas num único ponto. A 28ª partiu para o ataque às 9:00 h de 02/11/44, após uma forte preparação de artilharia (o mau tempo prejudicou o apoio aéreo). Cada um de seus três regimentos tinha um objetivo distinto e com direções divergentes.

  À esquerda da divisão, o 109º RI (Tenente-Coronel Daniel B. Strickler) iria avançar na direção nordeste, ao longo da estrada Germeter-Hurtgen e conquistar a linha de florestas que dominava Hurtgen. No primeiro dia, o batalhão a oeste da estrada conseguiu atingir a linha de florestas, mas o batalhão na estrada foi detido, após percorrer somente 300 metros. As tentativas de flanqueio realizadas no dia seguinte falharam devido principalmente a dois contra-ataques alemães, que causaram confusão no lado americano. Pelos próximos poucos dias, a situação continuou incerta. Enquanto os americanos haviam forçado um estreito saliente de cerca de 1,5 quilômetro no platô arborizado entre o Weisser Weh e a estrada, os alemães conservavam o outro lado dela. Mesmo o engajamento do batalhão reserva no dia 04/11/44 não provocou nenhuma alteração na situação.”

 À direita, o 110º RI (Coronel Theodore A. Seely) atacaria para o sul, atravessaria a encruzilhada de Raffelsbrand e abriria uma rota alternativa para o Corredor de Monschau. Mas essa parte da floresta era repleta de casamatas e bunkers de troncos e infestada de minas, arame farpado e armadilhas. Os batalhões do 110º RI, após 12 dias de trabalhosas e custosas tentativas de infiltração, não conseguiram quebrar o impasse em Raffelsbrand. O ataque ali acabou cancelado a 13/11/44.

 O 112º RI (Tenente-Coronel Carl L. Peterson), atacando no centro, havia recebido a missão principal. Ele iria atacar para leste a partir de Germeter e capturar Vossenack, para então avançar pelo vale do rio Kall e atingir primeiro Kommerscheidt e, finalmente, Schmidt, objetivo final da divisão. O começo foi bastante promissor: com o apoio de tanques, um batalhão havia conseguido tomar Vossenack no início da tarde e atingiu o fim da cota onde a cidade se situava.

 Mas o batalhão que estava avançando pelo terreno até Schmidt imediatamente caiu sob fogo pesado e foi detido pelo resto do dia. De Vossenack para o sudeste, havia uma trilha estreita de cerca de três quilômetros de extensão, descendo abruptamente até o rio Kall para então subir tortuosamente até a cidade de Kommerscheidt e ao longo de um esporão até Schmidt. As fotos tiradas pelo reconhecimento aéreo não revelaram a situação em toda a sua extensão. Essa trilha, que ficaria conhecida como a “Trilha de Kall”, foi escolhida não somente como eixo de ataque, mas também como principal rota de suprimentos da divisão.

 De fato, a trilha era uma pista de lama, bloqueada com incontáveis árvores derrubadas. Além disso, era estreita demais, em alguns pontos com largura de apenas 2,70 metros, limitada  abruptamente de um lado por um íngreme muro de pedras e de outro por uma profunda   depressão. No fundo do vale, uma ponte de arco de pedras atravessava o gelado e lento rio Kall.

 Bem cedo em 03/11/44, dois batalhões do 112º RI, desceram pela trilha de Kall. Marchando de Vossenack e subindo pela outra vertente, eles conseguiram (para surpresa geral) atingir  Kommerscheidt e então Schmidt. Pelo anoitecer, um batalhão estava posicionado em cada   uma das vilas e organizado defensivamente. Porém, eles não tinham armas anti-tanques além   das suas bazucas e minas e a necessidade de levar blindados através do vale do Kall tornou-se então assunto urgente.

 No final do dia, na mais absoluta escuridão, uma companhia do 707º Batalhão de Tanques iniciou a tentativa de reforçar a infantaria, mas logo descobriria que a trilha era impassável para equipamento pesado. O terreno fofo começou a ceder com o peso do primeiro tanque,  enquanto as rochas que ladeavam a trilha impediam qualquer tipo de manobra. O 20º Batalhão de Engenharia de Combate então recebeu ordens de trabalhar durante a noite para que os   tanques pudessem tentar a travessia novamente pela manhã. Porém, a trilha pouco havia  melhorado ao amanhecer, quando os Shermans fizeram uma segunda tentativa. Prejudicados pelas minas e pelo terreno difícil, apenas três tanques seguiram rumo a Kommerscheidt. Ao todo, cinco tanques ficaram imobilizados na trilha, rota vital de suprimentos, que ficou assim absolutamente interditada até mesmo para os versáteis Weasels.

 continua…

Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte X

PARTE 10

Qualquer dúvida sobre o que poderia acontecer ao ser capturado pelo Exército Vermelho foi dissipada pela publicidade que se seguiu após a tomada da cidade polonesa/ucraniana de Lvov pela 1ª Divisão Gerbisjäger em 30 de junho de 1941. Quatro mil corpos foram encontrados em vários estágios de decomposição dentro da prisão de Brygidky (ex-prisão militar de Samarstinov) quando esta ainda ardia em chamas. O NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos, mais conhecido popularmente como Serviço Secreto ou Polícia Secreta Soviética – N. do T.) havia começado a executar os detentos (na maioria intelectuais ucranianos) dois dias após o início das hostilidades. Seguiram-se então os progroms (Progrom é um termo de origem russa que significa um ataque violento por parte de grupos populares contra judeus e, mais genericamente, contra grupos étnicos e religiosos. Tais ataques são caracterizados pela violência e pela destruição das propriedades das vitimas – N. do T. ) realizados pelos cidadãos poloneses e ucranianos e dirigidos contra os judeus locais. A contribuição por parte da SD e da SS acabaria por adicionar mais 38 professores poloneses e, pelo menos, 7.000 judeus a este sombrio número final. Porém, inicialmente, o foco público estava centrado no crime perturbador promovido pela polícia secreta russa. Devido à natureza terrível que este fuzilamento perpetrava, a capitalização do evento por parte da propaganda alemã o tornou ainda mais convincente.

O marido de Maria Seniva tinha sido preso pela NKVD. Ela contou que:

“Havia uma mensagem dos alemães no rádio. Dizia: “Esposas, mães, irmãos e irmãs: venham para a prisão.” Eu cheguei na entrada, não me lembro de qual. As pessoas estavam em pé em toda a volta dos portões. Através deles eu podia ver os corpos. Eles estavam no pátio, enfileirados no chão. (…) Eu percorri para cima e para baixo pelas fileiras e parei para olhar um dos corpos que estava coberto. Eu levantei o cobertor e lá estava ele, eu o achei (ela começou a chorar nesta parte). Eu não sei o que tinha acontecido com ele, mas seu rosto estava todo enegrecido. Ele não tinha olhos, não havia nada lá, e estava sem o nariz.”.

Jaroslaw Hawrych, também emocionalmente abalada, se lembra de achar o seu cunhado entre “as centenas de milhares” de corpos dispostos no pátio:

“Eu não o teria reconhecido, ele estava seminu. Havia ferimentos no seu corpo e seu rosto estava inchado, todo preto e azul. Ele levou um tiro na cabeça e suas mãos tinham sido amarradas com um pedaço de corda. Eu só consegui reconhecê-lo quando vi a sua meia. Ele tinha uma meia no seu pé, uma meia com listras coloridas. Eu reconheci aquela meia pois foi tricotada pela minha mãe.”

Traduzido Por A.Reguenet
C O N T I N U A

Causos de Brasileiros na Segunda Guerra Mundial

 Não tem como negar que a característica do povo brasileiro esteve muito presente no Teatro de Operações da Itália. Entre os diversos “causos” há vários relatos, alguns, é verdade, sem a comprovação necessária para tomarmos como verdadeiras. Mas outros realmente encontramos comprovação. Entre tantos relatos, separamos alguns, bastante engraçados.

A Comida Comuflada

Os pracinhas, acostumados às rações reguladas que tinham no Brasil, ficavam surpresos com a abundância servida pelos americanos: carnes, legumes, frutas, uva-passa, sorvetes, mas nem tudo era elogio. Tinha um tal de Pork Lunch (enlatado a base de carne de porco) que eles serviam tantas vezes que todos odiaram – inclusive os americanos. De vez enquanto os cozinheiros punham um molho diferente para enganar o pessoal, mas o primeiro pracinha da fila que via aquela rodela coberta com molho avisava a turma de trás: “Cuidado, pessoal, hoje ela está camuflada!”.

O Ferimento de Neve

No meio de uma saraivada da artilharia alemã, os soldados aprontavam uns com os outros para amenizar o stress do combate como conta o sargento Moacyr Machado Barbosa: “Quando caíam algumas granadas de 88mm, nós jogávamos bolas de neve ou pedra nas costas dos companheiros. Quando o bombardeio acabava, a gente levantava e voltava à normalidade. Aquele que tinha sido atingido pela bola de neve ficava passando a mão no local atingido procurando sangue para ver se tinha sido ferido. Ferimento não dói na hora, só depois. Por isso ficava procurando ferida. Era uma brincadeira de brasileiro”

Tá todo mundo preso!

Numa região onde havia brasileiros, americanos, alemães e italianos indo pra lá e pra cá, só podia acabar em confusão. Certo dia, uma patrulha sob o comando de um sargento gaúcho voltando de uma missão deu de cara com um grupo de alemães. Imediatamente o sargento mandou seus homens cerca-los e desarmá-los. Mas os alemães viam sendo conduzidos como prisioneiros por três americanos. Sendo tantos pracinhas os cercando, os americanos gritaram: -Oh! Brazilian, friends! Mas o sargento não entendia inglês. Não quis saber de conversa foi logo dizendo: – Não tem disso, não! É tudo gringo, vai tudo preso! Só quando chegaram à Companhia é que então se esclareceu quem era “gringo” e que não era.

Bota-fogo!

O Cabo João Batista Moreira, da 5ª Companhia do 11º RI, conta que quando estava na linha de frente o Alto Comando mandou reforço de duas seções de metralhadoras pesadas sob o comando de dois cabos. O 1º RI todo era carioca e as senhas escolhidas do dia foram Flamengo e Botafogo. Informou o Capitão a aproximação de uma patrulha inimiga de 12 a 15 homens. O Capitão mandou esperarem chegar mais perto e desligou. Logo depois tentou contato com a seção de metralhadoras, que não atendeu. Nervoso, o Capitão começou a gritar: “Alô, Botafogo! Botafogo!”. O pracinhas ouviram isso e gritaram para os artilheiros: “O Capitão ordenou: ‘Mete Fogo!’ ‘Mete Fogo!’”. E toda a frente abriu fogo. Quanto mais o Capitão gritava, mais atiravam até que um mensageiro mandou cessar fogo. Então lançaram um very-light que iluminou uma área de 100 metros. Havia apenas um alemão morto, o resto da patrulha fugiu. A confusão gerou telefonemas das companhias e do batalhão querendo saber sobre “o violento ataque alemão…”.

Fontes: Relatos da FEB, História Oral do Exército na Segunda Guerra.

 

O Bravo Oficial R/2 na FEB – Tenente APOLLO MIGUEL REZK

Entre os estudiosos da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, uma argumentação é unânime: A inquestionável bravura dos Oficiais R/2 na Campanha Itália. Para os leigos em assuntos militares, Oficiais/R2 são jovens preparados em Centros de Ensino Militares, tais como CPOR e NPOR, para comandar pelotões em combate. Não é um militar de carreira, mas possui as mesmas prerrogativas e as mesmas funções. A origem do Curso de Formação é de 1927, data em que o Tenente-Coronel Luiz Araújo Correia Lima inaugurou o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, com o seguinte objetivo: “proporcionar aos jovens universitários a conciliação das atividades acadêmicas com o Serviço Militar Obrigatório” (CNOR – Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil).

Forjados para serem comandantes de fração, os Oficiais R/2 tiveram um papel destacado na Força Expedicionária Brasileira, dos quais participaram 433 tenentes, 12 capitães, seis majores e um tenente-coronel, todos formados no CPOR/RJ.

Dentre esses Oficiais destacamos a participação do 1º Tenente APOLLO MIGUEL REZK, que integrou o 1º Regimento de Infantaria em batalhas como Monte Castello e Lá Serra. Estamos falando, simplesmente, do Oficial mais condecorado na Campanha da Itália: Cruz de Combate de 1ª Classe, Medalha Sangue do Brasil, Medalha de Guerra, Medalha de Campanha, Distinguished Service Cross, Silver Star.

O Tenente Sérgio Monteiro, historiador e presidente do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil, entidade máxima do Oficial R/2, é autor do livro “O Resgate do Tenente Apollo”.

Logo após o seu falecimento (1999), o Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil publicou um Boletim Especial sobre o nosso herói, onde o Tenente Sérgio Monteiro inseriu um artigo de sua autoria denominado “O Silêncio do Grande Guerreiro” que foi publicado à época, em vários órgãos da mídia, inclusive na Revista do Exército Brasileiro.

 O dia 21 de janeiro de 1999 será sempre lembrado por todos nós, da ativa ou da reserva, como a data em que a pátria, entristecida, viu partir aquele que se constituiu na realização máxima dos ideais do Ten Cel Correia Lima, patrono dos CPOR.    A Nação Brasileira perdeu um dos seus filhos mais ilustres. O Exército, um dos melhores soldados. A Força Expedicionária Brasileira, o mais destacado combatente. Os Oficiais da Reserva , o seu símbolo.

Nosso primeiro contato com o Maj Apollo foi em 1995, por ocasião do cinqüentenário do término da Segunda Guerra Mundial. Reunimos, num encontro memorável, no quartel do CPOR/RJ, cerca de quarenta oficiais R/2 febianos, presente o Gen Ex Gleuber Vieira, na época, chefe do DEP (Nota DefesaNet – Foi Comandante do Exército 2000-2002) . Entre eles, um desconhecido de todos nós, o Major Apollo.Terminado o evento, fomos procurados pelo saudoso Cel Pinto Homem (também febiano), que, emocionado, nos informou que aquele oficial cego e semiparalítico fora o mais destacado combatente da Força Expedicionária Brasileira. De imediato, nos apaixonamos por sua história. Daí em diante, resgatar o nosso herói das sombras do esquecimento passou a ser prioridade. Missão honrosa, mas difícil, neste país sem memória.

Foram muitas as visitas ao Maj Apollo, os encontros, as conversas e pesquisas. Uma verdadeira corrida contra o tempo que, inexorável, ameaçava nos privar daquela vida preciosa. Conquistamos algumas vitórias: o CPOR/RJ abriu suas portas para o seu filho mais ilustre; fizemos palestras para o Corpo de Alunos sobre a atuação da FEB, na campanha da Itália, com ênfase no destacado desempenho do, então, Ten Apollo; por nossa iniciativa, a revista Manchete e o Noticiário do Exército publicaram matérias sobre o bravo oficial R/2.

Em tocante cerimônia, o Maj Apollo inaugurou, dia 21 de abril de 1998, a nova Sede da Associação dos Ex-Alunos do CPOR/RJ e do Conselho Nacional de Oficiais R/2, que levou o seu nome. Foi pouco, muito pouco, quase nada, para quem tanto engrandeceu a sua pátria com ações plenas de heroísmo e coragem.

Como comandante de pelotão foi notável, sendo várias vezes elogiado pelo comando aliado, no teatro de operações da Itália. Recebeu duas condecorações do Governo americano, sendo que, uma delas, somente foi conferida a poucos combatentes da Segunda Guerra. Foi, também, agraciado com todas as medalhas de Guerra brasileiras. Em 1957, aos 39 anos, viu encerrada a carreira militar ao ser reformado no posto de major, em decorrência do agravamento de um problema nos pés.

A sua folha de alterações é referência para qualquer soldado: 20 anos de serviço ativo sem qualquer nota desabonadora, em meio a inúmeros elogios dos mais importantes chefes militares, brasileiros e estrangeiros.

Após deixar o serviço ativo, desenvolveu algumas atividades civis. Mas, lentamente, foi sendo esquecido por seus companheiros de Armas. Assim o encontramos, em seu lar, num recanto da Tijuca, quarenta anos depois de passar para a reserva.

Nos muitos contatos que tivemos com o Major Apollo, ficamos impressionados com o seu perfil de verdadeiro herói: simples, modesto, atencioso e, até mesmo, conformado com o abandono e as injustiças de que foi alvo. Resignado, acalentava, apenas, o desejo de ser promovido a Tenente Coronel, a exemplo do que ocorreu com vários outros ex-combatentes, que conquistaram a promoção por decisão judicial. Tentou, por via administrativa, mas não conseguiu. Quem sabe, o Exército e o Governo brasileiro, como tardia e derradeira homenagem, reconhecendo seus méritos, concedam-lhe, ainda que em caráter excepcional, a tão sonhada promoção, por merecimento e bravura em combate.

Nossa missão não terminou com o silêncio do grande guerreiro. Seus feitos heróicos precisam ser passados às novas gerações de oficiais R/2. Como um símbolo. Suas ações ultrapassaram os limites da existência física. Elas não mais lhe pertenciam. Na verdade, são páginas gloriosas da História Militar de uma Nação que teima em não cultuar seus heróis.

Quanto a nós, qual pássaros que tentam apagar o incêndio da grande floresta, continuaremos a fazer a nossa parte, tendo como paradigma o saudoso Major Apollo Miguel Rezk, que tão bem soube cumprir o seu dever.

CITAÇÕES

Citação de Combate (tradução) – Medalha “Distinguished Service Cross” (Cruz por Serviços Notáveis) – APOLLO MIGUEL REZK (1G – 153466) – Primeiro Tenente, de Infantaria, da Força Expedicionária Brasileira. Por heroísmo extraordinário na ação de vinte e quatro de fevereiro de mil novecentos e quarenta e cinco, em La Serra, Itália. Foi confiada ao Primeiro Tenente Rezk a missão de comandar o seu Pelotão no ataque e ocupação de La Serra, na frente de determinada resistência inimiga. À despeito de campos de minas desconhecidos, terreno excessivamente difícil e forte oposição, o Primeiro Tenente Rezk conduziu galhardamente os seus homens através uma cortina de fogo de metralhadoras, morteiros e artilharia para assaltar e arrebatar o objetivo inimigo. Embora gravemente ferido quando dirigia o ataque, o Primeiro Tenente Rezk nunca hesitou; pelo contrário, continuando firmemente o avanço. Depois de colocar o seu Pelotão em posição, repeliu três fortes contra-ataques, infligindo pesadas perdas aos alemães pela sua habilidade na direção do tiro. Depois, embora em posição vulnerável ao fogo das casamatas do inimigo circundante e a despeito das bombas que caíam e da gravidade dos seus ferimentos, o Primeiro Tenente Rezk defendeu resolutamente La Serra, contra todas as tentativas fanáticas dos alemães para retomar a posição. Pelo seu heroísmo, comando inspirado e persistente coragem, o Primeiro Tenente Rezk praticou feitos que refletem as mais altas tradições do Serviço Militar. Prestou o serviço militar vindo do Rio de Janeiro. Quartel General do V Exército – Oficial.

Citação de Combate (tradução) – Medalha “Silver Star” (Estrela de Prata) – APOLLO MIGUEL REZK (1G – 153466),  Primeiro Tenente, Infantaria, Força Expedicionária Brasileira. Por bravura em ação, em 12 de dezembro de 1944, em Monte Castelo, Itália. Comandando o seu Pelotão, através de intenso fogo de metralhadoras e morteiros, o Tenente APOLLO chegou até uma posição alemã, assaltou-a e continuou o seu avanço. Chegando a Fornelo, seu Pelotão recebeu intenso fogo de frente, de flanco e da retaguarda, porém o Ten APOLLO tenazmente manteve a posição até ser forçado a se retrair, em virtude de pesadas perdas. O seu bravo comando no combate reflete as elevadas tradições dos Exércitos aliados. Entrou para o serviço militar no Rio de Janeiro, Brasil. (Tradução feita pela Seção Especial do Comando da F.E.B.).

Citação de Combate – Primeiro Tenente de Infantaria APOLLO MIGUEL REZK – 1O R.I. – “em 23-II-1945:- O seu Pelotão integrava a 6a Cia. No ataque à Linha La Serra – Cota 958, e, no conjunto da Subunidade, cabia-lhe apossar-se de La Serra. Na primeira parte da noite se lança na ação. Não obstante o violento bombardeio de artilharia e de morteiros que cai sobre o terreno, o Pelotão progride: alcança o objetivo, investe contra a posição e nela se instala sumariamente. Não terminou, porém, o esforço do Pelotão do Tenente APOLLO. Imediatamente – os alemães contra-atacam, sem resultado, porém, uma vez que a resistência dos brasileiros é forte e tenaz. O Tenente APOLLO é ferido, e só na manhã seguinte pôde ser evacuado por causa dos constantes bombardeios e dos contra-ataques inimigos. A personalidade forte, o espírito de sacrifício, a combatividade, a tenacidade, o destemor do Tenente APOLLO constituem belos exemplos dignos da tropa brasileira”. Gen Div J.B. Mascarenhas de Moraes – Cmt do 1o Esc. da FEB e da 1a D.I.E.

DEPOIMENTOS

“… esta magnífica ação, das mais expressivas e brilhantes da campanha da FEB , transcorreu na noite de 23 para 24 de fevereiro, a partir de 21:15 horas… cerca de 24 horas, era a vez de La Serra, onde o bravo e excepcional Ten Apollo chegara de surpresa a assaltava a posição…” (Marechal Floriano de Lima Brayner, ex-Chefe do Estado-Maior da FEB).

“A promoção se justifica, sobretudo, em virtude da conduta excepcional desse oficial no teatro de operações na Itália, onde, entre diversas condecorações recebidas por bravura, lhe foi conferida a medalha “Distinguished-Service Cross” do Exército americano, por heroísmo extraordinário em ação, distinção máxima somente concedida a este combatente brasileiro”. (Gen Newton Estillac Leal, Ministro da Guerra – 1951).

“…é um bravo, conceituado e admirado por todos, tendo se destacado em todas as ações da Unidade. Disciplinado, muito bem educado, dedicado e capaz. Pode servir de modelo pela sua bravura e exata noção do cumprimento do dever”. (Gen Aguinaldo Caiado de Castro, ex-Comandante do 1o R I, na Itália).

“… por se tratar de oficial de ilibada conduta moral e de valor profissional fartamente evidenciado e reconhecido na paz como na guerra… como também pelo evidente imperativo de zelar por valioso patrimônio moral, que longe de ser exclusivamente pessoal, deve pertencer ao Exército e por ele cultuado”. (Cel Silvino Castor da Nóbrega, ex-Comandante do Batalhão de Guardas).

“… mesmo ferido, contra-atacado e cercado, em momento algum pensou em retrair. Revelou bravura, firmeza e acerto de decisão, excepcional calma em presença do inimigo, exata noção de seus deveres em combate, a par de elevado sentimento de honra militar e superior capacidade de sacrifício…” (Cap Wolfango Teixeira de Mendonça, Comandante da 6a Cia/II Btl/1o R I – 1945).

“Todavia um dos seus pelotões bateu o recorde do ataque: o do tenente Apollo… que foi de todos o que mais se adentrou pelo dispositivo inimigo. E foi verdadeiramente agressiva a atuação do seu comandante”. (Ten Cel Nelson Rodrigues de Carvalho, ex-Febiano).

DADOS BIOGRÁFICOS

INFORMAÇÕES GERAIS

¨      Nome: Apollo Miguel Rezk.
¨      Nascimento: 09 de fevereiro de 1918, Rio de Janeiro.
¨      Filiação: Miguel Jorge Rezk e Suraia Miguel Rezk.
¨      Estado civil: Viuvo. Foi casado com Ivette Antunes Rezk. Teve dois filhos: Nelson e Nádia.
¨      Formação militar: CPOR/RJ.
¨      Formação civil: Ciências e Letras, Colégio Pedro II;
Perito-Contador, Escola Superior de Comércio do Rio de Janeiro; Economista, Faculdade de Economia e Finanças.

INFORMAÇÕES MILITARES

§  Aspirante a Oficial da Reserva, Arma de Infantaria, em 29/11/1939, classificando-se 10o/70;
§  Promovido a 2o Tenente em 31/09/1941; Promovido a 1o Tenente em 10/12/1943;
§  Embarcou para a Itália em 20/09/1944, no segundo escalão da FEB;
§  Comandou um pelotão de fuzileiros, nos ataques a Monte Castelo em 12/12/1944 e em 21/02/1945;
§  Conquistou as posições inimigas em La Serra – 24/02/1945;
§  Retornou ao Brasil, terminada a querra, partindo de Nápoles, com o 1o R I, em 11/08/1945;
§  Transferido para o Batalhão de Guardas, em 04/12/1947;
§  Escalado Oficial de Dia ao Ministério da Guerra, em 25/08/1949, apresentou a Guarda ao Presidente
Dutra por ocasião da inauguração do Panteon de Caxias;
§  Promovido a Capitão em 03/09/1951;
§  Transferido em 13/08/1952 para a Diretoria Geral de Pessoal do Exército;
§  Transferido em 28/11/1955 para a 5a Região Militar (Curitiba) onde foi designado Ajudante-de-
     
Ordens do General Mário Perdigão;
§  Transferido em 22/08/1956 para Departamento Geral de Pessoal do Exército;
§  Promovido a Major  e reformado em 09/12/1957.

CONDECORAÇÕES

v  “Distinguished-Service Cross”, EE UU;
v  “Silver Star”, EE UU;
v  Sangue do Brasil,
v  Cruz de Combate de Primeira Classe;
v  Medalha de Campanha;
v  Medalha de Guerra;
v  Medalha Mal Hermes;
v  Medalha Mal Caetano de Farias;
v  Medalha Honra ao Mérito;
v  Medalha de Bronze.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

ü Diretor-Tesoureiro da Cia. de Empreendimentos Comercial e Industrial São Leopoldo (1958/1966);
ü  Assistente da Divisão de Estudos e Pesquisas da Sunab (1967/1976);
ü  Diabético, perdeu a visão no final dos anos 80;
ü  Falecido em 21 de janeiro de 1999, aos 81 anos.

Mais Informações e Fontes:

http://www.cnor.org.br/

http://www.cporr.ensino.eb.br/

http://www.exalunoscporrecife.org.br/

Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte IX

PARTE 9

A escuta das transmissões dos rádios russos bem como a captura de documentos fornecem uma ampla diversidade de razões para a eliminação dos prisioneiros de guerra alemães. Aqueles soldados inimigos que lutavam ao invés de se renderem bem como os prisioneiros problemáticos eram, na maioria das vezes, sumariamente executados. O desenrolar de situações táticas não previstas e/ou a falta de transporte para os prisioneiros poderiam contribuir para selar o seu destino. Execuções sumárias durante o interrogatório poderiam acontecer como resultado diante da recusa de fornecer informações militares ou para encorajar que outros falassem. Em resumo, os excessos praticados pelos alemães sofriam uma resposta paga na mesma moeda. Alimentação sempre era escassa e, sendo assim, não disponível prontamente para os prisioneiros. Recompensas também eram oferecidas para aqueles que provocassem o maior número de baixas entre o inimigo. A execução dos oficiais alemães e dos nazistas também acontecia, manifestando uma indignação por parte dos soviéticos e que era expressa através da matança do tipo “olho por olho”. De qualquer maneira, o enfrentamento contra o soldado alemão deveria ser levado até o fim. Um documento do 5º Exército Soviético datado de 30 junho revelou:

“Tem acontecido freqüentemente o fato de soldados do Exército Vermelho e seus comandantes, afetados pela crueza dos porcos fascistas (…) não fazerem nenhum soldado alemão ou oficial prisioneiro, mas sim o executarem ali mesmo no local.”.

Tal prática era criticada devido à perda de informações para o serviço de inteligência bem como pelo fato de desencorajar a deserção por parte do inimigo. O major general Potapov, comandando o 5º Exército Soviético, ordenou que seus comandados explicassem aos soldados de que matar os prisioneiros de guerra “é prejudicial aos nossos interesses.”. Ele enfatizava que os prisioneiros deveriam ser tratados adequadamente. Ele ordenou: “Eu categoricamente proíbo qualquer iniciativa individual de fuzilamento.”. Outro documento capturado e proveniente do 31º Corpo Soviético, assinado pelo Comissário Chefe do departamento de propaganda e datado de 14 de julho de 1941, revelava que “prisioneiros tem sido enforcados e esfaqueados até a morte.”. Tal ordem argumentava que “tais comportamentos para com os prisioneiros de guerra são um prejuízo político para o Exército Vermelho e apenas aumentam a vontade do inimigo em lutar (…) O soldado alemão, quando capturado, deixa de ser um inimigo.”. O objetivo era de “fazer tudo o que for necessário para capturar soldados e, especialmente, oficiais.”.

Porém, a realidade em nível de tropa era de que o soldado russo – da mesma maneira que o seu adversário – tinha sido igualmente e rapidamente brutalizado pela natureza de uma luta ideológica e impiedosa. Os interrogatórios dos prisioneiros de guerra soviéticos conduzidos pelos alemães em Krzemieniec no mês de julho de 1941 descobriu que:

“Nenhuma ordem definitiva havia sido dada para que se executasse todos os oficiais, sub-oficiais e soldados alemães quando da sua captura. Os oficiais, comissários e médicos soviéticos capturados explicam que os fuzilamentos e as torturas até a morte dos militares alemães são oriundos de iniciativas individuais ou por ordens especiais. Estas eram repassadas por oficiais, comissários ou ambos. Um comissário afirmou que tais ordens, na sua maioria, são dadas pelos comandantes de regimentos e de batalhões e por quem os comissários são responsáveis.”.

C O N T I N U A

Traduzido Por A.Reguenet

Você conhece a Batalha da Floresta de Hurtgen? Então Vamos Lá!

As primeiras tropas a chegarem a região Hurtgen foi o 1º Exército americano do Tenente-General Courtney H. Hodges, quando na eclosão da Operação Market Garden, a missão era cobrir o flanco-direito dos britânicos. Com o fracasso da operação, os aliados resolveram manter a pressão sobre os alemães antes da chegada do inverno.

É importante salientar o espírito de confiança que dominava a ofensiva aliada. Todos acreditavam que Berlim cairia antes do natal. E uma das possibilidades estratégicas era justamente fechar um cerco ao inimigo próximo ao Reno. Na composição do avanço sobre o Reno, o 1º Exército iria tomar a cidade de Aachen, muito bem defendida pelos alemães, e avançar pelo conhecido “Corredor de Stolberg”, situada entre a cidade e a Floresta de  Hurtgen. O comando americano, contudo temia um ataque de tropas reservas inimigas posicionadas na floresta. O 7º Corpo de Exército ficou responsável pelo avanço, utilizando 1º e 19º Divisão para tomar Aachen; a 3ª Divisão Blindada iria avançar sobre o Corredor, com a 9ª Divisão de Infantaria avançando para tomar a Floresta de Hurtgen.

Em uma análise rápida, o objetivo realmente era o avanço sobre o Reno, mas estrategicamente o domínio da represa do Rio Roe, que corria a margem oriental da Floresta, eram imprescindível para os avanço americano, pois, na prática, os alemães que controlavam a represa, poderiam, no caso de perder o domínio da Floresta, perfeitamente abrir as comportas da represa e inundar toda a região, dando fim a qualquer tentativa de avanço. Ou seja, de nada valia o controle da Floresta de Hurtgen, enquanto a represa do Rio Roe estivesse sob o controle alemão. Dai o motivo dos alemães não entenderem a insistência americana de dominarem essa região.

Segue abaixo trecho do livro Soldados Cidadãos – Stephen Ambrose – Bertrand Brasil.

A batalha foi travada sob as piores de todas as condições que os americanos tiveram que enfrentar, piores mesmo do que as batalhas que se travaram no Mosa e na Floresta de Argone.

Em 19 de setembro, a 3ª Divisão de Blindados e a 9ª Divisão de Infantaria começaram a atacar. Os tenentes e capitães aprenderam rapidamente que ali o controle de unidades maiores que pelotões era impossível. Soldados a mais de alguns metros separados uns dos outros, não conseguiam ver-se. Não havia clareiras, apenas aceiros estreitos e trilhas. Os mapas eram quase inúteis. Quando os alemães, seguros em suas casamatas, viam os soldados americanos avançando, solicitavam às suas forças de apoio tiros de artilharia previamente assentados, a qual usava projéteis com detonadores regulados para acionar o explosivo ao contato com a copa das árvores. Portanto, quando os homens se atiravam ao chão para se proteger, como reação do treinamento que tinham recebido e conforme lhes ditava o instinto, expunham-se a uma chuva de estilhaços de metal quente e lascas de árvores. Mas aprenderam que, para sobreviver aos projéteis de Hurtgen, podiam recorrer ao tronco das árvores, abraçando-se a eles. Dessa forma, expunham somente o capacete de metal.

Os tanques mal podiam mover-se pelas poucas estradas, já que estas eram muito lamacentas , estreitas demais e densamente minadas. E, de jeito nenhum, podiam sair delas. Os aviões não podiam decolar. A artilharia podia ser utilizada, mas não eficazmente, já que os oficiais superiores não conseguiam enxergar além de dez metros na linha de combate. Os americanos não podiam usar seus trunfos – força aérea, artilharia, mobilidade. Estavam obrigados a travar combate na lama e em campos minados, escaramuças em que a infantaria se envolvia e avançava pela floresta adentro, com metralhadoras e morteiros leves como seus únicos elementos de apoio.

 

Curiosidade:

 Os americanos não gostam de citar essa batalha, pelo erros grosseiros cometidos durante a campanha. Vidas de soldados foram desperdiçadas, inclusive tropas de elite, como os Ranges e Paraquedistas.

Perguntas sobre a Segunda Guerra? blogchicomiranda@gmail.com